segunda-feira, 30 de maio de 2016

MATANDO A SEDE

POSTAGEM ALOISIO GUIMARÃES

Por volta dos anos setenta, século passado, morou em Belo Monte, pequena cidade do interior alagoano, situada às margens do “Velho Chico”, um sujeito conhecido como “Pedro da venda”. O seu nome/apelido decorria do fato de que o sujeito era dono da bodega mais equipada do lugarejo e, por isso mesmo, era considerado, pelos matutos da região como “um cabra rico”.
Além de ser um sujeito “desbocado”, o “Pedro da venda”, costumava esnobar a sua “riqueza” fazendo farras nos povoados da região, sempre acompanhado das “primas” (eufemismo para “quenga”, “raparigas”...). Com o passar dos tempos, “Pedro da venda” também ficou famoso por conta dessa peculiaridade.
Certo dia, “Pedro da venda”, acompanhado de duas mulheres, chegou em um desses povoados e, como fazia muito calor, foram direto à única venda ali existente, cujo dono era o Pastor da Igreja Batista local. Ao entrar no estabelecimento, “Pedro da venda” logo gritou:
- Cidadão, desce uma Coca-Cola bem gelada!
Naquele tempo, a “Coca-Cola de 1 litro” era chamada de “Coca-Família”...
Ao ouvir o pedido, o pastor pergunta:
- "Família", senhor?
No que “Pedro da venda” responde:
- Família?! Nãaaao! As duas são putas mesmo!
Nesse dia, “Pedro da venda” e suas “primas” não conseguiram “matar a sede”...

sábado, 28 de maio de 2016

sexta-feira, 27 de maio de 2016

CAPIXABA

Texto de Carlito Lima

Era uma vez em Maceió um jovem de apelido Capixaba, por ter nascido no Espírito Santo, seu nome de batismo, Osvaldo Carlos do Rego Couto, poucos conheciam. Viveu a juventude na areia branca da praia da Avenida da Paz, excelente ponta direita do Avenidense Futebol Clube. Forte, musculoso, xodó das meninas, cuidava de seu corpo como um bom narcisista. Desde cedo apreciou boas mulheres, bons papos, inteligência e raciocínio rápidos lhe davam o toque de bom humor e alegria. Excelente contador de história, prendia atenção ao contar suas aventuras.
Mudou-se para Brasília, nunca perdeu o contato com os companheiros de juventude, gentil, quando visitava Maceió distribuía presentes entre os amigos. Tinha simpatia e alegria, inatas, um ser humano de bem com a vida. Na última vez que almoçamos juntos, festa de fim-de-ano do Cáo, relembramos grandes noitadas, aventuras de jovens cheios de sonhos e de irresponsabilidades. A vida de Capixaba é um livro bem humorado, ainda não escrito.
Capixaba gostava de carnaval, certa vez acompanhando o Bloco Cavaleiro dos Montes numa manhã quente de Banho de Mar à Fantasia, a moçada enlouquecia ao tocar o frevo Vassourinhas, Capixaba recebeu uma cotovelada na cara, caiu no asfalto, atordoado. Ao recuperar-se da pancada identificou o agressor, nada menos que Porreta, um baiano, alto, forte, arruaceiro de zona, certa vez lutou e bateu em três policiais na Boate Tabariz em Jaraguá. O marginal Porreta era conhecido nas baixas rodas por ser briguento e por ser também travesti, "Madame Satã" de Maceió. Todos tinham medo de Porreta, bicha macho para ninguém botar defeito. Capixaba inconformado desafiou o meliante para um duelo, a arma, as mãos, num vale tudo, dali a um mês, na Praça Sinimbu às 20 horas. Porreta não refugou, topou a parada.
Capixaba começou a preparar-se para grande luta. Boêmios, prostitutas, policiais, políticos, desocupados, comentavam o desafio, maior expectativa. Capixaba treinava o corpo, corria diariamente às 5:00 h. da manhã do coreto da Avenida ao Morro Tom Mix, onde hoje é a Braskem, ida e volta.
Naquela época, Nezito Mourão, um dos maiores beques do Brasil, jogava pelo CRB, depois jogou no Santos com Pelé, campeão do mundo em 61-62, havia aberto uma Academia de Boxe, Capixaba se matriculou, recebeu aulas técnicas de murros e defesas, preparando-se para enfrentar o Porreta. Certa vez “brigaram” em treinamento, Capixaba de repente aproveitou uma guarda aberta de Mourão, deu-lhe um soco no olho, zonzou, o becão tentou dar o troco no indisciplinado aluno, entretanto, Capixaba com medo do revide correu em disparada foi bater em Marechal Deodoro. Fez parte do treinamento.
Certa manhã, Capixaba avistou dois marinheiros ingleses caminhando pela Avenida da Paz em direção ao cais do porto, ele gritou “Son of bich”, os marinheiros não gostaram, continuaram a caminhada, Capixaba correu atrás, provocando, deu um tapa em cada inglês. Iniciou no calçadão uma briga de cinema, dois contra um. Lutaram até cansar. Assim eram os treinos para enfrentar Porreta, a nossa "Madame Satã".
Afinal, chegou a noite esperada ansiosamente pela população de Maceió. Alguns amigos acompanharam nosso herói até a Praça Sinimbu. Ao se aproximar do local, ouviu o grito provocativo do Porreta com as mãos nos quartos, “Preparou-se para levar a maior surra de sua vida?”
Tiraram relógio, camisa, sapatos. Os assistentes formaram um círculo deixando os dois lutadores no centro. Aconteceu uma das maiores lutas já presenciada nas Alagoas e alhures. Primeiros movimentos, adversários se estudando, alguns ataques, outras defesas, jogo de pernas. De repente rápidos murros, socos na cara, na barriga, às vezes se atracavam, se soltavam, não havia juiz para separar. Esmurraram-se, se digladiaram por mais de uma hora, suavam, sangravam.
Estavam cansados, Capixaba distraiu-se em guarda, Porreta aproveitou, acertou um soco desconcertante na cara, nosso amigo caiu no chão, jorrando sangue pela boca.  A raiva subiu para cabeça, Capixaba num ímpeto incomunal levantou-se num pulo dando cabeçada no peito do surpreso Porreta, "Madame Satã" caiu de costas, abriu a cabeça no calçamento, sangrou. Ato contínuo, Capixaba montou por cima de Porreta, não perdoou, esmurrando-o incessantemente.
Retiraram Capixaba de cima de "Madame Satã" nocauteado, sangrando, imediatamente levaram-no para o Pronto Socorro, quatro dentes quebrados, muito sangue. Assim acabou o reinado de Porreta, o baiano mais macho do Brasil.
Capixaba também acabou seu reinado nesse mundo. Resta agora lembranças, contar suas histórias, ou dançar um tango.

quarta-feira, 25 de maio de 2016

O PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO

Texto de Jô Soares

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência; é velho, está superado. Não tem automóvel, é um pobre coitado; tem automóvel, chora de “barriga cheia“. Fala em voz alta, vive gritando; fala em tom normal, ninguém escuta. Não falta ao colégio, é um “caxias”; precisa faltar, é um “turista”. Conversa com os outros professores, está “malhando“ os alunos; não conversa, é um desligado. Dá muita matéria, não tem dó do aluno; dá pouca matéria, não prepara os alunos. Brinca com a turma, é metido a engraçado; não brinca com a turma, é um chato. Chama a atenção, é um grosso; não chama a atenção, não sabe se impor. A prova é longa, não dá tempo; a prova é curta, tira as chances do aluno. Escreve muito, não explica; explica muito, o caderno não tem nada. Fala corretamente, ninguém entende; fala a “língua do aluno”, não tem vocabulário. Exige, é rude; elogia, é debochado. O aluno é reprovado, é perseguição; o aluno é aprovado, deu “mole“.
É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até aqui, agradeça a ele!

terça-feira, 24 de maio de 2016

SEMENTES OU ARMAS?

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Você pode apresentar as suas ideias a outros como armas” ou “sementes”.
Você pode dispará-las ou plantá-las; pode ferir a cabeça das pessoas com elas ou plantá-las nos seus corações.
Ideias, usadas como armas, matam a inspiração e neutralizam a motivação. Já, usadas como sementes, criam raízes, desenvolvem-se e tornam-se realidade na vida das pessoas nas quais foram plantadas.
O único risco da semente é este: assim que ela crescer e tornar-se parte da pessoa na qual foi plantada, você, provavelmente, não terá nenhum mérito por ter sido o autor da ideia. Mas, se você estiver disposto a fazer isso, sem receber mérito, terá certamente, uma colheita abundante!

segunda-feira, 23 de maio de 2016

PRO CEMITÉRIO!

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Contam que, certa vez, numa pequena cidade do interior do Brasil vivia um homem chamado “Zé Muxoxo”, figura folclórica, conhecido por todos pelo seu desânimo, suas reclamações constantes, seu pessimismo e, principalmente, por sua enorme preguiça.
O cara vivia descontente com a vida. Para ele tudo era difícil, muito, muito difícil. Por isso mesmo. Ele tomou uma atitude radical: decidiu que era melhor e mais fácil morrer do que continuar vivendo. Com este pensamento, ele entrou comprou um caixão de defunto, entrou e pediu aos seus amigos que o levassem para o cemitério.
Foi atendido...
Pense num burburinho... A cidade toda parou para assistir a enterro de um “defunto vivo”!  Á medida que passava, o cortejo ganhava acompanhantes; uns, penalizados; outros, revoltados e outros, curiosos.
Ao se aproximarem do cemitério, “Pedrinho da Rosa”, o maior amigo de "Zé Muxoxo", abriu o caixão e fez um último apelo:  
- Zé, não faça isso! Tanta gente querendo viver, esforçando-se para isso, e você desistindo da vida? Tire essa ideia louca da cabeça, meu amigo!
O homem abriu a tampa do caixão e retrucou:
- Não adianta. Não quero mais viver. Estou cansado de ter de lutar para sustentar a minha casa, ter de trabalhar para ganhar a minha comida. Eu desisto!
O amigo, querendo demovê-lo da ideia, avisou:
- Não seja por isso, Zé. Olhe, eu dou duzentos quilos de arroz para você, de graça. Tão cedo você não vai precisar trabalhar para se manter.
Zé Muxoxo revirou os olhos, coçou o queixo, pensou, refletiu e depois perguntou:
- Esse arroz seria em “palha” ou “beneficiado”?
No que seu amigo respondeu:
- Em “palha”, Zé...
Ao ouvir a resposta, o preguiçoso do "Zé Muxoxo" fechou a tampa do caixão e gritou para os outros amigos que o carregavam:
- Rapaziada, pro cemitério! 

sábado, 21 de maio de 2016

REGRAS DO "FUTEBOL DE RUA" DE ANTIGAMENTE

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

O texto a seguir, recebido pelo WhatsApp, retrata com fidelidade a infância que milhões de brasileiros tiveram. Foi uma época onde as crianças podiam brincar na rua, a qualquer hora do dia, sem violência e sem drogas. Infelizmente, hoje, milhões de brasileirinhos não sabem o que é “cabra-cega”, “garrafão”, “pinhão”, “ximbra”... Hoje, milhões de crianças brincam sozinhas, presas em suas casas. Elas jamais tiveram a liberdade de jogar futebol na rua, com “bola de borracha” (que saudade da “Bola Pelé”), “bola de meia” ou até mesmo “bola de couro” (chamadas de “couraças”), onde as regras abaixo eram, rigorosamente, respeitadas:

 01. Os dois melhores jogadores não podem estar no mesmo time. Logo, eles tiram “par ou ímpar” e escolhem os times.

02. Ser escolhido por último é uma grande humilhação.

03. Um time joga sem camisa e o outro com camisa.

04. O pior de cada time vira goleiro, a não ser que tenha alguém que goste de agarrar.

05. Se ninguém aceita ser goleiro, adota-se um rodízio: cada um agarra até sofrer um gol.

06. Quando tem um pênalti, sai o goleiro ruim e entra um bom, só para tentar pegar a cobrança.

07. Os piores de cada lado ficam na zaga.

08. O dono da bola joga no mesmo time do melhor jogador.

09. Não tem juiz.

10. As faltas são marcadas no grito: se você foi atingido, grite como se tivesse quebrado uma perna e conseguirás a falta.

11. Se você está no lance e a bola sai pela lateral, grite "É nossa!" e pegue a bola o mais rápido possível para fazer a cobrança (essa regra também se aplica ao "escanteio").

12. Lesões como “arrancar a tampa do dedão do pé”, “ralar o joelho”, “sangrar o nariz” e outras são normais.

13. Quem chuta a bola para longe tem que buscar.

13. Lances polêmicos são resolvidos no grito ou, se for o caso, na porrada.

15. A partida acaba quando todos estão cansados, quando anoitece, quando a mãe do dono da bola manda ele ir para casa ou aquela vizinha prende a bola que caiu na casa dela ou corta a bola.

16. Mesmo que esteja 15 x 0, a partida acaba com "quem faz, ganha".

Lembrou tua infância? Então fostes uma criança normal.

Dessa forma, foi minha infância

sexta-feira, 20 de maio de 2016

GOLPE NO BRASIL?

Texto de Rafael Rosset

Um francês, observando o tapete vermelho de Cannes, vê um ator brasileiro segurando cartaz onde se lê "Un coup d'etat a eu lieu au Brésil". Atônito, ele pergunta à pessoa ao lado, que por coincidência também é um artista brasileiro, com uma camiseta do Che:
- Que absurdo, aqui ninguém ouviu falar de um golpe de estado no Brasil! É verdade isso?
- Sim, claro. Acabaram com a democracia no Brasil.
- Mas houve presos políticos? Manifestações contra o governo reprimidas?
- Não, na verdade, muita gente saiu às ruas para apoiar a presidente apeada, e ninguém foi preso.
- A imprensa foi censurada? Jornalistas expulsos?
- Não, na verdade, vários blogs, revistas e jornais se posicionaram, abertamente, a favor da ex-presidente e ninguém foi censurado.
- E a presidente, foi detida?
- Na verdade, ela agora está morando num palácio de 7.000 metros quadrados, reformado há 10 anos ao custo de quase US$ 20 milhões, com direito a uma equipe de 80 pessoas, segurança institucional e avião da Força Aérea à sua disposição.
- E o judiciário? O habeas corpus foi suspenso, certo?
- Não, na verdade, quem determinou o rito do impeachment foi o Supremo Tribunal Federal e o novo presidente foi empossado pelo Tribunal Superior Eleitoral, cujo presidente, inclusive, foi advogado do governo antes de ser juiz.
- Ah...
- Mas, olha, vários países estão denunciando o ataque à democracia no Brasil, viu? Cuba, Venezuela, El Salvador...
- Você quer dizer aqueles países que mantém presos políticos, reprimem violentamente manifestações contra o governo, censuram a imprensa e expulsam jornalistas estrangeiros, aparelham o judiciário e ou não fazem eleições livres há mais de meio século ou não permitem que observadores internacionais independentes acompanhem suas eleições?
- É.
- Com licença, amigo brasileiro, acho que ouvi chamarem meu nome em algum lugar, preciso ir.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

NÊGO JAIME

Texto de Carlito Lima

Uma cidade não é feita apenas de prédios, parques, jardins, ruas e praias, uma cidade tem espírito, tem alma, essa alma é o povo, os viventes, sua memória. Algumas personagens se destacam em cada época. A história pode esquecer de certos nomes de autoridade, deputado, senador, de brilho fugaz, entretanto, figuras populares tornam-se inesquecíveis, ficam na história da cidade.
Em Maceió havia um negro, forte, espadaúdo, bonito, mais de 1,90 metros, enfermeiro da Rede Ferroviária, boêmio, calmo como um budista, contudo, não levava desaforo para casa, assim era Nêgo Jaime.
Certa vez, no Bar do Relógio, ponto de boemia, de virada de noite de Maceió, dois marinheiros bêbados tomavam a saideira antes de retornarem ao navio, ao avistarem Nêgo Jaime solitário em uma mesa, um marujo arrotando superioridade entregou-lhe uma dose de cachaça:
- Toma, Nêgão, quero ver se você é bom.
Jaime, na maior paciência, disse estar apenas de cervejinha, no outro dia tinha trabalho. O marinheiro insistiu, provocando:
- Você não é homem, Negão?
Jaime não teve dúvida, levantou-se, deu um murro no marinheiro, iniciou uma batalha. Os marinheiros eram bons de briga, entretanto, Nêgo Jaime estava com demônio no corpo. Mais de uma hora de luta entre murros e golpes, Jaime bateu como sabia, com raiva, quase mata os marujos. Levaram os dois para o Pronto Socorro. Precisou entendimento entre a Capitania dos Portos e a Rede Ferroviária, os da Marinha queriam pegar, prender Nêgo Jaime, só houve sossego quando o navio partiu.
O Nêgo era calmo, não provocava arruaça, contudo, não sei se por beleza física ou influência da cor, atraia provocadores. Toda sexta-feira Nêgo Jaime se juntava a amigos para uma cervejinha no Bar da Maravilha antes de ir à Zona de Jaraguá. Numa dessas noites chegaram três playboys de lambreta provocando todo Bar da Maravilha, encrencaram com o Nêgo, ele se vestia bem, terno branco, preferiu se retirar, deixou os provocadores, foi aos braços de Lourdinha na Boate Tabaris. Na sexta-feira seguinte aconteceu a mesma provocação dos lambretistas, Nêgo Jaime saiu do Bar. Na terceira sexta-feira, Nêgo Jaime chegou requintado, terno de linho branco, segurando o paletó entre os dedos, pediu cerveja, ficou observando o movimento aguardando a hora da zona em Jaraguá. De repente apareceram os três lambretistas fazendo zoada. Ao sentarem iniciaram a perturbar:
- Olha aí, o Picolé de Onça todo de branco. Macaco de branco fica bonito.
Jaime se aproximou na maior calma, nem conversou, rodou o paletó na cara do primeiro, o lambretista beijou o chão, ao se levantar levou outra paletozada, ficou estatelado, o Nêgão virou-se e rodou e bateu o paletó num lourinho metido a James Dean que arriou no calçamento. Desesperados, os playboys montaram suas lambretas, partiram sem destino. Nunca mais apareceram às sextas no Bar Maravilha. Nêgo Jaime mostrou sua estratégia ao dono do bar, descosturou a manga do paletó, retirou pesadas e bem arrumadas britas dentro das mangas, Nêgo Jaime era criativo, inventou uma arma urbana. Até hoje essa briga é comentada, tornou-se lenda no bairro boêmio de Jaraguá.
Jaime tinha um chamego com a Nêga Jandira, dona de um bar no bairro do Poço, todo ano desfilavam pela Escola de Samba Unidos do Poço. Jandira era a porta estandarte, bonita, sabia requebrar, a maravilhosa bunda deixava a moçada de água na boca. No carnaval, a Unidos do Poço desfilava para valer, tentava o terceiro campeonato seguido, Jandira fazia evoluções com o estandarte no ar, delirantemente aplaudida pelo povo na Rua do Comércio. Ao passar pelo palanque, defronte ao Cine São Luiz, Jandira deu tudo de si, Nêgo Jaime dançando, acompanhava mais atrás sua amiga evoluindo. De repente apareceu um popular, como disse o jornal, não aguentou, atravessou a corda de segurança, passou a mão na bunda da Jandira e agarrou-a à retaguarda. Foi preciso Jaime destravá-lo do abraço traseiro, deu-lhe um murro, o tarado caiu de costas junto à bilheteria do Cine São Luiz. Mesmo com esse inusitado acontecimento, como foi noticiado, os jurados compreenderam o desvario do tarado, deram à Unidos do Poço o título de tricampeã do carnaval alagoano.

domingo, 15 de maio de 2016

EXIGÊNCIAS DA VIDA MODERNA

Texto de Luis Fernando Veríssimo
PUBLICADO NO INFORMATIVO AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS

Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde sem açúcar para prevenir a diabetes.
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).
Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema nervoso. Um copo de cerveja, para… não lembro bem para o que, mas faz bem. O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente. E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para comer, serão cerca de cinco horas do dia…
E não esqueça de escovar os dentes depois de comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja, das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia. Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco comendo são vinte e uma. Sobram três, desde que você não pegue trânsito.
As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você, porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria, após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando. Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para comparar as informações.
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo - e nem estou falando de sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero que você não tenha um bichinho de estimação.
Na minha conta são 29 horas por dia. A única solução que me ocorre é fazer várias dessas coisas ao mesmo tempo! Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e escova os dentes.
Chame os amigos junto com os seus pais. Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher… na sua cama. Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir. É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro. E já que vou, levo um jornal…
Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!

segunda-feira, 9 de maio de 2016

OS HOMENS MAIS INTELIGENTES DO MUNDO

Texto de Luiz Ferreira da Silva
ENGENHEIRO AGRÔNOMO E ESCRITOR

A lista que se segue abaixo é uma citação de algumas das mentes mais privilegiadas do planeta em diferentes épocas. Os grandes gênios da História são conhecidos por suas incríveis capacidades intelectuais, bem como por sua intuição extraordinária, mas quase nunca falamos sobre seus Quocientes de Inteligência (QI).
Em um de meus trabalhos de Psicologia, apontei sobre as habilidades de pessoas superdotadas em diferentes faixas etárias, e atualmente estou dando início a um novo trabalho de pesquisa para a minha tese de doutorado no assunto.
Obviamente a lista está incompleta, porém não é nosso objetivo nesta divulgação expor os maiores QI’s do mundo, e sim apenas os maiores destaques intelectuais. Esta lista baseia-se em escores que, segundo alguns estudiosos, psicólogos e neuropsicólogos, devem ser refeitos segundo a análise das habilidades de tais pessoas. Abaixo, segue-se a lista de algumas das pessoas mais prodigiosas do mundo.
· ARISTÓTELES: QI = 240
O mais importante filósofo grego e que foi o primeiro a postular a Lógica formal (foi autor de numerosos trabalhos em áreas diversas como a Metafísica, a Física, a Ética, a Botânica e a Zoologia).
· ARQUIMEDES: QI = 230
Foi o maior físico da Antiguidade que determinou os princípios do chamado Cálculo cerca e vinte séculos antes de Leibniz e Newton (é considerado o maior inventor e matemático do passado).
· BLAISE PASCAL: QI = 225
Prodígio que realizou trabalhos excepcionais em Geometria, Física, Matemática e Geometria.
· ROBERT JAMES FISCHER: QI = 225
Prodígio, que está entre os três maiores jogadores de Xadrez do século XX, possui uma memória extraordinária a ponto de memorizar muitas partidas de Xadrez em períodos de tempo muito curtos (foi o único a vencer dois matches no Torneio de Candidatos por 6×0).
· SÓCRATES: QI = 225
Um dos maiores filósofos gregos do século V a.C.
· JOHANN CARL FRIEDRICH GAUSS: QI = 220
Prodígio de destaque desde a infância, exímio em Matemática e Astronomia.
· LEONHARD EULER: QI = 220
Prodígio em matemática e memorização.
· PAUL CHARLES MORPHY: QI = 220
Jogador de Xadrez (discípulo de Jacob Lowënthal, um dos mais conceituados do mundo).
· THOMAS ALVA EDISON: QI = 220
Grande inventor (a invenção da lâmpada é a mais lembrada).
· FIODOR DOSTOIEVCSKI: QI = 215
Um dos mais geniais e importantes escritores da história.
· EVARISTE GALOIS: QI = 210
Um matemático prodigioso, autor de diversos trabalhos de excelente expressão ainda muito jovem (antes de atingir os 21 anos de idade).
· ISAAC NEWTON: QI = 210
Maior cientista de todos os tempos (criador da teoria da gravidade e das leis da dinâmica).
· GALILEU GALILEI: QI = 200
Grande físico experimental de toda a história (antes de Isaac Newton).
· LEONARDO DA VINCI: QI = 200
Grande gênio que foi inventor, artista, engenheiro e anatomista (sua obra mais conhecida é Monalisa).
· WILLIAM SHAKESPEARE: QI = 190
Grande prodígio escritor e dramaturgo de toda a história.
· ANDREW WILES: QI = 187
Solucionador do problema do Teorema de Fermat (que ficou sem solução por mais de 3 séculos).
· MICHAEL FARADAY: QI = 180
Grande físico experimental de toda a história da ciência.
· MAICON SANTIAGO: QI = 172
Físico e astrônomo de origem espanhola de vasta erudição cientifica e prodígio desde a infância (propôs em 2010 uma interpretação muito abrangente do universo chamada Autotropia do Multiverso).
· DONALD BYRNE: QI = 170
Um dos melhores mestres de Xadrez do mundo do século XX.
· FRIEDRICH NIETZSCHE: QI = 170
Um dos filósofos mais importantes de todos os tempos.
· PAUL ALLEN: QI = 170
Grande prodígio da informática e Presidente da Apple.
· PLATÃO: QI = 170
Filósofo grego do século V a.C.
· RICHARD FEYNMAN: QI =170
Grande físico gênio do século XX.
· ISAAC ASIMOV: QI = 165
Um dos maiores escritores de ficção científica do século XX.
· LINUS CARL PAULING: QI = 165
Um dos maiores cientistas da história, ganhador de dois prêmios Nobel: Química e Paz.
· ALBERT EINSTEIN: QI = 160
Um dos maiores físicos geniais de toda a história da ciência (foi ganhador do Prêmio Nobel da Física e o cientista que formulou a Teoria da Relatividade Geral e que descreveu a estatística do movimento browniano).
· BILL GATES: QI = 160
Grande prodígio da informática e fundador da Microsoft.
· STEPHEN W. HAWKING: QI = 160
Físico e astrônomo inglês que realizou trabalhos excepcionais (junto com Roger Penrose) sobre os buracos-negros (e inúmeros outros trabalhos geniais em Física Teórica).
· JERRY LEWIS: QI = 145
Um dos maiores gênios do humor do século XX

domingo, 8 de maio de 2016

sábado, 7 de maio de 2016

AS TURISTAS

Texto de Carlito Lima

- Alô! O senhor tem apartamento mobiliado para alugar, por um mês? - perguntou ao telefone, voz feminina, sotaque sulista.
Santoro respondeu imediato:
- Tenho, minha senhora, um quarto e sala, na praia da Jatiúca. Interessa?
- Interessa. Posso vê-lo hoje às duas da tarde?
Santoro informou o endereço. Às 14:00 horas ele estava na portaria do prédio quando apareceram duas mulheres vestidas com saídas de praia, corpos bem torneados, divinas e maduras. Ana Lúcia, professora de música na USP e Paola, jornalista, ambas paulistas. Santoro ficou encantado com Ana Lúcia, simpática, envolvente, falante, risonha. Cabelos castanhos, rosto oval, olhos pretos brilhantes como uma estrela da tarde.
Elas gostaram do apartamento e da praia, fecharam negócio, um mês de aluguel adiantado, R$ 6.000,00. Santoro despediu-se, bolso cheio e o perfume de Ana Lúcia nas narinas. Em casa entregou o dinheiro à esposa, pagar contas atrasadas, nada como um dinheirinho fora da temporada. Santoro, funcionário público, comprou esse apartamento para melhorar a renda. Ganha um extra com a locação no verão quando Maceió se enche de turista, fora da temporada sempre pinga algum aluguel
Dia seguinte, na hora do almoço, atendeu o celular:
- Seu Santoro, é Ana Lúcia, a inquilina, será que o senhor pode nos dar algumas orientações sobre a cidade, aluguel de carro, e outras dúvidas?
Marcaram encontro às 19:00 horas no apartamento. Santoro, homem gentil, chegou na hora certa. Ao abrir a porta do apartamento uma grata surpresa, as belas mulheres estavam à vontade. Ana Lúcia, roupão de banho levemente aberto, brincou:
- Esteja em casa...
Revista na mão, Paola mostrou o que queriam, conhecer Alagoas, litoral norte, litoral sul, alugar um carro, ter uma pessoa que as orientasse, um guia turístico particular nesse mês de férias. Pagariam bem, pediram a Santoro indicar algum amigo ou amiga. R$ 150,00 a diária do guia, livre, refeições e outras despesas por conta delas.
Em casa Santoro contou à esposa a boa proposta das mulheres, estava pensando em seu cunhado, desempregado. Bernadete, mulher prática, sugeriu:
- Por que você não tira férias da repartição e pega esse serviço? Ainda pode alugar seu carro.
Santoro gostou da proposta, imposta, de Bernadete. Telefonou para as moças, acertaram. Dia seguinte, ele apareceu de bermuda na hora combinada. Santoro, surfista na juventude, fina estampa, forte, passou o dia mostrando algumas praias, à noite deu uma volta na orla com as paulistas. Dia seguinte rumaram às praias do litoral sul até a bela cidade de Penedo às margens do Velho Chico. Muito coqueiro, paisagem verde, as paulistas encantadas com a beleza dos mares e do Rio São Francisco. Tiveram uma boa surpresa, a conversa inteligente e culta de Santoro, homem chegado à leitura, profundo conhecedor da cultura nordestina. Em Penedo, pegaram dois apartamentos num hotel. Jantaram no Restaurante Rocheira, comeram, beberam e conversaram, sorriram bastante com as histórias do "guia". Eram duas horas da manhã quando retornaram ao hotel cantando pelas ruas bucólicas entre casas coloniais da velha cidade histórica.
Pela manhã, os boêmios acordaram em uma larga cama depois de uma inusitada noitada de amor a três, "ménage à trois".
As turistas passaram um mês percorrendo Alagoas, praia, sol, cultura, amor e boemia. Santoro guiou as paulistas com gentileza e carinho. As "coroas" ficaram fascinadas pela bela cidade histórica de Marechal Deodoro. Ana Lúcia e Paola jamais pensaram em conhecer tanta beleza, tanto divertimento, e o mais incrível, dividirem o “guia turístico” na cama.  Santoro viveu um sonho, um mês de amor com as paulistas. Recebeu o aluguel do carro, não quis receber o acertado como guia turístico, entretanto, elas fizeram maior questão, pagaram o contratado. Até que chegou o dia, Santoro levou seus dois "amores" ao aeroporto.
Bernadete amou o dinheiro das turistas, pagou dívidas, ainda sobrou. Para Santoro, restou lembrança e esperança, as turistas reservaram o apartamento. Final do ano elas vêm conhecer o resto das Alagoas.