terça-feira, 22 de março de 2016

NOVA JERUSALÉM: PAIXÃO DE CRISTO

Texto de Aloisio Guimarães

O espetáculo da encenação da "Paixão de Cristo", em Nova Jerusalém, Pernambuco, é uma prova de que, quando a coisa é bem produzida, ele rende frutos. Somente Plínio Pacheco, um homem de visão e consciente da qualidade do seu produto final, seria capaz de edificar um teatro, de dimensões consideráveis, em Brejo de Madre de Deus, uma cidadezinha perdida no agreste pernambucano, no “meio do mato”, onde “só vai lá quem tem negócio”.
Sempre me disseram que era uma correria tremenda para se deslocar de um cenário para o outro para não perder as cenas. Não é verdade: assiste-se todas as cenas, andando normalmente, de um cenário ao outro, sem precisar correr.  E mesmo que quisesse correr, seria impossível, dado o número de pessoas presentes - algo em torno de 10 mil espectadores.
A Paixão de Cristo que ali é encenada, durante três horas, é um espetáculo deslumbrante, com tudo perfeito: atores, figurino, sistema de som, iluminação e seus efeitos luminosos.
Um fato chama a atenção: apesar dos inúmeros ônibus, vans e carros particulares, o trânsito fluiu normalmente, tanto na chegada como na saída.
Algumas impressões que tive do espetáculo:
● O SERMÃO
Ao contrário do que esperava, para mim, a encenação do "O Sermão da Montanha" foi a parte mais emocionante do evento. Inicialmente imaginava que seria a "Ressurreição de Cristo" e não foi.
● O TEMPLO DE JERUSALÉM
Apesar de bem feita, acredito que a sua encenação está inclusa no espetáculo por se tratar de uma das passagens mais conhecidas da vida de Jesus.
● O CENÁCULO
É um verdadeiro espetáculo dentro do espetáculo. É a melhor fotografia de toda a encenação. Na “Santa Ceia”, durante alguns segundos, os atores ficam paralisados tal qual vimos no quadro pintado por Leonardo da Vinci.
● O HORTO
Dentro das expectativas: a consumação da traição de Judas e a prisão de Jesus.
● O PALÁCIO DE HERODES
Para mim, é, “disparada”, a melhor parte do espetáculo. O "Bacanal no Palácio do Rei Herodes" é impecável, perfeito, tanto por parte dos atores principais como por parte de vários figurantes, não sendo possível ser mais explícito do que o apresentado.
● O FORUM ROMANO
Aqui se dá o julgamento de Jesus, tal qual observamos nas mais variadas encenações mundo afora, tanto com relação a atenção do público como pela dramaticidade dos atores.
● A VIA SACRA
Poderia ser mais bem produzida, explorando o sofrimento de Jesus com mais intensidade e dramaticidade.
● O CALVÁRIO
O enforcamento de Judas é um dos seus pontos altos, sendo aplaudido pelos presentes.
As marteladas nos pregos, durante a crucificação, ecoam pelo teatro, provocando silêncio e reflexão na plateia.
No momento da morte de Cristo, é muito bem feita a representação de um terremoto, com efeitos especiais, representando uma tempestade.
● O SEPULCRO
A falta de diálogo, ou o pouco diálogo da cena, transforma o "Sepultamento e Ressurreição de Cristo" em cenas comuns, sem a emoção que deveriam ter, mesmo sendo muito bem representada a “subida do Espírito Santo ao céu”, através de um pequeno balão azulado.
 MELHOR ATOR
O “global” Antonio Calloni, no papel de Herodes.
Foi o que vi...
Com certeza, voltaria novamente.

Um comentário: