quarta-feira, 3 de maio de 2017

MERCI BEAUCOUP

Texto de Aloisio Guimarães

Zulmira uma cabocla bonita, corpo bem feito, moradora em Minador do Negrão - pequena cidade do interior de Alagoas - após muitos anos trabalhando no “cabo da enxada” (roçado), sob o sol escaldante, resolveu tentar a sorte grande e se mudou para Maceió. Mas não foi fácil conseguir emprego, diante da grave crise econômica que se instalou no nosso país.
A "salvação da lavoura" foi ela ter conhecido Diva, dona de uma “barraca de praia” na orla de Pajuçara, que viu na figura esbelta de Zulmira a possibilidade de ser um atrativo para a aumentar a sua freguesia de banhista, principalmente de marmanjos.
- Zul, amiga, já que você não arranjou emprego, não quer me ajudar na praia, nos fins de semana, alugando cadeiras, guarda-sol e servindo de garçonete?
Para não ter que voltar para a sua terra natal, derrotada, ela concordou:
- Legal... No sábado, eu começo.
Tudo acertado...
No sábado, vestindo um short apertadinho, mostrando suas curvas, a matuta começou a servir os banhistas. Dentre eles, apareceu Jean Petit, um banhista francês, que estava de férias em nossa cidade. Papo vai, papo vem e Zulmira logo se engraçou do europeu, principalmente devido ao sotaque do europeu.
Vendo que ela estava interessada nele, Jean arriscou, misturando francês com português:
- Mademoiselle, non quer ir ao cinema comigo?
De pronto, Zulmira aceitou:
- Adoraria...
Após tudo combinado (horário e ponto de encontro), o francês pediu a conta, pagou e, “demonstrando gratidão pelo atendimento”, deu uma polpuda gorjeta a Zulmira, em euro, e agradeceu:
- Merci beaucoup!
Ao ouvir a “estranha” frase, Zulmira disparou:
- Ôxente! Vai te lascar! O meu, não! De jeito nenhum! Nem hoje, nem nunca!!! 
E assim, com medo, Zulmira, largou o emprego, voltou para a sua terra e nunca mais quis saber da "cidade grande".

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