sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A PALAVRA DA MODA

Texto de Rubens Mário
PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

Em todos os locais aonde vamos, nos sites de notícias, nas redes de televisão, ou nas emissoras de rádio, a palavra mais pronunciada é "assalto". Quantas saudades dos tempos em que assalto significava apenas uma ingênua festinha nas casas de amigos! Mas, como estamos no novo mundo movido pela ganância, a palavra assalto transformou-se numa coisa terrível que, infelizmente, todos, especialmente, as pessoas mais vulneráveis, já ouviram ou presenciaram alguém ouvi-la de pessoas marginalizadas – isso é abominável!
Peço agora, licença aos meus diletos políticos partidários, e, aos mestres e doutores em economia, para, com todo respeito, contar algumas histórias presenciais e tecer os meus comentários, segundo a resposta do mundo atual.
Essa semana ao abastecer o meu veículo num posto de combustíveis, encontrei uma criança, por ironia do destino, estudante de um colégio militar situado no bairro do Trapiche da Barra, acompanhada da mãe, que, desesperada, parara no referido estabelecimento para pedir água para a menina, que estava trêmula, pois acabara de sofrer um segundo assalto em apenas uma semana, segundo ela, através dos mesmos delinquentes – a infeliz criança, segundo a mãe, iria fazer uma prova dali à instantes, imaginem em que condições psicológicas! Para termos uma ideia do nosso caos social, num mesmo dia, aqui em Maceió, acontece uma média de cinco assaltos a ônibus.
No domingo, fui acordado por um barulho em baixo da minha janela, provocado por populares que agrediam um jovem aparentando ser menor de 18 anos, que foi salvo do trucidamento fatal, graças à presença da polícia militar. Soube depois, quando tive coragem de me aproximar do pobre delinquente, tratar-se de uma pessoa, supostamente, beneficiada pelos alugueis sociais patrocinados pelo governo municipal (R$150,00), em casebres próximos ao local do crime - um assalto à uma senhora.
Esses aluguéis sociais, à exemplo das bolsas, à primeira vista, podem ser enxergados como um benefício social, já que, essas infelizes criaturas não têm um teto para se abrigarem, ou um simples  prato de comida. O grande enigma, e, aí, vem a questão social, ou, o outro lado do problema, é que, por serem pessoas nascidas ao acaso, sem acesso à educação genuína e, assim,  excluídas da sociedade, sobrevivem nas ruas, sem nenhum programa sério e apolítico de inclusão social, usando as drogas mais baratas e, cometendo roubos para alimentar o vício. Um fato que, também, me chamou à atenção no último caso contado nesse texto, é que o jovem marginal, ficou cerca de duas horas guardado pela polícia a espera do SAMU, e, apesar do evento ter sido bem próximo ao seu casebre, nenhum parente, sequer, ousou se aproximar dele. É nesse ponto, onde eu enfatizo e acirro as minhas críticas aos ditos programas sociais do governo. Tenho plenas convicções, sobretudo, humanas, que não adianta juntar um bando de seres humanos desprovidos de qualquer informação e jogá-los em barracos sem nenhuma infraestrutura, dar-lhes parcos dinheiros, e deixá-los á mercê de todos os tipos de promiscuidades, à exemplo da prática do sexo banal gerando a reprodução, desmedida e inconsequente, na estranha capital.
Definitivamente, a desordem está estabelecida na cidade. A quantidade de jovens, muitos ainda na mais tenra idade, sem uma ocupação digna, nas regiões da periferia social, é impressionante! A absoluta maioria, fora da escola, muitos, sequer, aprenderam a ler ou escrever, mesmo sendo obrigados a frequentar uma escola miserável para justificar o recebimento das esmolas governamentais. Mas, o que esperar de um país aonde um criminoso, à exemplo do sr. José Genoíno, recentemente condenado pelo Supremo Tribunal Federal, receber cerca de  R$123.000,00 e um professor, com curso superior, ultrajantes, R$800,00? Na verdade, com essa forma míope e maliciosa de enxergar a pobreza, jamais teremos justiça e igualdade social; a transferência de renda permanecerá ativa e "assalto" continuará sendo a palavra da moda. 

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