sábado, 20 de dezembro de 2014

MULHER IDEAL

Texto de Arnaldo Jabor

É melhor você ter uma mulher engraçada do que linda, que sempre te acompanha nas festas, adora uma cerveja, gosta de futebol, prefere andar de chinelo e vestidinho, ou então calça jeans desbotada e camiseta básica, faz academia quando dá, come carne, é simpática, não liga pra grana, só quer uma vida tranquila e saudável, é desencanada e adora dar risada, do que ter uma mulher perfeitinha, que não curte nada, se veste feito um manequim de vitrine, nunca toma porre e só sabe contar até quinze, que é até onde chega a sequência de bíceps e tríceps.
Legal mesmo é mulher de verdade.
E daí se ela tem celulite? O senso de humor compensa.
Pode ter uns quilinhos a mais, mas é uma ótima companheira. Pode até ser meio mal-educada quando você larga a cueca no meio da sala, mas e daí? Porque celulite, gordurinhas e desorganização têm solução. Mas ainda não criaram um remédio para futilidade!
E não se esqueça: mulher bonita demais e melancia grande, ninguém come sozinho.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

ESTÁ EXPLICADO...

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Cheguei à conclusão de que a origem de nossas neuroses está em nossos Heróis da Infância.
Agora é tarde...
• A BELA ADORMECIDA
Não trabalha e só quer saber de dormir... 
• ALADIM
É um ladrão vagabundo que só ficou "cheio da grana" porque achou o gênio da lâmpada...
• BATMAN
Dirige a 320 km/h e tem o Robin como "amigo inseparável" (Ui!).
• BRANCA DE NEVE
A "santinha", mora, numa boa, com 7 homens (todos menores!).
• CASCÃO
É um imundo. Não gosta de tomar banho.
• CINDERELA
Só chega em casa à meia noite e sem um sapato... Muito doida!
• IRMÃOS METRALHAS E MANCHA NEGRA
Ladrões “de carteirinha”...
• MAGA PATALÓGIKA E MADAME MIN
Bruxas que vivem fazendo magia negra para tirar vantagem sobre os outros.
• MARGARIDA
Diz que namora o Pato Donald, mas também sai com o Gastão.
• MÔNICA
Vive agredindo os seus amigos, usando como arma aquele seu coelho.
• O HOMEM INVISÍVEL
Usa seus poderes para bisbilhotar a vida dos outros sem ser visto.
• MULHER MARAVILHA
Anda seminua, somente de calcinha e colante.
• OLÍVIA PALITO
Sofre de bulimia e ninguém fala nada. Namorada do Popeye, mas sempre dando mole para o Brutus.
• PINOCCHIO
É mentiroso pra cacete!
• POPEYE
Foi o primeiro a "se bombar" numa academia, se empanturrando de energético em lata e ainda fuma um matinho bem suspeito!
• SALSICHA (DO SCOOBY-DOO)
Tem a voz de bicha apavorada, via fantasmas e ainda conversa com um cachorro. (Freud ia adorar isso!).
• SUPER-HOMEM
Doidão, vê através das paredes, voa mais rápido que um avião e coloca a cueca por cima das calças! E ainda tem dupla personalidade!
• SUPERPATETA
Além de ser um cachorro, tem dupla personalidade.
• TARZAN
Corre pelado na selva e mora, literalmente, com uma macaca...
• TIO PATINHAS:
Não abre a mão, nem para jogar peteca.
• ZORRO
Vive fugindo da polícia. O seu grande amigo e conselheiro é um Tonto.
• ZÉ COLMEIA E CATATAU
São cleptomaníacos, pois roubam cestas de pic-nic.
- Caramba, Como querem que sejamos normais?!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO: FELIZ NATAL!

Texto atribuído ao Papa Francisco

O Natal costuma ser sempre uma ruidosa festa; entretanto se faz necessário o silêncio, para que se consiga ouvir a voz do Amor.
Natal é você, quando se dispõe, todos os dias, a renascer e deixar que Deus penetre em sua alma.
O pinheiro de Natal é você, quando com sua força, resiste aos ventos e dificuldades da vida.
Você é a decoração de Natal, quando suas virtudes são cores que enfeitam sua vida.
Você é o sino de Natal, quando chama, congrega, reúne.
A luz de Natal é você quando com uma vida de bondade, paciência, alegria e generosidade consegue ser luz a iluminar o caminho dos outros.
Você é o anjo do Natal quando consegue entoar e cantar sua mensagem de paz, justiça e de amor.
A estrela-guia do Natal é você, quando consegue levar alguém, ao encontro do Senhor.
Você será os Reis Magos quando conseguir dar, de presente, o melhor de si, indistintamente a todos.
A música de Natal é você, quando consegue também sua harmonia interior.
O presente de Natal é você, quando consegue comportar-se como verdadeiro amigo e irmão de qualquer ser humano.
O cartão de Natal é você, quando a bondade está escrita no gesto de amor, de suas mãos.
Você será os “votos de Feliz Natal” quando perdoar, restabelecendo de novo, a paz, mesmo a custo de seu próprio sacrifício.
A ceia de Natal é você, quando sacia de pão e esperança, qualquer carente ao seu lado.
Você é a noite de Natal quando consciente, humilde, longe de ruídos e de grandes celebrações, em silêncio recebe o Salvador do Mundo.
Um muito Feliz Natal a todos que procuram assemelhar-se com esse Natal.

CONVERSAS CELULARES

Texto de Carlito Lima

 
Rosário, dois anos de casada não engravidava, o sonho era um filho, consultou médicos da cidade, do Recife, Rio de Janeiro, ninguém conseguiu diagnosticar, corpo sem problemas mostravam os exames. Ela não se conformava, marcou consulta para depois do carnaval com o mais competente médico do Brasil, Eucimar Coutinho em Salvador. O marido, André Bandeiras, também apresentava normalidade nos exames de esperma, mistério da medicina. A esperança de Rosário era o médico baiano.
O jovem casal vivia em harmonia, os dois trabalhavam, tinham uma vida simples, sem gastos supérfluos, sonhavam apenas com um menino para reinar naquele apartamento confortável, bem decorado, na praia da Jatiúca. Certo dia, Rosário sentiu alguma mudança no comportamento do marido, não sabia o que era, o instinto feminino despertou-lhe sensação de suspeita de alguma coisa estar acontecendo. Certa noite sua sensibilidade instintiva inspirou algumas perguntas ao marido. Pelas respostas vagas, evasivas sem convicção, Rosário teve certeza, havia alguma coisa no ar além dos urubus, pombos e nuvens passageiras. Começou a investigar suas roupas, números de celular, nenhum vestígio, nenhuma pista deixada. Convenceu-se, era apenas ciúme de mulher sem filho ou coisa parecida. Quando num entardecer André lhe telefonou avisando, chegaria um pouco mais tarde, visitava um cliente. Após atender, ela deixou seu celular em cima da mesinha, continuou a ver um filme na televisão. Certo momento escutou pequeno barulho no celular, colocou-o ao ouvido, ficou pasmada ao ouvir o marido conversar com uma pessoa, com nítida clareza. Ele não havia desligado o celular.
- ... preciso ver coisas novas, viajar pelo mundo, sou muito novo, casei-me cedo, minha mulher quer filho, não sei se quero, ainda bem que não engravida, tem algum problema, não sei se é meu ou dela, mas o que quero nesse instante minha querida, é fazer amor, venha, me abrace, quero você cada dia mais. Telefonei para casa, tenho mais de uma hora para lhe amar nesse motel maravilhoso. Aída querida, sempre fui tarado por você desde solteiro, agora estamos casados, seu marido conheço pouco, mas jamais vai lhe dar tanto amor, sexo selvagem e carinho como lhe dou, venha...
 Interrompeu-se a conversa, o celular de repente ficou mudo. A cabeça de Rosário virava, ela tentava acalmar-se, entretanto, a emoção forte quebrou  jarros, cristais, o que tinha por perto. Chorou, se acalmou. Primeira providência, procurou na agenda o número do telefone do marido de Aída, conhecia o corno do Almeida. Cobriu o telefone com um guardanapo, falou bem devagar.
- É Seu Almeida? - ao confirmar, prosseguiu - Olhe sua mulher nesse momento está com um amante no Motel X.
Desligou o telefone sem dar tempo de Almeidinha falar, arriscou o nome do Motel, sabia ser o preferido do marido, levou-a muitas vezes, desde solteiros.
Rosário entrou no quarto do casal, foi juntando roupas masculinas, fez três trouxas de calças, camisas, paletós, cuecas, bermudas, deixou as trouxas na portaria do prédio. Ficou esperando André, sem lágrimas. Eram oito e meia da noite quando ele chegou com fisionomia preocupada, tentando apresentar normalidade, foi perguntando:
- Tudo bem querida? - sorriu amarelo.
Ela explodiu, gritando com toda raiva acumulada:
- Tudo bem é a p.q.p., você é um canalha, um f.d.p., safado, ouvi toda sua conversa com a vadia da Aída no motel, o celular não desligou. Agora saía dessa casa antes de fazer uma besteira, seu f.d.p. - apontou-lhe o revólver novinho, presente de casamento de seu pai.
André entre surpreso e desesperado, gritava:
- Não atire Rosário, não acabe minha vida, guarde esse revolver, me perdoe querida, eu explico.
- Covarde! Suas trouxas estão na portaria, desapareça da minha frente ou dou um tiro nos seus cornos.
André abriu a porta, desceu correndo pela escada, escafedeu-se, nunca mais pisou no apartamento. Naquela mesma noite, Rosário tomou um banho de banheira, relaxante, colocou um vestido preto, perfumou-se, pintou-se, foi à guerra, saiu na noitada. Hoje, é conhecida boemia da cidade, dá para quem quer, tem apenas uma dúvida, não sabe e não quer saber quem é o pai do filho que leva na barriga.

domingo, 14 de dezembro de 2014

O SOM UNIVERSAL

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES


sábado, 13 de dezembro de 2014

NÃO ENTENDO, POR QUÊ?

Texto de Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL

Convivi, em vários momentos, com pessoas maravilhosas das quais, sempre que possível, busquei captar conselhos, de certa forma balizadores de meu comportamento diário. Carlos Machado Pontes de Miranda, certa vez me falou, quando eu ainda engatinhava como professor, no curso de Engenharia Civil, que um homem para ser sério, não precisava viver sério. Sorria sempre, falou-me e as portas se lhe abrirão com mais facilidade. Já Carlos Reinaldo Mendes Gama, meu eterno professor de Estradas e Transportes, nos dias que precederam o concurso público que prestaria para ingressar na docência da UFAL, ao demonstrar-lhe minha preocupação com o certame, me aconselhou dizendo que fizesse sempre muito bem feito tudo aquilo que me competisse, sem temer os resultados.
Contudo, uma das frases mais esclarecedoras de minha caminhada veio de outra pessoa, igualmente muito importante: Eduardo Jorge Silva, genitor de Ana, minha esposa. Estávamos viajando, a celebrar meus quarenta anos de existência. Foi quando ele me alertou sobre um dos maiores mistérios da vida, que é quando, mesmo não entendendo nada, nós continuamos insistindo, sem saber o porquê.
Figuras inesquecíveis esses três conselheiros. Dos dois primeiros absorvi integralmente as orientações. Porém as palavras de meu sogro, a quem sempre considerei um pai, continuam a reverberar em minha consciência pois, cada dia mais confirmo ser o entender tão complexo que extrapola o próprio raciocínio.
Enquanto em alguns momentos, o ato de compreender apresenta limites, como na matemática,  em outros pode não ter fronteiras. Chego a pensar que o bom mesmo é ser inteligente, sem precisar entender. É como ter acessos de loucura, apesar de estar saudável. Eu mesmo sou “louco” pelas pessoas que realmente considero minha família, sem entretanto sentir-me doido.
É quando milhares de fatos afloram à minha mente que me vejo buscando assimilá-los: por quê o Brasil perdeu de sete a um para a Alemanha? Por quê, em minha infância a dupla de sucesso era Tom e Jerry, na juventude Roberto e Erasmo Carlos, e hoje, na maturidade, a moda é falar em “Lava e Jato”, numa alusão direta à maior dilapidação que os cofres nacionais já sofreram, incluído o roubo das pedras preciosas, nos tempos de Tiradentes e do Império.
Por quê, em Maceió, a falta de água foi programada para as vésperas do Natal no período do verão? Por quê, um professor da UFAL, em final de carreira, teria que trabalhar em média nove anos para conseguir juntar um milhão de reais, enquanto um gerente da estatal do petróleo possui depósitos bancários com, no mínimo, oito dígitos?
Por quê? Para várias pessoas, viver é simplesmente estar vivo, enquanto para outras ser feliz é conseguir deitar de bruços, sendo, para uma grande maioria, respirar, trabalhar cumprir suas obrigações enquanto, para alguns poucos, é praticar o mal, assaltando, extorquindo e corrompendo. Por quê?
Uma coisa, porém, é certa. De quando em vez um mosquito canta em meus ouvidos e eu gosto. É quando chego à conclusão de que apreciaria entender um pouco, não demasiadamente, mas apenas o suficiente para saber que não entendo.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

NOVA REFORMA ORTOGRÁFICA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Eis aqui um programa para resolver o problema da falta de autoconfiança do brasileiro na sua capacidade gramatical e ortográfica. Em vez de melhorar o ensino, vamos facilitar as coisas, afinal, o português é mesmo difícil. Para não assustar os poucos que sabem escrever, nem deixar mais confusos os que ainda tentam acertar, faremos tudo de forma gradual:
• PRIMEIRO ANO
No primeiro ano, o "Ç" vai substituir o "S" e o "C" sibilantes, e o "Z" o "S" suave. Peçoas que açeçam a internet com frequênçia vão adorar, prinçipalmente os adoleçentes. O "C" duro e o "QU" em que o "U" não é pronunçiado çerão trokados pelo "K", já ke o çom é ekivalente.
Iço deve akabar kom a konfuzão, e os teklados de komputador terão uma tekla a menos, olha çó ke koiza prátika e ekonômika.
• SEGUNDO ANO
Haverá um aumento do entuziasmo por parte do públiko no çegundo ano, kuando o problemátiko "H" mudo e todos os acentos, inkluzive o til, seraum eliminados. O "CH" çerá çimplifikado para "X" e o "LH" pra "LI" ke dá no mesmo e é mais facil.
Iço fara kom ke palavras como "onra" fikem 20% mais kurtas e akabara kom o problema de çaber komo çe eskreve xuxu, xa e xatiçe.
Da mesma forma, o "G" ço çera uzado kuando o çom for komo em "gordo", e çem o "U" porke naum çera preçizo, ja ke kuando o çom for igual ao de "G" em "tigela", uza-çe o "J" pra façilitar ainda mais a vida da gente.
• TERCEIRO ANO
No terçeiro ano, a açeitaçaum publika da nova ortografia devera atinjir o estajio em ke mudanças mais komplikadas serão poçiveis. O governo vai enkorajar a remoçaum de letras dobradas que alem de desneçeçarias çempre foraum um problema terivel para as peçoas, que akabam fikando kom teror de soletrar.
Alem diço, todos konkordaum ke os çinais de pontuaçaum komo virgulas dois pontos aspas e traveçaum tambem çaum difíçeis de uzar e preçizam kair e olia falando çerio já vaum tarde.
• QUARTO ANO
No kuarto ano todas as peçoas já çeraum reçeptivas a koizas komo a eliminaçaum do plural nos adjetivo e nos substantivo e a unificaçaum do U nas palavra toda ke termina kom L como fuziu xakau ou kriminau ja ke afinau a jente fala tudo iguau e açim fika mais faciu.
Os karioka talvez naum gostem de akabar com os plurau porke eles gosta de falar xxx nos finau das palavra mas vaum akabar entendendo.
Os paulista vaum adorar. Os goiano vaum kerer aproveitar pra akabar como D nos jerundio mas ai tambem ja e eskuliambaçaum.
• QUINTO ANO
No kinto ano akaba a ipokrizia deçe kolokar R no finau dakelas palavra no infinitivo ja ke ningem fala mesmo e tambem U ou I no meio das palavra ke ningem pronunçia komo por exemplo roba toca e enjenhero e de uzar O ou E em palavra ke todo mundo pronunçia como U ou I, i ai im vez di çi iskreve pur ezemplu kem ker falar kom ele vamu iskreve kem ke fala kum eli ki e muito milio çertu ?
os çinau di interogaçaum i di isklamaçaum kontinuam pra jente çabe kuandu algem ta fazendu uma pergunta ou ta isclamandu ou gritandu kom a jenti e o pontu pra jenti sabe kuandu a fraze akabo.
Naum vai te mais problema ningem vai te mais eça barera pra çua açençaum çoçiau e çegurança pçikolojika todu mundu vai iskreve sempri çertu i çi intende muitu melio i di forma mais façiu e finaumenti.
todu mundu no Braziu vai çabe iskreve direitu ate us jornalista us publiçitario us blogeru us advogado us iskrito i ate us pulitiko i u prezidenti.
- Olia ço ki maravilia!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

CADÊ O MEU LUGAR?

Texto de Rubens Mário
 PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

Felizmente, ainda não me acostumei com esse novo mundo globalizado e repleto de modernismos insanos, cruéis e desvairados. Nessas minhas observações tomarei como parâmetro, apenas, a nossa, outrora, gostosa, Maceió provinciana. Há algum tempo, não vou precisar o espaço temporal, pois, tudo ainda está bem vivo na minha doce lembrança, eu era feliz, mas, sem imaginar as abruptas e trágicas transfigurações mundanas que estavam por vir, hoje sinto que poderia ter aproveitado melhor tudo daquele tempo - a música, os campinhos de pelada, a família, as praças, os “rachas” na praia do Sobral, as festas na praça, o carnaval, o folclore, a paz nas ruas, as escolas públicas, e, tudo mais.
No começo da minha infância, na rua Pedro Monteiro, lembro dos bucólicos bangalôs, com seus lindos jardins de muros baixos,  mesmo assim, intransponíveis à roubos e invasões - muito raros naquele tempo; no final daquela rua  ficava a pioneira e potente Rádio Difusora. Semelhante às outras crianças, independente de classe social, estudávamos num grupo escolar público - Fernandes Lima - e, ainda me recordo da nossa professora, “dona” Eurídice, e que, após fazer junto com meu irmão, Robson, as tarefas da escola, vigiados por nossa mãe, íamos brincar nas baias - imenso terreno situado por trás da casa onde morávamos, em frente a Santa Casa - ou na praia do Sobral, onde os únicos perigos  eram as traiçoeiras “bacias” do agitado mar, até as imediações do “salgadinho”.
Mais tarde, no começo da nossa adolescência, já residindo em frente a “praça da faculdade”, vivi momentos extasiantes! Após à nossa aprovação no exame de admissão ao ginásio do saudoso Colégio Estadual de Alagoas, apesar dos conturbados momentos políticos, ainda tínhamos paz, família e educação. A violência atribuída à nós pelo povo do sul e do sudeste, era tão somente a  praticada entre os políticos e algumas famílias alagoanas que brigavam pelo poder e pelo dinheiro. Nas ruas, raramente, assistíamos à um roubo ou assassinato, exceto na situação narrada acima. Um pouco mais tarde, já na UFAL, lembro com bastantes saudades quando saíamos da Universidade, à noite, entre os anos 70 e 80, após tomarmos alguns copos de cerveja pela cidade, terminávamos a noitada, já na madrugada, no saudoso bar “Gracy”, por trás do também nostálgico, cinema “ideal”. Dali, à pés, ia sossegado, para a minha residência em frente a querida praça da “faculdade”. Hoje, passar por aquele local, mesmo em plena luz do dia, torna-se um ato de coragem e bravura.
A saudosa praça do “Pirulito”, atualmente, antro de desordem de todos os tipos, dividia com a nossa, igualmente, nostálgica, praça da “Faculdade”, os mais saudáveis pontos de encontro da população, especialmente, do bairro do Prado e adjacências. Lembro com certa melancolia, das memoráveis festas de São João e Natal, nas duas praças.  A música que nós ouvíamos, mesmo a chamada brega, era audível e tinha qualidade. A palavra assalto só ouvíamos quando algum colega nos convidava para ir a sua casa, onde  cada um levava algo para beber e comer.
Hoje, vivemos sobressaltados, aprisionados em apartamentos ou em residências de muros altos, com cercas elétricas e câmeras de segurança, dantes só vistas em filmes de ação. As crianças perderam as suas inocências e cometem atos inimagináveis para os adultos dos tempos idos; a nossa Rádio Difusora perdeu a sua hegemonia para o poder econômico; a música foi substituída por excrescências “berradas” por imbecis  sem pudor e sem talento; a praia do Sobral foi desertada e hoje, serve apenas como depositária de esgotos e, à noite, de  ponto de encontro de travestis e afins; o nosso folclore agoniza torturado de forma  covarde e impiedosa, pois,  a nossa cultura foi substituída por modismos manquitolantes exportados de plagas alheias. O inchaço populacional e a emergência mercantil expulsaram as famílias tradicionais do entorno das duas praças e permitiu a desertificação das nossas praias do Sobral e da Avenida.
Agora eu pergunto: cadê o meu lugar?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

HERANÇAS NEGRAS À POSTERIDADE

Texto de Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL

Aprendi, ainda jovem, que as pessoas não vieram ao mundo para satisfação de suas expectativas. Fatos que hoje enodoam o Brasil, deixam-nos boquiabertos e decepcionados com os donatários do Poder.

Recordo-me quando, em minha infância, convivi com um homem do interior, semianalfabeto, mas dono de uma sabedoria intuitiva. De absoluta confiança de meus pais, encantava-me com as histórias contadas por ele.

Adorava ouvir o conversador velhinho, sempre escutando seu radinho de pilha e com um inseparável cachimbo de madeira. Falava-me sobre Hitler, segundo ele um alemão baixinho, de cara feia, comportamento de epilético, embora dono de eletrizante discurso que lembrava Carlos Gardel, ao cantar e encantar as plateias.

Em sua santa ignorância,  aquele homem comentava que o líder nazista invadira vários países da Europa donde retirava riquezas para tentar a recuperação da economia Alemã, destruída durante a Primeira Grande Guerra Mundial. O Fuhrer, como era chamado, odiado pelo mundo, foi idolatrado por seus compatriotas, que o consideravam um guia, condutor e principalmente líder. Só mais tarde aprendi em detalhes o resto da história, concluindo que  “o dono do bigodinho”, assim como Nero e tantas outras figuras responsáveis por episódios sangrentos conhecidos da humanidade era mesmo um louco.

Com o passar dos anos, imaginei já haver visto de tudo. Ano passado, por exemplo, animei-me com as manifestações de rua, achando que o país dera um passo importante em direção à ética e à decência. Infelizmente, ainda embriagado por esta esperança, em minha primeira movimentação pelo mundo real deparei-me com um Brasil diferente do que a televisão mostrava. Continuei vendo pessoas de pouca idade estacionarem nas “vagas de idosos”, cidadãos corrompendo e se oferecendo para serem corrompidos sem o menor pudor ou o mínimo respeito à própria família.

Novamente sonhei conhecer o bastante. É quando surge o Petrolão: Absurdo dos absurdos praticado por uma corja de bandidos,  violentando a Nação bem debaixo do Poder Constituído. E o pior, ao contrário de Hitler que roubava os de fora para trazer benesses a seu país, estas ratazanas da hora tiraram do Brasil para jogar em Cuba, Bolívia, Venezuela, Passadena – no Texas e tantos outros países do planeta. Vivemos um episódio claro de que este grupo de brasileiros degenerados, possui tanto aperfeiçoamento na rapinagem, que as leis, os princípios, a moral, os bons costumes, o respeito, o amor ao próximo, a solidariedade e a caridade, têm sido deixados de lado, forjando um negro capítulo em nossa história, tão mesquinho que, no futuro, nossos pósteros haverão de imaginar haver sido nossa geração formada por pessoas que roubavam, matavam, enganavam e mentiam, como nunca acontecera em nenhuma outra terra civilizada. Com certeza, a sociedade brasileira merece dirigentes melhores.