quinta-feira, 30 de abril de 2015

CHURRASCO DE RICO X CHURRASCO DE POBRE

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

TRAJE FEMININO:
• DA RICA
Calça Capri, de cor clara, da Zara, Lelis Blanc ou outra grife importada; bolsas L. Vuitton, Marc Jacobs ou Dior; camisetinha básica, branca, da Club Chocolate ou Doc Dog; óculos Dolce Gabbana ou Valentino; relógio Tommy Hilfiger; perfume discreto da Chanel ou Versace e usando sandália rasteira da Lenny. Ela sempre chega sozinha, dirigindo o seu próprio carro, que, normalmente é um Audi A3 ou Hyundai Vera Cruz.
• DA POBRE
Minissaia curtíssima, comprada no Hipermercado EXTRA; blusinha, estampada, da C&A; tamanco de madeira, de salto altíssimo, ou tênis de R$ 19,00; óculos coloridos, comprados no camelô da esquina; tatuagem de quinta categoria, anel no dedo do pé e piercing, na língua, no umbigo e no nariz. Muitas usam biquíni por baixo, com alcinha de fora, na esperança de tomar um banho de piscina. Chegam sempre se abanando porque o "busão" estava lotado.
TRAJE MASCULINO:
• DO RICO
Bermuda Hugo Boss ou Richard; camisa esporte, da Siberian ou Brooksfield; óculos Armani. Sempre chega naquela maravilhosa caminhonete importada, que não chama a atenção porque todos sã ricos.
• DO POBRE
Chinelo Rider; bermuda Florida ou feita de uma calça jeans cortada; a barriga aparecendo; camisa do Corinthians ou do Flamengo jogada nas costas (eles morrem de calor) e óculos "de camelô" na testa. Chegam de Monza ou de carona com mais oito pessoas.
A COMIDA
• DE RICO
Normalmente eles não comem; quando comem, é um pouquinho de cada coisa: arroz, com brócolis ou açafrão; farofa, com frutas; filé de cordeiro; picanha argentina; mussarela de búfala. Cada coisa no seu tempo e pausadamente.
• DE POBRE
Vinagrete; farofa, com muita cebola; maionese, muita asa de frango; torresmo, linguiça; pão de alho; costela e miolo de acém (que eles juram ser mais macio que picanha). Comem na maior gulodice e ainda avisam: “Tô tirando a barriga da miséria”!
A BEBIDA:
• DE RICO
Os homens: bebem uísque escocês; vinho francês, chopp da Brahma ou cerveja Heineken, todas estupidamente geladas. As mulheres: tônica Schweppes Citrus, água Evian ou Coca-Cola Light.
• DE POBRE
Não tem distinção entre as bebidas dos homens e mulheres: cerveja Itaipava ou Kaiser, geladas no tanque de lavar roupa, cheio de gelo; cachaça (qualquer marca serve); vodca, misturada com Fanta, Baré Cola ou Guaraná Sarandi. Quem fica bebum rápido, bebe, de vez em quando, água da torneira.
PRATO
• DE RICO
Normalmente “beliscam” uma picanha servida num enorme prato branco, liso, de porcelana e com taças adequadas a cada tipo de bebida: água, chopp, refrigerante...
• DE POBRE
Sempre comem nos tradicionais pratinhos de alumínio ou papelão. As bebidas são servidas em copinhos plásticos, reciclados, de 200 ml, comprados na quantidade exata do número de convidados, ou servem naqueles copos de vidro de requeijão ou geleia (destinados aos convidados mais conceituados: o patrão, o chefe, um familiar importante...).
MÚSICA
• DE RICO
Jack Johnson, música instrumental, Lounge Music e Jazz. Quando “exageram”, experimentando momentos de pobreza, contratam um grupo de chorinho, mas com músicos formados pela Faculdade de Música.
• DE POBRE
É aquele "pagodão" de pingar suor: Zeca Pagodinho, Alexandre Pires, Jorge Aragão... E tudo na base do CD's piratas (6 por R$ 10,00) e não pode faltar o de Samba Enredo do ano que vem e nem da banda Calypso. Umas 2 horas depois de começado o churrasco, todos já estão dançando, independente das idades ou credos. No fim da festa, sempre rola uma batucada dos marmanjos, improvisada com panelas, tampas ou qualquer objeto disponível que emita um som; e as meninas, se metem a se exibir, na base do funk.
O CHURRASQUEIRO:
• DE RICO
Sempre contratam uma churrascaria famosa, com uma equipe de trabalhadores impecavelmente trajada de gaúchos, que trazem consigo tudo que é necessário para este tipo de evento.  
• DE POBRE
Sempre é o dono da casa ou um amigo de um conhecido, que não sabe nada de churrasco, mas que adora se meter a churrasqueiro e ficar jogando cerveja na brasa para mostrar fartura. Depois de certo tempo, ele se cansa e, a cada hora, um dos presentes fica um pouquinho à beira do fogo, para revezar (normalmente é um cara barrigudo, que fica suando, com uma toalhinha na mão, que usa para enxugar o suor, limpar as mãos e o que mais precisar).
O LOCAL:
• DE RICO
Área coberta, com piso de granito, mesinhas, ombrelones e bancos da Indonésia. Tudo em um lindo jardim com piscina, mas ninguém se anima dar um mergulho, pois a mesma está decorada com um lindo arranjo de flores tropicais.
• DE POBRE
Normalmente é na laje, com sol quente na cabeça. Quando chove, é improvisada uma lona de caminhão como cobertura, mas só para proteger a churrasqueira. Cadeiras, só para quem chegar mais cedo (esses cedem o lugar para as grávidas que sempre chegam atrasadas); os demais ficam em pé, esbarrando e pisando nos pés, uns nos outros, mas não tem problema porque a maioria tá descalço. Sem esquecer o tradicional banho de chuveiro, onde os bêbados começam com a brincadeira de querer molhar todo mundo.
O FIM DA FESTA
• DE RICO
Termina em, no máximo, 4 horas, momento em que cada um dos presentes sai em seu próprio carro, mas saem em momentos diferentes, para que o dono do churrasco possa fazer os agradecimentos a cada um, com atenção.
• DE POBRE
Dura no mínimo 8 horas e somente depois que todos já estão bêbados. Mesmo o dono da casa dizendo que tem que trabalhar cedo no dia seguinte, sempre tem a patota que quer “fazer” vaquinha para comprar mais uma caixa de cerveja. Na hora de ir embora, quem não tem carro, vai de carona ou de buzão mesmo. Isso sem falar naqueles que passam mal, vomitam e precisam curar o porre, estabacados no sofá ou no tapete, antes de pensar em ir embora. E ainda tem aqueles parentes e amigos mais chegados que são Intimados a “dar uma mãozinha” na faxina do recinto. O pessoal que tem carro liga o som bem alto (pagode, claro) e sai buzinando, sorrindo e gritando: - Fui...

sábado, 4 de abril de 2015

ANTRO DE CORRUPÇÃO

Texto de Rubens Mário
PROFESSOR E ADMINISTRADOR

A cada dia que nós acessamos algum meio de comunicação, tomamos conhecimento de um novo caso de corrupção ativo e passivo. Infelizmente, esses absurdos já não nos impactam mais! A banalização dos fatos e a falta de punição dos culpados são os motivos do desprezo popular por coisas tão sérias e que a população, mormente os corruptos passivos, ainda não compreenderam serem as gêneses principais da nossa desgraça social e econômica. “Ele rouba, mas faz”! “Se eu tivesse lá faria a mesma coisa”! São algumas frases bastantes repetidas pelos corruptos passivos e pretensos corruptos ativos. Uma coisa é indiscutível: o sujeito só se corrompe, salvo tenha alguma anomalia psíquica, se tiver a certeza da impunidade. É importante que não entendamos a corrupção, apenas, no âmbito político estatal. Por exemplo, uma nota ou presença graciosa dada a um aluno, também é um ato de corrupção ativo e passivo, e bastante grave.

Todos os setores que compõem a nossa gloriosa república já se lambuzaram nesse mar de lamas que forma esse asqueroso oceano de podridão. O último caso noticiado, pelo menos, até a conclusão desse texto, foi a prisão de dois advogados, através da Polícia Federal, acusados de um suposto suborno para a facilitação de um habeas corpus que beneficiaria os assassinos intelectuais de um colega advogado. Pasmem! É importante esclarecermos para os leigos no assunto, que, advogado nenhum tem o poder de soltar qualquer réu. A sua função, restrita, é de construir um argumento objetivo que convença o magistrado a libertar o seu cliente. Entendido isso, e baseado nas notícias divulgadas, esse processo de corrupção ativo e passivo é bem mais sério e preocupante, pois, envolveria, também, gente graúda do nosso judiciário.

Antes desse nosso caso particular, e posterior ao maior dos escândalos da nossa República - o caso da PETROBRAS – tivemos o da Receita Federal - nossa feroz caçadora de receitas. Esse novo escândalo foi investigado pela Polícia Federal que o batizou de “Zelotes” - nome bíblico usado para ironizar o termo zelo. Essa operação que desvirginou, talvez, a instituição ainda incólume nesse mar de corrupção, identificou lavagem de dinheiro, tráfico de influência, associação criminosa e etc. Todas essas patifarias de “colarinho branco” foram praticadas no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). Esse tal Carf, é o responsável pelo julgamento dos recursos das pessoas físicas e jurídicas impetrados junto à Receita Federal. A Polícia Federal estima que houve desvios de cerca de 19 bilhões em apenas 70 processos investigados. Pasmem, novamente!

O caso da PETROBRAS, provavelmente, a maior de todas as patifarias nacionais, roubou dos cofres da grande empresa estatal, mais de 10 bilhões de reais. Pasmem, mais uma vez! A sujeira envolveu dirigentes da empresa, componentes de partidos políticos de todas as ideologias, empreiteiras e etc. muita gente dita importante se lambuzou. Alguns, já bastantes sujos, diga-se de passagem.

Se fossemos elencar aqui todos os processos abertos pela nossa Policia Federal, apenas nas nossas prefeituras municipais, teríamos que fazê-lo em um espesso livro.  Pasmem, de novo!

Todas essas impunes patifarias têm transformado o nosso país num terrível caos social e econômico. A redução do crescimento econômico, o aumento do desemprego, aumento do déficit na balança comercial, perda de arrecadação de impostos e aumento da inflação são desastres econômicos que não devemos desatrela-los da corrupção. É importante ressaltarmos que todas essas irregularidades não são obras exclusivas do governo atual; esse “câncer” que, devido à inércia dos seus combatentes, já corroeu todos os órgãos do organismo estatal, e é bastante antigo. Porém, devemos compreender que os maiores escândalos de corrupção da nossa República surgiram nos últimos dez anos de governo e as consequências estão sendo sentidas agora. Os aumentos sucessivos nas contas de energia, absurdos aumentos nos preços dos combustíveis, falta de correção na tabela do Imposto de Renda, cortes de programas importantes nas Universidades públicas, farra de diplomas nas faculdades particulares e etc. São frutos do antro de corrupção em que se transformou a nação brasileira.

COELHO, CHOCOLATE, SERRA VELHO E JUDAS

Texto de Carlito Lima

Resultado de imagem para coelho de pascoaMeus netos estão se empanturrando de chocolate, para alegria da Nestlé, da Garoto, dos chocolateiros e dos netos. Essa invencionice comercial, venda da “comida dos deuses” durante a Páscoa, está definitivamente institucionalizada pela propaganda massiva. Nossos netos veem o ovo de chocolate e o coelho como símbolos da semana da paixão e morte de Cristo. Um período mais apropriado à meditação, à oração, tornou-se a festa do chocolate.
Os marqueteiros não combinaram com a Igreja, tão conservadora nos assuntos sobre sexo, pois, coelho é o símbolo de procriação, de fertilidade, de muitas transas, e chocolate é alimento afrodisíaco. Portanto, os símbolos da semana santa moderna, inventados pelo comércio, são apologias ao sexo, acho ótimo, é uma evolução da Igreja sempre castradora em sua história.
Juntar coelho com ovo de chocolate deu samba de crioulo doido. Meu neto perguntou porque o ovo de coelho é de chocolate e o da galinha é de cozinha. Foi difícil explicar.
Nessa hora sou saudosista das tradições, tenho boas recordações da semana santa de meu tempo de criança.
Iniciava no Domingo de Ramos quando se comemora a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém montado em um burrico. Seus discípulos trouxeram dois burricos puseram em cima deles suas vestes, sobre elas Jesus montou. A multidão cortou ramos de oliveiras, espalhou-os pela estrada, formando um tapete de folhagem para o Rei dos Reis passar, em cima de um jerico. O povo acompanhava Cristo, clamava: “Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!” Entrando Jesus em Jerusalém, toda cidade se alvoroçou. Perguntavam Quem é este? E a multidão clamava: “Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia.” Assim li, aprendi, escrito na Bíblia.
Essa parte da história de Cristo é muito emblemática. Entrada triunfal num jerico, logo depois, traído e crucificado. Entretanto, para meninada dos anos 50, o melhor do Domingo de Ramos era a procissão. Iniciava na Catedral, os colégios femininos religiosos compareciam: São José, Sacramento, desfile de meninas bonitas, a moçada ia para paquerar. Um olhar, um sorriso, um piscar de olho valia a pena a missa, a procissão.
O feriado começava na quinta-feira santa, a partir desse dia proibia-se comer carne, em compensação minha mãe cozinhava um delicioso bacalhau, arabaiana, camarão, feijão no coco, jerimunzada, bredo, uma delícia. Por que essa maravilhosa comida só existe na Semana Santa?
Na noite da quinta-feira havia uma brincadeira perigosa. A meninada saía em bando, 5 a 6 moleques para “serrar velho”. A serração do velho é uma tradição europeia conhecida desde o século XVIII. Reunia-se um grupo de brincalhões, diante da casa de um velho, na noite da quinta-feira. Serravam uma tábua com muito ruído, muito choro, muito lamento. Os velhos serrados irritavam-se com a brincadeira. Pela crença popular, velho serrado não chegava à outra Quaresma. A garotada cantava alto acordando a vizinhança: "As almas do outro mundo, vieram lhe avisar que deste ano o senhor não vai passar”. "Encomende a alma a Deus, que seu corpo já não vale nada" e liam um bem humorado testamento em versos. Os velhos ficavam brabos. Certa vez levamos uma carreira do pai do Toroca na Pajuçara. Seu Pádua um velho ranzinza da Avenida, quando estávamos divulgando seu “testamento”, jogou um penico cheio de xixi, tive que ir para casa tomar um demorado banho. Houve caso de tiro.
Na Sexta-feira da Paixão parecia que o mundo havia se acabado. As rádios só tocavam músicas fúnebres, proibido ir à praia, até sorrir. As prostitutas fechavam as portas de Jaraguá e o balaio; nem pensar numa fortuita transada. À noite todos iam à Igreja para beijar os pés de Nosso Senhor morto. Finalmente o sábado de aleluia. A meninada preparava um boneco de pano, o judas, sempre com um nome de algum político ou algum inimigo público. Quando às 10 horas, os sinos da Igreja dobravam anunciando a aleluia, a moçada caía de cacete malhando o judas amarrado em um poste.  Melhor do que malhar um judas, era roubar os judas dos vizinhos, dos pivetes.
Afinal chegava o domingo da ressurreição. Os padres contavam a história como Cristo depois de morto subiu aos céus. Hoje é um espetáculo pirotécnico com atores globais, para se assistir comendo chocolate, tomando vinho.