que
com isso estou sofrendo
Se
enganou, meu bem,
pode vir
quente que eu estou fervendo
Os
versos acima são da música “Vem quente
que estou fervendo”, de autoria de Carlos Imperial e Eduardo Araújo,
cantada pelo Erasmo Carlos, que foi um estrondoso sucesso e é pano
de fundo para o causo abaixo:
Diz a
lenda que o nome da cidade de Palmeira dos Índios nasceu do amor, e seu trágico
final, de dois índios da tribo Xucurus-Kariri, à sombra de uma frondosa
palmeira.
As
tribos Xucurus-Kariri habitaram, e ainda possuem descendentes, as terras
palmeirenses. Por conta disto, o posto da Fundação Nacional do Índio - FUNAI -
em Palmeira dos índios, em plena era da chamada ditadura militar, era
comandado por um cidadão chamado Mário Furtado.
Apesar
de ser um sujeito alto, galego, olhos esverdeados e com certa aparência de
europeu, para diferenciá-lo mais facilmente dos outros Mários que viviam na
cidade, os seus amigos, entre eles o meu velho pai, o chamavam de "Mário
dos Índios", numa clara alusão às suas atividades profissionais.
O
conflito índio/homem branco/FUNAI sempre existiu e continuará a existir. E
foi por causa de um desses conflitos que certo dia ele recebeu um
telefonema de Maceió, no qual um amigo lhe avisava:
-
Mário, toma muito cuidado porque vão fazer uma fiscalização aí na FUNAI de
Palmeira. Tenha cuidado mesmo para a coisa não esquentar pro seu lado.
Aproveitando
o grande sucesso musical do momento, Mário respondeu, em tom de brincadeira:
- Ora, pode vir quente que estou fervendo!
Chateado,
o seu amigo interlocutor não achou nenhuma graça no que o Mário dos Índios
lhe disse...
“Dedurado”
pelo “amigo da onça”, a brincadeira foi considerada um deboche e uma verdadeira
afronta ao regime político em vigor. Imediatamente, Mário dos Índios foi preso
e enviado para a capital, Maceió, onde passou alguns dias enjaulado.
A
fiscalização foi efetuada e nada de irregular foi encontrado. Mário dos Índios
era um homem honesto e de caráter irretocável.
Verdadeira
ou não, esta é a versão que soube na época para a prisão do Mário dos Índios.
Anos
depois, ele faleceu de infarto, feliz da vida, “trepando”, em uma das casas de tolerância existente na cidade!
Sem
sombras de dúvidas, Mário dos Índios foi uma das figuras marcantes e que
construíram a história de Palmeira dos Índios.
Não
sei se existe alguma homenagem a ele, do tipo nome de rua ou praça.
- Existe ou não?
Quem souber, responda.
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