sábado, 23 de junho de 2018

A COPA QUE NÃO FUI

Texto de Aloisio Guimarães

Em 1986 participei de um Concurso Nacional de Redação, da Rede Manchete de Televisão e R.J. Reynolds Tabacco Companny (cigarros Camel), cujo tema era "Minha aventura com meu time de futebol". Dentre os membros da comissão julgadora estava, entre outros, Arnaldo Niskier, jornalista do Grupo Manchete e, depois, Membro da Academia Brasileira de Letras. A premiação, para os dois primeiros colocados, era ir a Copa do Mundo de Futebol no México, ganhando passagem de ida e volta, hospedagem em hotel cinco estrelas (em Acapulco - Hotel Pierre Marques), transporte em voo fretado nos dias dos jogos, todos os traslados, U$ 500.00 (cash) e ingressos para os jogos semifinal e final.
Fui um dos ganhadores, tirando em 2º lugar (RESULTADO PUBLICADO NA REVISTA MANCHETE - ANO 35 - Nº 1.785 - DE 5 DE JULHO DE 1986). A história que criei foi uma mistura de realidade e ficção e com um final surpreendente para a época (23 anos atrás). Acho até que foi a surpresa do final que fez com que eu ganhasse o concurso. Em linhas gerais, foi o seguinte:
· REALIDADE 1
O meu pai era dono do Ferroviário, time de futebol da cidade de Igaci, formado por garotos da cidade. O time era considerado imbatível na região.
· REALIDADE
A zaga do time era considerada "uma verdadeira muralha"! Tão imbatível e segura que, em 8 anos de existência, jogando todos os finais de semana, tínhamos contabilizado apenas 5 derrotas!
· REALIDADE
Quando jogávamos fora de casa, quase sempre viajávamos em cima de uma caminhonete pau-de-arara.
· REALIDADE 4
Nas noites de domingo, a torcida esperava pela nossa volta para saber de quanto tínhamos ganho o jogo. Para isto, dávamos voltas ao redor da pracinha da cidade, gritando o resultado da partida de futebol.
· FICÇÃO
Certo dia, fomos jogar na cidade vizinha e fomos goleados implacavelmente, tendo o centroavante do time adversário humilhado a nossa respeitada defesa. Diante de tal catástrofe, todos defendiam que devíamos atrasar a volta para casa, só voltando pela madrugada, quando todos já estivessem dormindo, para não frustrar a torcida que nos esperava na praça. Arrumamos desculpas para tudo, menos para um fato inusitado: O centroavante do time adversário que, repito, humilhou a nossa zaga, respondia pelo nome de Maria José da Silva - uma garota de 13 anos!
Fui premiado, mas, medroso, eu não fui à Copa do Mundo porque, meses antes, ocorreu um grande terremoto na Cidade do México. A Copa do Mundo que deveria ter ido, só vi pela televisão. No meu lugar, mandei Maspole, um dos meus irmãos. Como "recompensa", ele me presenteou com um videocassete, que hoje soa como uma grande bobagem, mas, à época, era a grande novidade tecnológica. Tenho certeza absoluta de que fui um dos primeiros alagoanos a possuir este tipo de aparelho.
Até agora não fui, mas, quem sabe, um dia eu não vá a uma Copa? Deus é Pai, não é padrasto...

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