segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

HERANÇAS NEGRAS À POSTERIDADE

Texto de Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL

Aprendi, ainda jovem, que as pessoas não vieram ao mundo para satisfação de suas expectativas. Fatos que hoje enodoam o Brasil, deixam-nos boquiabertos e decepcionados com os donatários do Poder.

Recordo-me quando, em minha infância, convivi com um homem do interior, semianalfabeto, mas dono de uma sabedoria intuitiva. De absoluta confiança de meus pais, encantava-me com as histórias contadas por ele.

Adorava ouvir o conversador velhinho, sempre escutando seu radinho de pilha e com um inseparável cachimbo de madeira. Falava-me sobre Hitler, segundo ele um alemão baixinho, de cara feia, comportamento de epilético, embora dono de eletrizante discurso que lembrava Carlos Gardel, ao cantar e encantar as plateias.

Em sua santa ignorância,  aquele homem comentava que o líder nazista invadira vários países da Europa donde retirava riquezas para tentar a recuperação da economia Alemã, destruída durante a Primeira Grande Guerra Mundial. O Fuhrer, como era chamado, odiado pelo mundo, foi idolatrado por seus compatriotas, que o consideravam um guia, condutor e principalmente líder. Só mais tarde aprendi em detalhes o resto da história, concluindo que  “o dono do bigodinho”, assim como Nero e tantas outras figuras responsáveis por episódios sangrentos conhecidos da humanidade era mesmo um louco.

Com o passar dos anos, imaginei já haver visto de tudo. Ano passado, por exemplo, animei-me com as manifestações de rua, achando que o país dera um passo importante em direção à ética e à decência. Infelizmente, ainda embriagado por esta esperança, em minha primeira movimentação pelo mundo real deparei-me com um Brasil diferente do que a televisão mostrava. Continuei vendo pessoas de pouca idade estacionarem nas “vagas de idosos”, cidadãos corrompendo e se oferecendo para serem corrompidos sem o menor pudor ou o mínimo respeito à própria família.

Novamente sonhei conhecer o bastante. É quando surge o Petrolão: Absurdo dos absurdos praticado por uma corja de bandidos,  violentando a Nação bem debaixo do Poder Constituído. E o pior, ao contrário de Hitler que roubava os de fora para trazer benesses a seu país, estas ratazanas da hora tiraram do Brasil para jogar em Cuba, Bolívia, Venezuela, Passadena – no Texas e tantos outros países do planeta. Vivemos um episódio claro de que este grupo de brasileiros degenerados, possui tanto aperfeiçoamento na rapinagem, que as leis, os princípios, a moral, os bons costumes, o respeito, o amor ao próximo, a solidariedade e a caridade, têm sido deixados de lado, forjando um negro capítulo em nossa história, tão mesquinho que, no futuro, nossos pósteros haverão de imaginar haver sido nossa geração formada por pessoas que roubavam, matavam, enganavam e mentiam, como nunca acontecera em nenhuma outra terra civilizada. Com certeza, a sociedade brasileira merece dirigentes melhores.
 

Um comentário:

  1. A.ROSTAND, meu caro jovem, você foi certeiro nesse comentário;
    muito feliz, muito objetivo. Todavia, do alto de minha santa ignorância
    eu diria, como estou dizendo: ". . . violentando a Nação em compadrio
    com o Poder Constituído." Cleptocracia será a marca registrada da
    "Civilização Brasileira".
    (Audemaro, desde os confins da Jatiúca em MCZ/AL)

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