terça-feira, 31 de janeiro de 2017

HAJA CONFEITO!

Texto de Aloisio Guimarães

Esse causo aconteceu na década de 70 - século passado, com o meu cunhado Jorge Borges, quando ele era gerente da agência do hoje extinto Banco do Estado de Alagoas - PRODUBAN, na cidade de Arapiraca, a mais progressista cidade do nosso estado.
Vamos a ele:
Em Arapiraca morava um cidadão de nome Alonso de Abreu. Dono de uma voz alta e inconfundível, “seu” Alonso era um homem de bem, um sujeito prestativo, um político com “P” maiúsculo, fazendo da política a arte de servir e não a de se servir. Pela sua conduta bonachão e prestativa, ele era um homem conhecido e querido pela população arapiraquense. Ninguém, em Alagoas, é capaz de apontar um desvio de conduta de “seu” Alonso, por menor que seja. Em que pese a seu prestígio político, “seu” Alonso era um homem de classe média, de poucos recursos.
Certo dia, precisando pagar algumas dívidas, já vencidas, o "seu" Alonso se dirigiu à agência do banco, com o intuito de tirar um empréstimo. Após analisar a Ficha Cadastral de Alonso de Abreu, o Jorge, dentro das limitações impostas pelo cadastro bancário e meio sem graça, falou:
- "Seu" Alonso, analisando o seu cadastro, só dá para o banco lhe emprestar dez mil cruzados (moeda da época). É o máximo que posso fazer.
Ouvindo a resposta do banco, por meio do meu cunhado, o velho Alonso, ferido no seu prestígio, gritou, para que todos dentro do banco ouvissem:
- Jorge, dez mil cruzados é o que meu filho Jarbas chupa de bombons por mês!
Dito isto, saiu, de cabeça erguida e nunca mais voltou ao banco.
Talvez, se “seu” Alonso fosse um político corrupto ou o meu cunhado um gerente trambiqueiro, tivesse ele conseguido um empréstimo vultoso a ser pago em modestas prestações mensais.

domingo, 29 de janeiro de 2017

PSICOTERAPIA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES 

Dr. Antônio Roberto,
Peguei meu carro e saí pra trabalhar, deixando meu marido em casa vendo televisão, como sempre. Rodei pouco mais de 1 km quando o motor morreu e o carro parou. Voltei pra casa, para pedir ajuda ao meu marido. Quando cheguei, nem pude acreditar, ele estava no quarto, com a filha da vizinha!
Eu tenho 32 anos, meu marido 34, e a garota 22. Estamos casados há 10 anos, ele confessou que estavam tendo um caso há 6 meses. Eu o amo muito e estou desesperada. 
Você pode me ajudar?
Antecipadamente grata, 
Patrícia
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Cara Patrícia,
Quando um carro para depois de ter percorrido uma pequena distância, isso pode ocorrer devido a uma série de fatores. Comece por verificar se tem gasolina no tanque. Depois veja se o filtro de gasolina não está entupido. Verifique também se tem algum problema com a injeção eletrônica. Se nada disso resolver o problema, pode ser que a própria bomba de gasolina esteja com defeito, não proporcionando quantidade ou pressão suficiente nos injetores. A pessoa ideal para ajudá-la seria um mecânico. Você jamais deveria voltar em casa para chamar seu marido. Ele não é mecânico. Assuma seu erro! Não repita mais isso.
Espero ter ajudado, 
Dr. Antônio Roberto.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

CONHEÇA A SUA CLIENTELA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

O vendedor de Aspirador de Pó bate à porta de uma casa, num vilarejo bem distante da cidade. Sem esperar resposta, avisa:
- Ô, de casa?! Estou entrando...
Em seguida, o homem entra na casa e joga grande quantidade de esterco de cavalo no tapete da sala.
A dona da casa, apavorada, pergunta:
- O senhor está maluco? O que pensa que está fazendo em meu tapete?
O vendedor, não deixando a mulher falar mais nada, responde:
- Boa tarde! Eu estou oferecendo meu produto e provo para a senhora que nossos aspiradores são os melhores e os mais eficientes do mercado, tanto que eu estou agora fazendo um desafio: Se eu não limpar esses estercos em seu tapete, prometo que irei comê-los!
Ouvindo isso, a mulher, sem falar nada, começa a se dirigir para a cozinha.
Curioso, o vendedor perguntou:
- A senhora vai aonde? Não queres ver a eficiência do meu produto?
Então, a mulher responde:
- Quero sim! Apenas vou pegar uma colher, sal, pimenta, um guardanapo de papel e uma cachaça para o senhor abrir o apetite, pois aqui em casa não tem energia elétrica para ligar a sua máquina! 

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

CONTO DA CAROCHINHA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES 

O Príncipe Encantado encontra-se com a Branca de Neve e pergunta-lhe:
- Quer casar comigo?
- Claro, Majestade! - responde a amiguinha dos Sete Anões.
Então, o Príncipe Encantado tira o seu "membro" para fora e pergunta-lhe:
- Você sabe o que é isto?
- Seu belo pênis, meu Príncipe!
Desolado, o Príncipe Encantado retruca:
- Vou embora... Preciso de uma mulher inocente...
O Príncipe Encantado vai então à casa da Gata Borralheira e pergunta-lhe:
- Quer casar comigo?
- Claro que sim! - responde a bela enteada.
O Príncipe Encantado faz a mesma coisa feita com Branca de Neve, mostrando-lhe o membro:
- Você sabe o que é isto?
- Seu viril pênis, meu Príncipe!
- Vou embora... Exijo uma mulher casta para minha esposa!
Então, o Príncipe Encantado encontra com Chapeuzinho Vermelho (uma bela moçoila, recém-saído da adolescência) e pergunta-lhe:
- Quer casar comigo?
- Claro, Alteza.
O Príncipe Encantado repete o ritual e pergunta-lhe, tirando o pênis para fora:
- O que é isso que trago aqui?
- Isso aí é uma "minhoquinha", meu Príncipe - responde ela.
E assim, maravilhado com a cândida inocente Chapeuzinho Vermelho, o Príncipe Encantado casa-se com ela. Na noite de núpcias, o Príncipe procura ensinar para Chapeuzinho Vermelho:
- Isto que trago aqui não é uma "minhoquinha"; é um pênis, meu amor...
Ao que ela retruca:
- Não, meu belo e amado Príncipe, isso é uma "minhoquinha" mesmo, porque só pode ser chamado de pênis "aquilo" que o Lobo Mau tem!

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A RAPOSA E O LENHADOR

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Certa época existiu um lenhador que acordava às 6 da manhã e trabalhava o dia inteiro cortando lenha, e só parava tarde da noite.
Esse lenhador tinha um filho, lindo, de poucos meses e uma raposa, sua amiga, tratada como bicho de estimação e de sua total confiança.
Todos os dias o lenhador ia trabalhar e deixava a raposa cuidando de seu filho e, todas as noites, ao retornar do trabalho, a raposa ficava feliz com sua chegada.
Os vizinhos do lenhador alertavam que a raposa era um bicho, um animal selvagem; e portando, não era confiável. Quando ela sentisse fome comeria a criança. O lenhador sempre retrucando com os vizinhos falava que isso era uma grande bobagem. A raposa era sua amiga e jamais faria isso. Os vizinhos insistiam:
- Lenhador, abra os olhos! A raposa vai comer seu filho.
- Quando sentir fome, comerá seu filho!
Um dia, o Lenhador muito exausto do trabalho e muito cansado desses comentários, ao chegar em casa viu a raposa sorrindo como sempre e sua boca totalmente ensanguentada.
O lenhador suou frio e sem pensar duas vezes acertou o machado na cabeça da raposa.
Ao entrar no quarto desesperado, encontrou seu filho no berço dormindo, tranquilamente, e ao lado do berço uma cobra morta.
O Lenhador enterrou o machado e a raposa juntos.

domingo, 22 de janeiro de 2017

SONS INAUDIVEIS

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Um rei mandou seu filho estudar no templo de um grande Mestre, com o objetivo de prepará-lo para ser uma grande pessoa.
Assim que o príncipe chegou ao templo, o Mestre o mandou sozinho para uma floresta. Ele deveria voltar um ano depois, com a tarefa de descrever todos os sons da floresta.
Ao final do prazo, quando o príncipe retornou ao templo, o Mestre lhe pediu para descrever todos os sons que conseguira ouvir. Então disse o príncipe:
- Mestre, eu pude ouvir o canto dos pássaros, o barulho das folhas, o alvoroço dos beija-flores, a brisa batendo na grama, o zumbido das abelhas, o barulho do vento cortando os céus...
E, ao terminar o seu relato, o Mestre pediu que o príncipe retornasse à floresta, para ouvir tudo o mais que fosse possível. Apesar de intrigado, o príncipe obedeceu à ordem do Mestre, pensando:
- Não entendo, eu já distingui todos os sons da floresta...
Por dias e noites ele ficou sozinho ouvindo, ouvindo, ouvindo... Mas não conseguiu distinguir nada de novo além daquilo que havia dito ao Mestre. Porém, certa manhã, começou a distinguir sons vagos, diferentes de tudo o que ouvira antes. E quanto mais prestava atenção, mais claros os sons se tornavam. Uma sensação de encantamento tomou conta do rapaz.
- Esses devem ser os sons que o Mestre queria que eu ouvisse...
E, sem pressa, ficou ali ouvindo e ouvindo, pacientemente. Queria ter certeza de que estava no caminho certo.
Quando retornou ao templo, o Mestre lhe perguntou o que mais conseguira ouvir.
Paciente e respeitosamente o príncipe disse:
- Mestre, quando prestei atenção pude ouvir o inaudível som das flores se abrindo, o som do sol nascendo e aquecendo a terra e da grama bebendo o orvalho da noite...
O Mestre sorrindo, acenou com a cabeça em sinal de aprovação, e disse:
- Ouvir o inaudível é ter a calma necessária para se tornar uma grande pessoa. Apenas quando se aprende a ouvir o coração das pessoas, seus sentimentos mudos, seus medos não confessados e suas queixas silenciosas, uma pessoa pode inspirar confiança ao seu redor; entender o que está errado e atender às reais necessidades de cada um.
- E você, já aprendeu a ouvir?

sábado, 21 de janeiro de 2017

MAL INTERPRETADO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

O vigário de um vilarejo tinha um pinto como mascote, o Valente.
Certo dia o Valente desapareceu e ele achou que alguém o havia roubado.
No dia seguinte, na missa, o vigário perguntou à congregação:
- Algum de vocês aqui tem um pinto?
Todos os homens se levantaram.
- Não, não foi isso que eu quis dizer... O que eu quero saber é se algum de vocês viu um pinto? - disse o vigário.
Todas as mulheres se levantaram.
- Não, não... - repetiu o vigário - O que eu quero dizer é se algum de vocês viu um pinto que não lhes pertence.
Metade das mulheres se levantou.
- Não, não - disse o vigário, novamente muito atrapalhado - talvez eu possa formular melhor a pergunta: O que eu quero saber é se algum de vocês viu o meu pinto?
Todas as freiras se levantaram...

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

PASSANDO A RÉGUA E FECHANDO A CONTA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Nos idos de 1975, na rodoviária de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, se pagava para usar o sanitário.
Num dos ônibus vindos de Cajazeiras, cidade do interior paraibano, vinha um velhinho, com uma dor de barriga daquelas.
Logo que o ônibus parou na estação rodoviária, o velhinho saiu correndo, em direção ao sanitário. A cólica era tão grande que sô deu tempo dele pegar um pedaço de papel com o cara da limpeza, que ficava na porta do banheiro, com um rolo de papel higiênico (para não dizer “lixa”) nas mãos.
O velhinho entrou, usou o banheiro, lavou as mãos e, quando ia saindo, o porteiro falou:
- Ei, o senhor precisa pagar!
-  Oxente, como é?! Pagar para dar uma cagadinha?
- Claro, é pago! É ordem do governador...
- E quanto é?
- Depende... O senhor cagou e mijou?
- É, caguei e mijei...
- Uma cagada custa 60 centavos e uma mijada 30 centavos... Então, são 90 centavos.
O velhinho deu um cruzeiro ao porteiro.
O cara foi na gavetinha para passar o troco de 10 centavos. Procurou, procurou... foi lá, veio cá e nada de arranjar a moedinha para passar o troco. Diante da situação, ele disse ao velhinho:
- Amigo, eu estou sem troco... O senhor não poderia soltar um "peidinho" para fechar a conta?
O velhinho não se fez de rogado: "fechou a conta", na hora, ali mesmo!

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

QUEM COMEU "MARIA PORQUINHA"?

Texto de Aloisio Guimarães


A vida é cheia de passagens hilárias, embora existam momentos de profunda tristeza. Conto-lhes, a seguir, um desses momentos cômicos da minha infância, tendo como personagem o meu irmão mais velho, Luiz Antônio - "Lutonho", para a família - em confronto com o temperamento e o rigor que tinha o velho Aloisio "Gordinho”, o nosso saudoso pai, na nossa educação e formação moral
Vamos ao causo...
Nos meados da década de 70, em Palmeira dos Índios, próximo à agência dos Correios e Telégrafos, vizinho à oficina mecânica do saudoso Dudé, morava Geraldo "Patinha”, um sujeito avermelhado, cara de castanha, epiléptico, bastante nervoso e sempre molhado de suor e com a barba para fazer. O Geraldo "Patinha” gostava de tomar umas biritas e diariamente frequentava o “Senadinho” - o bar do meu pai, que ficava vizinho ao Aeroclube - o principal clube social da cidade.
Até hoje não sabemos porque cargas d’águas, o nosso pai colocou este apelido no cara; talvez, motivado por algum imbróglio do dito cujo com alguma patinha de siri, um tira-gosto muito popular nos bares alagoanos.
Naquela época, trabalhava na casa do “Patinha” uma empregada doméstica, muito baixinha, bem gordinha, fedorenta e feia pra cacete! E como a turma não perdoa nada, colocaram o apelido na sujeita de Maria "Porquinha”, numa clara alusão à figura do suíno. Portanto, meu amigo, se alguém, um dia, mandar você imaginar uma pessoa horrível, a resposta é Maria "Porquinha”.
Era do conhecimento da rapaziada da cidade (Luiz Antônio, Jazon, João Canfifa, Tadeu Cavalcante...) que, à noite, nas suas horas vagas, ao término da sua jornada de trabalho, Maria "Porquinha” costumava "fazer bico” como “piniqueira” - como eram chamadas aquelas empregadas domésticas que “davam” em troca de uma besteira qualquer, fosse um maço de cigarros, um perfume comprado na feira ou até mesmo um sabonete Palmolive. Agora, cá para nós, era preciso ter “muita fome” ou muita “cachaça no rabo” para um sujeito aguentar comer Maria "Porquinha”!
Pois bem, certa noite, aproveitando a ausência dos donos da casa e “subindo pelas paredes”, a Maria "Porquinha”, inventou de fazer uma suruba, justamente na residência do seu patrão e, pior ainda, na cama do casal. E não é que, “bobeada” ou “anestesiada” com tanto amor que recebeu ao mesmo tempo durante a noite, a Maria "Porquinha” se esqueceu de limpar os vestígios de espermatozoides que ficaram nos lençóis da cama, após o fervoroso bacanal! Aí, meu amigo, foi o fim do mundo. Ao chegar de viagem e ao se deparar com a bagunça no seu quarto, Geraldo "Patinha”  ficou possesso e foi logo perguntar ao seu amigo Dudé - o dono da oficina, seu vizinho - se ele tinha visto alguma coisa de anormal ou viu alguém entrar na sua residência, quando ele estava viajando. Como resposta, Dudé lhe informou:
- Geraldo, a única coisa que eu vi foi o filho do Aloisio "Gordinho”, em altos papos com a Maria "Porquinha”, no portão da sua casa...
Pronto, explodiu uma bomba no “Senadinho” - o bar do meu pai - quando “Patinha” foi tomar satisfações com ele e com meu irmão, ameaçando todo mundo.
Indignado com a acusação do sujeito, papai chamou meu irmão e perguntou, aos berros:
- Luiz Antônio, você comeu Maria "Porquinha”?! Você comeu a “Porquinha”, Luiz Antônio?!...
Pela entonação da sua voz, talvez papai pensasse até que o Luiz Antônio ainda fosse “donzelo”. Coitado do meu irmão...
Nesse momento fiquei encucado porque jamais tinha ouvido uma expressão daquela. Até então, não sabia que "mulé se comia". Inocente, eu sabia apenas que se comia feijão, arroz, cuscuz... Mas "mulé", nunca tinha ouvido falar! 
Ao ouvir os gritos do papai, cabisbaixo, pálido e pasmado, a resposta de Luiz Antônio foi uma negativa:
- Não, papai, eu não comi a “Porquinha”. Apenas, eu vinha descendo da Festa de Natal, na Praça da Independência, e ela me pediu um cigarro...
Puta que pariu! E não é que nessa hora o Luiz Antônio esqueceu que o nosso pai detestava cigarro mais do que tudo na vida, tanto que, ao ouvir a sua justificativa, papai ficou possesso de raiva e nem deixou meu irmão continuar:
– Cigarro?! E você fuma, Luiz Antônio?!
Ao mesmo tempo em que proferia a indagação, papai sapecou um tabefe no “escutador de novelas” do meu irmão, sem ter dado tempo dele responder se tinha ou não comido a “Porquinha”. Até hoje, quando Luiz Antônio se lembra do tapa que levou nessa hora, o ouvido esquerdo dele começa a zumbir...
Profundamente magoado e irritado com a invasão da sua casa, “Patinha” levou o caso à Promotoria Pública, denunciando meu irmão de vários delitos. Mas, graças à interferência do saudoso ícone da literatura palmeirense Luiz B. Torres, irmão do renomado promotor José Torres e padrinho de Luiz Antônio, a ocorrência foi amenizada na sua denúncia.
Nesse intervalo, para não ser preso, o meu irmão teve que passar uns dias fora da cidade, escondido em Minador do Negrão, em casa de parentes, até que os amigos do nosso pai domassem o Geraldo "Patinha”. E nada melhor do que o tempo para curar todas as feridas: o “Patinha” retirou a queixa, deu o caso por encerrado, mas sobrou para a coitada da “Porquinha”: perdeu o emprego.
Durante muitos anos, o meu irmão ficou conhecido na cidade como “Luiz, O Comedor de Porquinhas”. A verdade é que, entre “patinhas” e “porquinhas”, o “cacete comeu” no pé de ouvido do meu irmão que, até hoje, nega ter sido o “porco” que comeu a “Porquinha”.
Deste episódio da minha infância, duas perguntas, ainda não respondidas, tiram o meu sossego:
- Por que será que “Lisontonho” é louco por carne de porco? E se ele diz que não comeu, quem peste comeu Maria "Porquinha”?

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

O DIAGNÓSTICO

Texto de Aloisio Guimarães

Anna Luisa, filha única, é uma jovem "palmeirense da gema". E, como acontece em todas as famílias brasileiras, o sonho dos pais dela era que a garota se formasse. Não importava o curso; podia ser qualquer um, desde que não fosse em Ciências Ocultas, claro. O importante é que ela conseguisse um "canudo".
Mas tinha um grande problema: por mais que seus pais implorassem, a garota "não queria muita coisa com a história do Brasil", ou seja, não gostava de estudar. Apesar disto, por conta e obra do destino, Anna Luisa conseguiu passar no vestibular de Medicina Veterinária. Seus pais, empolgados com a aprovação da rebenta, patrocinaram uma bebemoração gigantesca, com dezenas de convidados, regada com bastante comida e bebida. Afinal, eles mereciam, pois a filhinha, amada e mimada, seria agora uma universitária e, logo, logo, uma doutora! É mole?!
Após cinco longos anos, aos trancos e barrancos, Anna Luisa conseguiu o tão sonhado (pelos pais) diploma. Outra festança, maior do que a primeira, mas agora com os seus convidados escolhidos à dedo.
O tempo passou... Certo dia, já depois de formada, a doutora estava na casa da sua avó - que ficava na Vila Maria - para mais um daqueles tradicionais almoços de família, quando, em determinado instante, apareceu a vizinha da sua avó, toda aflita, querendo falar com a nossa veterinária.
- O que foi? - perguntou Dra. Anna Luisa.
- É a minha gata, doutora, que está parindo e já faz um tempão que o filhote "está pendurado" e não sai de vez e nem entra. Deve estar acontecendo algum problema, doutora! Por favor, ajude a minha gatinha, por amor de Deus!
Ouvindo isso, a doutora respondeu:
- Ah, minha senhora, se o filhote já está saindo, pode ir embora que a natureza faz o resto.
Instintivamente, todos os presentes se entreolharam, com aquele olhar interrogativo...
A gata morreu.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

CARTA AOS TÍMIDOS

Texto de Luiz Fernando Veríssimo

Como um tímido veterano, acho que já posso dar alguns conselhos às novas gerações de envergonhados, jovens que estão recém-descobrindo o martírio de ter de enfrentar este terror, os outros, e se lançando na grande aventura que é se impor, se fazer ouvir, ter amigos, namorar, procriar e, enfim, viver, quando o que preferia era ficar quieto em casa. Ou, de preferência, no útero.
Para   começar, algumas   coisas   que   não funcionam. Tentei todas e não deram certo. Decorar frase, por exemplo. Já fui com uma frase pronta para impressionar a menina e na hora saiu “Teus marilus verdes são como dois olhos, lagoa”. Também resista à tentação de assumir um ar superior e dar a impressão de que você não é tímido, é misterioso.
Eu sou do tempo em que a gente usava chaveiro com correntinha (além de tope e topete, tope de gravata enorme e topete duro de Gumex) e ficava girando a correntinha no dedo enquanto examinava as garotas na saída das matinês (eu sou do tempo das saídas de matinês). Um dia deu certo, a garota veio falar comigo, ou ver de perto o que mantinha o topete em pé, foi atingida pela hélice da correntinha e saiu furiosa. Melhor, porque eu não tinha nenhuma fala pronta que correspondesse à pose.
Evite, é claro, as manobras calhordas. Como identificar alguém tão tímido quanto você no grupo e quando alguém, por sacanagem, lhe pedir um discurso, passar a palavra imediatamente para ele. O mínimo que um tímido espera de outro é solidariedade. E não há momento mais temido na vida de um tímido do que quando lhe passam a palavra.
Tente se convencer de que você não é o alvo de todos os olhares e de todas as expectativas de vexame quando entra em qualquer recinto. No fundo, a timidez é uma forma extrema de vaidade, pois é a certeza de que, onde o tímido estiver, ele é o centro das atenções, o que torna quase inevitável que   não está só esperando para ver qual é a próxima que você vai aprontar. E mire-se no meu exemplo. Depois que   aposentei a correntinha e (suspiro) perdi o topete, namorei, procriei, fiz amigos, vivi   e hoje até faço palestras, ou coisas bem parecidas. Mesmo com o secreto e permanente desejo, é verdade, de estar quieto em casa.

domingo, 15 de janeiro de 2017

A MANICURE

Texto de Carlito Lima

- Depois de velho, você ficou relaxado, coisa feia!  Não corta o cabelo, unhas grandes, vou contratar manicure. Se eu morrer você vai virar lobisomem. Vivia reclamando Dona Sílvia aos ouvidos de Fonseca.
Certo sábado, pela manhã, a campainha do apartamento tocou, uma morena sorridente se apresentou, Aparecida, manicure. Dona Sílvia tirou o marido da leitura dos jornais na varanda, hora de fazer as unhas, ele levantou-se, mais para livrar-se da insistente mulher. Sentou-se na poltrona, cumprimentou a manicure, acionou o controle remoto da televisão. Colocou os pés numa bacia de água quente para amolecer as unhas. Dona Sílvia deixou o marido entregue à manicure, foi às compras, sábado é dia de Shopping, encontro de amigas, só retornaria na hora do almoço.
Durante o cortar das unhas de mão, Aparecida alisava a de Fonseca com suavidade, ele sentiu uma sensação gostosa, carícia no toque de mãos, olhou para manicure com curiosidade, ficou inquieto ao perceber o generoso decote da manicure, seios duros, empinados, há tempo não excitava-se com uma mulher. Puxou conversa.
- Menina você é a boa manicure, sabe cortar com suavidade, onde aprendeu essa delicadeza?
- Eu precisava de uma profissão, ganhar dinheiro, sustentar minha filha, uma vizinha me ensinou, hoje tenho bons fregueses, não paro de cortar unhas, os clientes gostam. Ser manicure foi muito bom para mim. Ganho meu sustento.
- E seu marido, pai de sua filha, não lhe ajuda?
- Marido não, meu vizinho, namorei com ele, me emprenhou ainda menina, eu tinha 15 anos. Danou-se para o Rio de Janeiro, sonhava ser cantor de rádio e televisão, canta bem. Há mais de cinco anos não tenho notícias dele, soube que é traficante no morro. Por isso vivo com minha mãe.
Conversaram muito, Aparecida contou sua “vida severina”, comum na periferia do Nordeste. Ao terminar, ele olhou os pés, as mãos, admirou as unhas simetricamente cortadas, perfeitas. Perguntou o preço do serviço, pagou R$ 35,00, cinco a mais do valor pedido. A morena agradeceu, guardou o material. Fonseca ficou encantado ao perceber o corpo da morena dentro do vestido azul claro, quase transparente. Aparecida despediu-se perguntando quando retornava.
- Venha no próximo sábado - disse com entusiasmo, admirando o rebolado da manicure em direção à porta.
Na hora do almoço Dona Sílvia inspecionou as mãos, os pés, do marido, aprovou, perguntou se havia gostado da manicure, Fonseca resmungou, fez-se indiferente, entretanto, a jovem não saía da cabeça.
Dois meses Fonseca alimentou-se de fantasia, sonhava com a morena acariciando seus pés. Ficava feliz desde sexta-feira. Em conversas enquanto cortava unhas, tornaram-se amigos, íntimos, certa vez ela confessou ter sido garota de programa, não gostou.
Num sábado cheio de sol, ao pagar a manicure, Fonseca encorajou-se, alisou-lhe o pescoço, o colo, deu-lhe um beijo na testa. Ela reclamou baixinho:
 - Não, Seu Fonseca, não...
Ele a trouxe num abraço apertado, beijou-lhe a boca. No apartamento da Ponta Verde, embalado pela carícia do vento Nordeste, em cima do tapete comprado na Capadócia fizeram amor pela primeira vez.
Dona Sílvia ao chegar notou a cara de felicidade do marido tomando uma cervejinha, cantando na varanda, achando o mar e a vida bonita. Convidou a mulher para almoçar, variar de comida, de tempero, foram à Barraca Pedra Virada na orla da Ponta Verde, encontraram amigos, passaram uma tarde maravilhosa conversando, uísque de combustível. Ao chegar em casa amaram-se como nunca mais tinham amado. Dona Sílvia, antes de adormecer, conseguiu perguntar, o que deu em você hoje?

sábado, 14 de janeiro de 2017

RATAN NAVAL TATA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Ratan Naval Tata, é um empresário e investidor indiano, filantropo e chairman interino do Grupo Tata.
Abaixo, alguns pontos de uma palestra dele em Londres:
· Não eduque seus filhos para serem ricos. Eduque-os para serem felizes. Assim, quando crescerem, eles saberão o valor das coisas, não o seu preço.
· Coma seus alimentos como se fossem remédios. Do contrário, você terá que comer seus remédios como se fossem alimentos.
· Aquele que te ama nunca irá te abandonar, pois mesmo que existam 100 razões para desistir, ele irá encontrar uma única para permanecer ao seu lado.
· Existe muita diferença entre ser humano (substantivo) e ser humano (verbo). Mas somente poucos entendem isso.
· Você foi amado quando nasceu e você será amado quando morrer. Nesse intervalo, você precisa merecer...
· Se quer andar rápido, ande sozinho. Mas se se quer andar longe, ande com alguém ao seu lado.
· Os seis melhores médicos do mundo: luz do sol, descanso, exercício, dieta, autoconfiança e amigos! Mantenha-os em todo os estágios e aproveite uma vida saudável.
· Se você olhar para a lua, verá a beleza de Deus, se você olhar para o sol, verá o poder de Deus e, se você olhar no espelho, verá a melhor criação de Deus. Então, acredite em si mesmo.
· Na vida, somos todos turistas e Deus é o agente de viagens que já determinou todas as nossas rotas, reservas e destinos. Então, confie nele e aproveite essa "viagem" chamada vida!

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

PROBLEMA NO CÉU

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES
Deus fazia a sua costumeira ronda pelo céu e percebeu que algumas pessoas não eram suficientemente puras para estar ali. Elas mesmas se envergonhavam diante dos bem-aventurados, gente de imaculada beleza.
"O que está acontecendo?", pensou Deus. "Será que Pedro não está vigiando bem a porta do céu? Por que ele está deixando essa gente entrar? Será que a idade avançada debilitou a sua coragem? Isso não pode continuar."
Pediu, então, a um anjo mensageiro que fosse chamar Pedro. O anjo chegou onde Pedro estava. Tomava conta da entrada do céu. Parecia muito feliz e tranquilo.- Pedro, vim substituir você um pouquinho, Deus precisa falar com você. Pedro foi depressa ao encontro do Senhor. Chegando à sua presença, fez uma profunda reverência. O Senhor foi logo dizendo:- Há muita gente que não deveria estar aqui nesta santa e celestial morada. Por que você os deixou entrar?
Pedro respondeu assustado:
- Não é possível! Como isso pôde acontecer? Estou tão surpreso quanto o Senhor! Fico no meu lugar, dia e noite, vigiando a entrada do céu. Permaneço atento para que só entrem as pessoas que estão purificadas.
- Calma, Pedro, talvez alguém esteja trapaceando. Olhe, você conhece aquelas pessoas?
- Não Senhor. Francamente, nunca as vi e com certeza não passaram por mim. Eu lhe prometo que vou encontrar o responsável por isso. Se eu não conseguir, o Senhor pode me tirar o cargo de porteiro do céu.
Pedro voltou rapidamente para o seu posto. Conferiu a fechadura. Verificou se não havia alguma entrada clandestina. Nada. Tudo estava na mais perfeita ordem. Sorriu tranquilo e continuou vigiando a grande porta.
Poucos dias depois para a sua surpresa, constatou a presença de novos intrusos.
- Por onde entraram? Como? Quando?
Foi logo procurar Deus.
Ambos resolveram então permanecer perto da entrada para descobrir o que estava acontecendo. Ficaram bem atentos. O que viram? Uma cena fantástica: fora do céu, nas proximidades da porta de entrada, uma multidão chorava. Eram as pessoas que Pedro não deixara entrar. Profundamente comovida, lá estava Maria ajudando-os. A Mãe de Deus encostara uma escada no muro e fazia as pessoas subir por ela e entrar no céu. Pedro suspirou aliviado. Tendo provado a sua inocência, disse para Deus:
- Talvez seja bom o Senhor ter uma conversa com ela...
Mas Deus, vendo o carinho, a doçura e a ternura com que Nossa Senhora tratava aqueles infelizes, concluiu:
- Não adianta, Pedro. Você a conhece bem. Ela sempre vai conseguir um jeitinho de continuar ajudando. Mãe é Mãe!