Em 1986
participei de um Concurso Nacional de Redação, da Rede Manchete de Televisão e
R.J. Reynolds Tabacco Companny (cigarros Camel), cujo tema era "Minha
aventura com meu time de futebol". Dentre os membros da comissão
julgadora estava, entre outros, Arnaldo Niskier, jornalista do Grupo
Manchete e, depois, Membro da Academia Brasileira de Letras. A premiação,
para os dois primeiros colocados, era ir a Copa do Mundo de Futebol no México,
ganhando passagem de ida e volta, hospedagem em hotel cinco estrelas (em
Acapulco - Hotel Pierre Marques), transporte em voo fretado nos dias dos jogos,
todos os traslados, U$ 500.00 (cash) e ingressos para os jogos semifinal e
final.
Fui um
dos ganhadores, tirando em 2º lugar (RESULTADO PUBLICADO NA REVISTA MANCHETE -
ANO 35 - Nº 1.785 - DE 5 DE JULHO DE 1986). A história que criei foi uma
mistura de realidade e ficção e com um final surpreendente para a época (23
anos atrás). Acho até que foi a surpresa do final que fez com que eu ganhasse o
concurso. Em linhas gerais, foi o seguinte:
· REALIDADE
1
O meu pai
era dono do Ferroviário, time de futebol da cidade de Igaci, formado por
garotos da cidade. O time era considerado imbatível na região.
· REALIDADE
A zaga do
time era considerada "uma verdadeira muralha"! Tão imbatível e segura
que, em 8 anos de existência, jogando todos os finais de semana, tínhamos
contabilizado apenas 5 derrotas!
· REALIDADE
Quando
jogávamos fora de casa, quase sempre viajávamos em cima de uma caminhonete
pau-de-arara.
· REALIDADE
4
Nas
noites de domingo, a torcida esperava pela nossa volta para saber de quanto
tínhamos ganho o jogo. Para isto, dávamos voltas ao redor da pracinha da
cidade, gritando o resultado da partida de futebol.
· FICÇÃO
Certo
dia, fomos jogar na cidade vizinha e fomos goleados implacavelmente, tendo o
centroavante do time adversário humilhado a nossa respeitada defesa. Diante de
tal catástrofe, todos defendiam que devíamos atrasar a volta para casa, só
voltando pela madrugada, quando todos já estivessem dormindo, para não frustrar
a torcida que nos esperava na praça. Arrumamos desculpas para tudo, menos para
um fato inusitado: O centroavante do time adversário que, repito, humilhou a
nossa zaga, respondia pelo nome de Maria José da Silva - uma garota de 13 anos!
Fui
premiado, mas, medroso, eu não fui à Copa do Mundo porque, meses
antes, ocorreu um grande terremoto na Cidade do México. A Copa do Mundo
que deveria ter ido, só vi pela televisão. No meu lugar, mandei Maspole, um dos
meus irmãos. Como "recompensa", ele me presenteou com um
videocassete, que hoje soa como uma grande bobagem, mas, à época, era a grande
novidade tecnológica. Tenho certeza absoluta de que fui um dos primeiros
alagoanos a possuir este tipo de aparelho.
Até agora
não fui, mas, quem sabe, um dia eu não vá a uma Copa? Deus é Pai, não é
padrasto...
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