segunda-feira, 17 de setembro de 2012

PEDRO CAÇOLA

Texto de Aloisio Guimarães

No final da década de 70 e início de 80, eu morava na pensão da Dona Severina, localizada na Rua da Praia.
Para quem não sabe, a pensão da Dona Severina era muito conceituada e conhecida em todo Estado de Alagoas. Foi nela que moraram várias "figurinhas" importantes do nosso estado, quando ainda eram simples e desconhecidos estudantes.
O filho da Dona Severina, o Beto, era uma das poucas pessoas que trabalhavam com serigrafia em Maceió. Ele competente no ramo, ganhava "uma nota preta" nos períodos eleitorais, imprimindo retratos de candidatos em camisetas.
Com a inauguração da Ponte Divaldo Suruagy, ficou mais fácil chegar, de carro, às cidades de Barra de São Miguel e Marechal Deodoro, pois, anteriormente, era necessário fazer um “arrudeio” muito grande, pela BR 101.
A facilidade de chegar a estas cidades, antes distantes, desenvolveu a região, fez com que o turismo rapidamente crescesse e com ele, a especulação imobiliária, que "disparou" ainda mais com a duplicação da AL-101 Sul - Maceió/Barra de São Miguel.
De repente, a desconhecida Praia do Francês virou “point” do turismo local e nacional.
E, com o objetivo de fomentar este boom turístico, foi criado, em Marechal Deodoro, o "Festival de Verão". Não era lá grande coisa, comparado com os eventos atuais, mas atraía uma verdadeira multidão de alagoanos e turistas.
Foi neste festival que eu e o Marcelo (colega da pensão) ganhamos alguns trocados, vendendo as camisetas que mandamos o Beto imprimir, com a estampa da Igreja de Marechal Deodoro. Só não ganhamos um bom dinheiro porque éramos uns "lisos" e não tínhamos como comprar muitas camisetas para a impressão.
Infelizmente, acabaram com o evento, fonte de renda para o município. Talvez o Carlito Lima, "deodorense, indo e voltando", saiba e nos diga o porquê.
Some-se a isso tudo que, nesta época, a sacanagem existia, mas não tão explícita como hoje.
Armado o cenário, vamos aos fatos:
Neste período, na empresa em que labuto, também trabalhava o Pedro Maurício de Sá, motorista, já falecido. O Pedro era uma figura singular: baixinho, gorduchinho, bigodinho de escovar penico, bonachão, espirituoso... Um figuraço, querido por todos!
Como muita gente, o Pedro também foi ao I Festival de Verão de Marechal Deodoro...
Na segunda-feira, dia seguinte ao encerramento da festa, estávamos reunidos no pátio da empresa, jogando conversa fora, quando chegou o Pedro. Logo, perguntamos:
- E aí, Pedro, gostou do Festival de Verão de Marechal Deodoro?
No que ele respondeu:
- Claro que gostei! Agora, vou dizer uma coisa: no sábado, à noite, fui passear na Praia do Francês e o que tinha de gente fodendo na areia da praia não tava no gibi! Ontem, logo cedo, saí pela praia, com um cabo de vassoura, e juntei 34 “caçola”!
Era calçola demais e a turma não ia perdoar!
Assim, exagero ou não da parte dele, desse dia em diante e até a sua morte, muitos anos depois, ninguém mais o conhecia por outro nome a não ser por "Pedro Caçola"!
Que Deus o tenha, Pedro!

Um comentário:

  1. Grandes Festivais de Verão em Marechal Deodoro... Não duvido da contagem do
    Pedro Caçola; porém, Aló, vou lhe indicar
    seu vizinho de bireau, cara expert em
    festivais, furunfanças e furdunços em geral.
    Naquelas áureas épocas ele se hospedava no
    hotel seis estrelas do Francês: o Dr.F.Tara,
    sabe tudo da bagaceira por lá ...

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