quinta-feira, 22 de junho de 2017

METÁFORA DE MIM MESMO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Houve uma época em que eu desejava que todas as pessoas gostassem de mim: vivia com um sorriso tatuado no rosto, falava suave e pausadamente, me recusava a pronunciar qualquer tipo de palavrão e sofria copiosamente quando descobria que fulano ou beltrano não pertenciam ao grupo das pessoas que me admiravam. Definitivamente, eu não era normal.
Outro dia, alguém me disse:
- Eu não gosto de você!
Sofri? Não, apenas respondi:
- Fulano, engraçado que às vezes nem eu gosto de mim. Bom, pra sua sorte, você pode se afastar de mim e ponto. Eu não. Convivo 24 horas por dia comigo e, quando não me suporto, não tenho para onde fugir. Apesar de me amar, às vezes me odeio e nisso reconheço a minha normalidade. Sou normal porque aceito minhas imperfeições: acordo de mau humor, sou extremamente duro ao falar determinadas coisas, sou irônico quando devo e, infelizmente, quando não devo, sou "sincericida", faço julgamentos indevidos. Trocando em miúdos: normal você não gostar de mim. Acontece.
Hoje minha normalidade é traduzida em espontaneidade. Meus sorrisos são muito mais sinceros e o meu choro também. Não choro para que as pessoas se compadeçam de mim. Meu sorriso não é mais fixo: coloco-o no rosto quando quero e tiro-o sem o menor constrangimento. Minhas risadas são altas, longas e descomprometidas com o silêncio.
Embora tímido, sou bem humorado, companheiro, dedicado e brincalhão. Mas há pouco tempo descobri que as minhas melhores virtudes são também os meus piores defeitos: é só exagerar um pouquinho na dose que a coisa fica “over”. E a overdose é muito mais comum na gente do que se pode imaginar.
Enfim, quem sou?
- Sou, apenas, uma metáfora de mim mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário