quinta-feira, 2 de novembro de 2017

A FÁBULA DA GALINHA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Uma galinha achou alguns grãos de trigo e disse a seus vizinhos:
- Se plantarmos este trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar a plantá-lo?
- Eu não - disse a vaca.
- Nem eu - emendou o pato.
- Eu também não - falou o porco.
- Eu muito menos - completou o bode.
- Então eu mesma planto - disse a galinha.
E assim o fez. O trigo cresceu alto e amadureceu em grãos dourados.
- Quem vai me ajudar a colher o trigo? - quis saber a galinha.
- Eu não - disse o pato.
- Não faz parte de minhas funções - disse o porco.
- Não depois de tantos anos de serviço - exclamou a vaca.
- Eu me arriscaria a perder o seguro-desemprego - disse o bode.
- Então eu mesma colho - falou a galinha.
E colheu o trigo ela mesma. Finalmente, chegou a hora de preparar o pão...
- Quem vai me ajudar a assar o pão? - indagou a galinha.
- Só se me pagarem hora extra - falou a vaca.
- Eu não posso por em risco meu auxílio-doença - emendou o pato.
- Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão - disse o porco.
- Caso só eu ajude, é discriminação - resmungou o bode.
- Então eu mesma faço - exclamou a pequena galinha.
Ela assou cinco pães e pôs todos numa cesta para que os vizinhos pudessem ver. De repente, todo mundo queria um pedaço de pão, mas a galinha simplesmente disse:
- Não, eu vou comer os cinco pães sozinha!
Ao ouvir a galinha, os outros animais logo começaram a reclamar:
- Lucros excessivos - gritou a vaca.
- Sanguessuga capitalista - exclamou o pato.
- Eu exijo direitos iguais! - bradou o bode.
O porco, esse só grunhiu.
Eles pintaram faixas e cartazes dizendo “Injustiça” e marcharam em protesto contra a galinha, gritando obscenidades, até que chegou um agente do governo e disse à galinha:
- Você não pode ser assim egoísta.
- Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor - defendeu-se a galinha.
- Exatamente - disse o funcionário do governo - essa é a beleza da livre empresa. Qualquer um aqui na fazenda pode ganhar o quanto quiser. Mas, sob as nossas modernas regulamentações governamentais, os trabalhadores mais produtivos têm que dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem nada.
E todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha, que sorriu e cacarejou:
- Eu estou grata, eu estou grata...
Agora os vizinhos sempre se perguntam por que a galinha nunca mais fez um pão... 

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