sexta-feira, 30 de outubro de 2015

SOMOS UM PAÍS RICO!

Texto de Aloisio Guimarães

Aproveitando o feriadão de "funcionário público e finados", vim, com a minha patroa, conhecer as "terras potiguares". 


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

terça-feira, 27 de outubro de 2015

A TELESPECTADORA

Texto de Aloisio Guimarães

Um dia desses estava assistindo televisão, juntamente com Evangelina (Vanja), a minha mulher, quando começou determinado programa no SBT, apresentado pelo César Filho.
Como ainda não tinha visto o programa e fazia muito tempo que não via o seu apresentador, inclusive eu nem me lembrava mais do seu nome, indaguei:
- Ôxente, e esse cara está no SBT?!
- Que cara?
- Esse aí, o "ex" da Angélica...
Então, minha mulher, inocentemente, respondeu:
- Ah, é o César Filho? Já faz é muito tempo que ele é do SBT. É ele quem apresenta o "Globo Repórter do SBT"...
- Vôte! "Globo Repórter do SBT"?!
Compreendida a gafe e o trocadilho, rimos à vontade.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A MULHER, A BEBIDA E A FERRARI

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Mulher: Você bebe?
Homem: Sim.
Mulher: Quanto por dia?
Homem: 3 uísques.
Mulher: Quanto você paga por um uísque?
Homem: Cerca de R$ 10,00
Mulher: Se um uísque custa R$ 10,00 e você bebe 3 doses por dia, você gasta. R$ 900,00 por mês e R$ 10.800, 00 por ano, certo?
Homem: Correto.
Mulher: Se em um ano você gasta R$ 10.800,00, sem contar a inflação, em 20 anos você gastou R$ 216.000,00, correto?
Homem: Correto.
Mulher: Você sabia que com esse dinheiro aplicado e corrigido com juros compostos, durante 20 anos, você poderia comprar uma Ferrari?
Homem: Você bebe?
Mulher: Não.
Homem: Então, cadê a porra da sua Ferrari?

domingo, 25 de outubro de 2015

ORAÇÃO DE UM IDOSO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Se meu andar é hesitante e minhas mãos trêmulas, ampare-me.
Se minha audição não é boa e tenho de me esforçar para ouvir o que você está dizendo, procure entender-me.
Se a minha visão é imperfeita e o meu entendimento é escasso, ajude-me, com paciência.
Se você me encontrar na rua, não faça de conta que não me viu, pare, converse comigo, sinto-me tão só.
Se você, na sua sensibilidade, me vê triste e só, simplesmente partilhe um sorriso e seja solidário.
Se minhas mãos tremem e derrubam comida na mesa ou no chão, por favor, não se irrite, tentei fazer o melhor que pude.
Se lhe contei pela terceira vez a mesma "história" num só dia, não me repreenda, simplesmente ouça-me.
Se me comporto como criança, cerque-me de carinho.
Se estou com medo da morte e tento negá-la, ajude-me na preparação para o adeus.
Se estou doente e sou um peso em sua vida, não me abandone, um dia você terá a minha idade!
A única coisa que desejo, neste meu final da jornada, é um pouco de respeito e de amor...

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

terça-feira, 20 de outubro de 2015

PORQUE PERDOAR

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Perdoar não é rebaixar-se, bancar o bonzinho, despersonalizar-se. Perdoar não é justificar o erro alheio, nem tolerar os defeitos de outrem. Perdoar não é colocar uma pedra em cima dos fatos, nem virar a página e dizer: perdoo, mas não esqueço.
Perdoar é reconhecer que o outro está errado, discordar de tal erro, mas dar chances para a pessoa melhorar. Sim, perdoar é dizer “estás errado, mas eu não te elimino, não te destruo, não te agrido. Dou-te a chance de progredires melhorares”. Perdoar é um ato de esperança no crescimento e amadurecimento e de quem errou. Portanto, o perdão não é um direito humano, mas é um dom, um gesto de gratuidade, um presente que faço a quem me ofendeu. Assim, perdoar é uma atitude humano-divina, que consiste em não concordar com o pecado, mas compreender o pecador: "Condenar o pecado, mas não o pecador".
Precisamos perdoar para podermos viver e conviver bem com as pessoas. O perdão é também necessário para nossa saúde física, psíquica e espiritual.
Está sobejamente comprovado que o ódio, raiva, mágoa, ressentimento provocam úlceras, dores de cabeça, de coluna, de estômago. Certos problemas de nervos, intestinos, pele, são problemas de falta de perdão. Perdoe e a saúde será o primeiro fruto a acolher. Pelo perdão superamos insónias, ciúmes, invejas, depressões, medos e ansiedades.
Nossa oração toma vigor e seu efeito será visível. A falta de perdão impede a ação da graça sobre nós. Quem perdoa renasce, revive, liberta-se e cresce.
O sucesso de Jesus foi o perdão, quando Ele rezou na cruz: "Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23,24). É ainda Jesus que nos ensina perdoar "70 x 7, inclusive a perdoar os inimigos”. Incluiu o perdão na oração do Pai Nosso e concluiu a oração reforçando o perdão: "Se não perdoardes, vosso Pai também não vos perdoará". (Mt 6,14).
Perdoar e ser perdoado é reencontrar um dom perdido, é dar de novo o dom que foi esbanjado, é nascer de novo, recriar, tornar-se novo. Perdoar é absolver, que significa, deixar livre, quebrar as amarras, desamarrar, desligar. Perdoar é dom dado e recebido.
Pelo perdão voltamos a ser irmãos. O dom do perdão vem do coração de Deus e não da nossa natureza rebelde. O perdão é o amor de Deus ao exagero. Quem perdoa ama exageradamente.
Perdoar é restaurar o humano que se perdeu, que se desfigurou em nós e nos outros, pelo ódio, raiva, ofensas o humano em nós sofre deformação.
O perdão recupera a vida, recupera o que foi deformado e desfigurado, restaura o coração. Perdoar e ser perdoado é reviver. Então, se queres a paz, perdoe; se queres saúde, perdoe; se queres recuperar o gosto de viver, perdoe; se queres viver bem, perdoe; se queres saber o que é alegria, perdoe.
Com São Francisco de Assis, podemos rezar: "Louvado sejas meu Senhor, pelos que perdoam por teu amor".

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

PERFEITO!

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES


domingo, 18 de outubro de 2015

DEPRESSÃO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Eu era uma mesa novinha. Bonita. Feita pelas mãos do melhor carpinteiro do mundo... Fui entalhada com amor, com matéria prima de qualidade. Nasci forte. Meus detalhes foram esculpidos com sentimento, com o carinho das mãos do meu pai. Não há outra mesa como eu em toda Terra.
Participei de bons momentos. Ajudei muito. Estive presente nos tempos de alegria e nos tempos de dificuldade. Sempre firme, segurando tudo e a todos. Jamais rejeitei uma carga, mesmo que estivesse acima da minha capacidade.
Quanto significado tive na vida dos que me rodeiam! Participei do progresso, da luta. Recebi lágrimas e risos. Sempre me doei e sei que se não estivesse ali, faria muita falta. Mas, como sempre estava, quase nunca era notada.
E assim transcorreu minha vida. Como a vida da maioria das mesas: sempre muito participante, cooperando, mas sem reclamar muitos cuidados. Afinal a função da mesa é servir.
Mas o tempo passou, e com ele, e a falta de cuidado, fui me desgastando. Minhas quinas um pouco rachadas tornaram-se ásperas. Às vezes, acabava ferindo alguém, mas não era de propósito. Talvez, se tivessem me restaurado no início, eu voltasse a ser bela e útil como antes. Mas a vida é tão corrida e não há tempo a perder com restaurações...
Mesmo apesar do desgaste, do mau uso e da falta de cuidado, prossegui em minha missão, doando o melhor de mim. As pessoas ao redor acostumaram-se com minhas arestas e, para evitar um ferimento, desviavam-se de mim. Quando necessitavam, chegavam com cautela para que não houvesse atrito entre nós.
Apesar do meu esforço em resistir, pude perceber que algo me roía por dentro. Já não tinha a mesma força de antes. Sentia minhas pernas fraquejarem ao menor peso. Meu tampão antes tão belo e forte, agora cheio de manchas e rabiscos, parecia afundar em si mesmo. Senti medo, pois não sabia o que estava acontecendo, mas ainda queria servir e estar presente.
Um dia, quase sem perceber, desmoronei. Todos dão uma desmoronada, um dia. O peso era pequeno, mas para mim parecia uma tonelada! Quebrei o que estava sobre mim e também algumas coisas à minha volta. Feri os que eu mais amava, pois estavam mais próximos na hora da queda. Todos me olharam com espanto, alguns com indignação, outros com raiva. Ninguém esperava aquilo. Nem eu. Mas já havia sido devorada, em meu interior, por bichinhos rápidos e silenciosos chamados “cupins”.
Os cupins costumam deixar uma “sujeirinha”, mas a pressa, às vezes, nos impede de parar e socorrer a mesa antes que ela desabe. Afinal ela ainda está servindo para a sua finalidade...
Sabe, esse cupim se chama “depressão”. A mesa sou eu. A mesa é você; é sua mãe, que lhe importuna; é seu avô, que reclama demais; é seu filho rebelde; é seu namorado ciumento e estressado; é o desemprego; o marido ausente e pessimista; é a esposa impaciente.
Lendo a história da mesa, você poderá considerar sua própria vida, e a vida daqueles que a cercam. Estamos caminhando para o mesmo fim?
Eu lhe digo: mesmo que sua mesa tenha caído, mesmo que ela tenha quebrado muitas coisas e pareça imprestável; mesmo que vá dar muito trabalho consertá-la, Conserte-a!
Não descarte seus pais, seus filhos, seu cônjuge, seus amigos. Não descarte a si mesma! É possível a restauração!
A pessoa deprimida é aquela que doou tudo de si, que esvaziou-se por completo para alcançar algo que ela considerava um bem... A pessoa deprimida precisa de companhia. Alguém que ajude a encontrar o melhor material para preencher os vazios que a depressão causou. Que ajude a aparar as arestas. Alguém que a queira nova outra vez
Se, para todo bem, há uma participação Divina, Deus neste momento está providenciando o necessário para que você encontre forças e alternativas para ajudar
Se você está em depressão, erga os olhos. A ajuda vem do alto. Mas também vem dos lados: de um abraço, uma conversa, uma carta, um e-mail. Lembre-se de que, para Deus, tudo é possível. É possível ser uma mesa nova!
A depressão é uma travessia, um estado de espírito, um momento... Ela pode durar muito ou pouco. Mas, em qualquer das hipóteses, fica mais fácil na companhia de Deus, da família, e dos amigos verdadeiros. Confie!

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

PESSOAS FELIZES

Texto de Socorro Acioli

Existem pessoas admiráveis andando em passos firmes sobre a face da Terra. Grandes homens, grandes mulheres, sujeitos exemplares que superam toda desesperança. Tenho a sorte de conhecer vários deles, de ter muitos como amigos e costumo observar suas ações com dedicada atenção. Tento compreender como conseguem levar a vida de maneira tão superior à maioria, busco onde está o mistério, tento ler seus gestos e aprendo muito com eles.
De tanto observar, consegui descobrir alguns pontos em comum entre todos e o que mais me impressiona é que são felizes. A felicidade, essa meta por vezes impossível, é parte deles, está intrínseco. Vivem um dia após o outro desfrutando de uma alegria genuína, leve, discreta, plantada na alma como uma árvore de raízes que força nenhuma consegue arrancar.
Dos felizes que conheço, nenhum leva uma vida perfeita. Não são famosos. Nenhum é milionário, alguns vivem com muito pouco, inclusive. Nenhum tem saúde impecável, ou uma família sem problemas. Todos enfrentam e enfrentaram dissabores de várias ordens. Mas continuam discretamente felizes.
O primeiro hábito que eles têm em comum é a generosidade. Mais que isso: eles têm prazer em ajudar, dividir, doar. Ajudam com um sorriso imenso no rosto, com desejo verdadeiro e sentem-se bem o suficiente para nunca relembrar ou cobrar o que foi feito e jamais pedir algo em troca.
Os felizes costumam oferecer ajuda antes que se peça. Ficam inquietos com a dor do outro, querem colaborar de alguma maneira. São sensíveis e identificam as necessidades alheias mesmo antes de receber qualquer pedido. Os felizes, sobretudo, doam o próprio tempo, suas horas de vida, às vezes dividem o que tem, mesmo quando é muito pouco.
Eu também observo os infelizes e já fiz a contraprova: eles costumam ser egoístas. Negam qualquer pequeno favor. Reagem com irritação ao mínimo pedido. Quando fazem, não perdem a oportunidade de relembrar, quase cobram medalhas e passam o recibo. Não gostam de ter a rotina perturbada por solicitações dos outros. Se fazem uma bondade qualquer, calculam o benefício próprio e seguem assim, infelizes. Cada vez mais.
O segundo hábito notável dos felizes é a capacidade de explodir de alegria com o êxito dos outros. Os felizes vibram tanto com o sorriso alheio que parece um contágio. Eles costumam dizer: estou tão contente como se fosse comigo. Talvez seja um segredo de felicidade, até porque os infelizes fazem o contrário. Tratam rapidamente de encontrar um defeito no júbilo do outro, ou de ignorar a boa nova que acabaram de ouvir. E seguem infelizes.
O terceiro hábito dos felizes é saber aceitar. Principalmente aceitar o outro, com todas as suas imperfeições. Sabem ouvir sem julgar. Sabem opinar sem diminuir e sabem a hora de calar. Sobretudo, sabem rir do jeito de ser de seus amigos. Sorrir é uma forma sublime de dizer: amo você e todas as suas pequenas loucuras.
Escrevo essa crônica, grata e emocionada, relembrando o rosto dos homens e mulheres sublimes que passaram e que estão na minha vida, entoando seus nomes com a devoção de quem reza. Ainda não sou um dos felizes, mas sigo tentando. Sigo buscando aprender com eles a acender a luz genuína e perene de alegria na alma. Sigamos os felizes, pois eles sabem o caminho.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

O FLAGRANTE

Texto de Hamilton Silva


Na atualidade, o homossexualismo, masculino e feminino, está banalizado no Brasil. Constituindo até crime de homofobia quem discriminar um homossexual publicamente, segundo lei criada nesse governo petista. Havendo, inclusive, uma quase total tolerância pela sociedade e até uma orientação, por parte das autoridades do Ministério da Educação, para que as crianças o tolerem e o aceitem nas redes escolares públicas. A meninada tem até acesso às cartilhas governamentais que a orienta, com naturalidade, esse tipo de coisa. Mas na década de 1950, os parâmetros eram outros, o tema era tabu e totalmente execrado quem o praticasse. Principalmente por pessoas da sociedade. Apesar da prática já existir desde quando esse mundo é mundo.
Conta-se que, naquele período, na cidade de Pombal, no Sertão da Paraíba. O promotor local, muito respeitado nos meios forenses, foi flagrado ao ser enrabado num quarto do hotel em que se hospedava. Consequentemente, um grande fuxico, hoje fofoca, tomou conta da cidade. José de Belarmino, conhecido poeta popular nas redondezas, glosou o acontecimento da seguinte forma:
Hoje o mundo está virado
Eu não tenho jeito a dar
Nunca ouvi falar
Em promotor transviado.
Se trancou com um tarado
Foi o maior sururu
Encontraram aquele angu
O cabra tirando a vara.
É muito bonito a cara
De um promotor dando o cu.
Aproveitando o tema, poeta popular, na cidade pernambucana de Caruaru - conhecida como Capital do Forró - como em toda cidade interiorana, na década de 1950, havia um ponto de encontro, de intelectuais e amigos do dono do estabelecimento. Era a Farmácia Franceza, (com z mesmo), do major Sinval, nas horas vagas, poeta popular. Era sogro do escritor e compositor, Nelson Barbalho, autor da música, A Morte do Vaqueiro, gravada por Luiz Gonzaga. Entre os frequentadores, havia o grande repentista paraibano, Pinto do Monteiro, uma fera na viola. O estabelecimento ficava próximo à zona do baixo meretrício. Pinto, de vez em quando, dava umas paradas na farmácia, que ficava no térreo da residência de Sinval, durante suas idas a ZBM. O repentista, segundo Nelson Barbalho, era "meio azarado, toda mulher com quem brincava não era da sua bitola". Certa vez disse à Sinval que "lá na zona só encontro mulher frouxa, cada folote desgraçado". Barbalho aproveitou e inventou o mote: "Não existe mulher frouxa, mas homem do cipó fino". E Sinval, em seguida, o glosou:
Desde o tempo da mirôcha
A verdade é uma só
Em matéria de cipó
Não existe mulher frouxa
Cabra capado, sem trouxa,
Da bilola de menino,
Somente por ser franzino
É que fala de frouxura;
É homem, tal criatura,
Mas homem do cipó fino.
 

domingo, 11 de outubro de 2015

EU ESTAVA LÁ...

Texto de Aloisio Guimarães

Completou 48 anos a maior goleada da história do CSE de Palmeira dos Índios sobre o ASA de Arapiraca: CSE 7 x 1 ASA.
CSE x ASA fazem o famoso "Clássico do interior", assim chamado devido a gigantesca rivalidade que existia entre as duas cidades interioranas, enquanto que CSA x CRB disputam o “Clássico das multidões”, por serem os maiores clubes e donos das maiores torcidas de Alagoas.
O jogo histórico, que até hoje é motivo de gozação, aconteceu no dia 10 de outubro de 1967, em Palmeira dos Índios, válido pelo campeonato alagoano de futebol.
Naquele dia, as equipes, dois verdadeiros timaços, jogaram assim:
CSE: Pompeia; Deda, Dija, Givaldo e Zé Leite; Pivete e Zé Pequeno; Roberval, Deo, Saci e Cabeludo.
ASA: Cocorote (Dízio); Sóstenes, Dida, Joãozinho e Hélio; Massagana, Sabará e João Carlos; Panquela, Zito e Fernando Leite.
Na foto abaixo uma formação do CSE da época, não exatamente a deste jogo.
Em pé: Deda, Zé Luiz, Normando, Dija, Mario e Zé Leite.
Agachados: Roberval, Salê, Brás, Aranha e Guaraná. 
O goleiro Zé Luiz, se transferiu para o CSA e depois para o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, onde jogou por alguns anos.

SÃO PAULO: UMA CIDADE ADMINISTRADA PELO PT

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

RÁS GONGUILA

Texto de Carlito Lima

Uma cidade não é feita apenas de prédios, ruas, avenidas, praias, parques, praças e jardins. Ela é feita, sobretudo, pelos habitantes, pelas histórias, pelas tradições. Devemos dar valor às pessoas, desde a Maria do cafezinho no escritório ao governador do Estado, somos única massa, única sociedade, injusta, mas somos.
Figuras marcantes dessa cidade de Nossa Senhora dos Prazeres, tornaram-se lendárias pela personalidade, originalidade, trabalho e coragem.
A história oficial contará a vida dos fidalgos, políticos, artistas e intelectuais. As figuras humildes, anônimas, porém, importantes na vida cultural, econômica e política da cidade, são esquecidas na história oficial.
No século passado, um negro forte, alto, marcou nossa comunidade, Rás Gonguila, dizia-se príncipe, descendentes de Reis e Rainhas da Etiópia, trazidos escravos, tornaram-se lideres, fugiram com Zumbi, formaram a República dos Palmares. Gonguila tinha maior orgulho de sua ancestralidade e de seu título nobiliárquico africano, Rás.
Exímio engraxate, cadeira na Rua do Comércio, clientela conhecida, políticos, funcionários, poetas, escritores, ficavam esperando a graxa, conversando. O ponto da graxa tornou-se encontro de desocupados.
Gonguila alegre, divertido, carnavalesco, criou, administrou, comandou o bloco "Cavaleiro dos Montes". Todo ano saía à frente do bloco arrastando multidão, orquestra de frevo tocando “Vou Botar Fora”, “Vassourinhas”. A moçada caía no passo. Bloco de carnaval, único nivelador da sociedade, misturavam-se pedreiros, engenheiros, médicos, enfermeiros, desempregados, filhinhos de papai, prostitutas, soldados.
O Negão morava na Ponta Grossa, cidadão respeitado. Na época não havia associação de moradores, os líderes lutavam pela melhoria de vida de sua comunidade.
Na eleição de 1950, Theobaldo Barbosa, assessor de Arnon de Mello, candidato a governador, havia feito contato com Gonguila de muita ascendência sobre os apanhadores, catadores de sururu da Ponta Grossa, Vergel do Lago, na beira da Lagoa Mundaú. Arnon se dispôs a visitá-lo. O encontro foi marcado.
Na hora exata, Arnon e Theobaldo desceram do carro ao lado de um mal iluminado galpão, onde a turma aguardava reunida. Arnon vendo no lusco-fusco a figura do líder, avantajada estatura, de branco, negro de lábios grossos, nariz chato, perguntou em voz baixa a Theobaldo como era mesmo o nome do cidadão. Nisso a figura vem se aproximando dos dois políticos, Theobaldo, então, cochicha no ouvido de Arnon:
- Gonguila...
No momento da resposta de Theobaldo, gritavam “Viva Dr. Arnon!”;  a plebe ignara respondia “Viva!”. Arnon ouviu mal o Theobaldo, não teve tempo de cotejar. Gonguila estendeu-lhe a mão dando:
- Boa noite.
Arnon ofereceu também sua mão num respeitável cumprimento, dizendo:
- Boa noite, seu Gorila.
Gonguila não teve dúvida, retrucou firme e de bom tom:
- Gorila é a puta que o pariu, Arnon! Meu nome é Gonguila, Rás Gonguila!
Apesar das caras amarradas, alguém soltou uma gargalhada, quebrou o gelo. Arnon desculpou-se, deu um abraço forte no Negão, conversou com os catadores, catou os votos. Teve excelente votação no reduto do inimigo, governador Silvestre Péricles, ganhou a eleição, tornou-se governador do Estado.
Políticos durante campanha eleitoral procuravam Gonguila. Candidatos a vereador, prefeito, deputado, até presidente, disputavam o apoio. Na campanha à Presidência da República houve um comício pró Getúlio Vargas na Ponta Grossa, perto do cine Lux. O comício bem organizado, muitos oradores à cata de votos no populoso bairro. Certo momento, anunciaram o líder comunitário, o carnavalesco Rás Gonguila. Entregaram o microfone ao Negão. Ele não se fez de rogado, arrochou a voz em tom alto, gritando.
- Amigos da Ponta Grossa, O Doutor Getúlio é o pai dos trabalhadores do Brasil. Getúlio é o maior brasileiro vivo, merece nosso voto...
Um bêbado, colega de copo de Gonguila, assistia o comício embaixo do caminhão. Impressionado com tantos elogios ao Dr. Getúlio, do chão, gritou debochado, gozando o amigo:
- Dá o cu a ele, Gonguila!
O Negão parou a fala, olhou para baixo, identificou o bêbado, apontou o dedo para o amigo, gritou alto ao microfone.
- Como o seu, e o dele!
O animador puxou o microfone de Gonguila, continuou o comício:
- Depois das brilhantes palavras de nosso Rás Gonguila, vamos ouvir agora o deputado Ari Pitombo!
Assim era o Negão, não tinha papa na língua, nem se intimidava com figurões. Apesar de analfabeto, preto, pobre, impunha respeito por sua liderança, honestidade, amor à cidade de Maceió. Os nomes dos grandolas daquela época estão nas placas de ruas, colégios, praças. O nome de Gonguila resta apenas em lembranças, em alguns corações anônimos, amantes dessa cidade.