POSTAGEM ALOSIO GUIMARÃES

Todas as tardes, dez amigos se encontravam no Bar do Leôncio, no
centro da pacata cidade de Santa Aurora, para beber, conversar e esquecer um
pouco as preocupações da vida.
A conta era sempre a mesma: R$ 100,00 por rodada de cerveja.
Mas eles nunca dividiam essa conta igualmente, pois sabiam que suas
realidades eram muito diferentes - e então decidiram contribuir de forma
proporcional ao que cada um podia pagar:
- Os quatro mais pobres não pagavam nada.
- O quinto, que fazia bicos, pagava R$ 1,00.
- O sexto, com um trabalho irregular, dava R$ 3,00.
- O sétimo, que tinha um salário fixo, contribuía com R$ 7,00.
- O oitavo, funcionário público, pagava R$ 12,00.
= O nono, dono de um pequeno negócio, desembolsava R$ 18,00.
- E o décimo, o mais rico - um investidor de sucesso - bancava o
restante: R$ 59,00.
Todos achavam justo. Todos brindavam juntos. Todos se beneficiavam
da cerveja.
Era como funcionam os impostos progressivos no Brasil e em
muitos países: Quem tem mais, contribui mais.
Um dia, o Leôncio, dono do bar, apareceu com uma novidade:
- Meus amigos, vocês têm sido clientes fiéis. Hoje, vou dar um
desconto: a rodada vai sair por R$ 80,00!
Foi só alegria. Mais risadas, mais brindes, e até um “Viva ao
Leôncio!”, Mas aí surgiu uma dúvida:
- Como dividir esse desconto de R$ 20,00 de forma justa? Se os R$
20,00 fossem divididos igualmente entre os dez, os quatro que nunca pagaram
passariam a “receber” dinheiro só por estarem ali - o que parecia estranho.
Então Artur Dourado, o mais rico, propôs:
- E se a gente repartir o desconto na mesma proporção de antes?
Cada um ganha um alívio conforme já contribuía. Assim, ninguém perde.
Todos concordaram e o novo valor ficou assim:
- O 5º passou de R$ 1,00 para R$ 0,00.
- O 6º de R$ 3,00 para R$ 2,00.
- O 7º de R$ 7,00 para R$ 5,00.
- O 8º de R$ 12,00 para R$ 9,00.
- O 9º de R$ 18,00 para R$ 14,00.
-O 10º (o mais rico) de R$ 59,00 para R$ 50,00.
Todos pagaram menos. Ninguém saiu no prejuízo. Todos economizaram. Mas
aí começaram as reclamações: “Peraí, por ser mais rico, economizou R$ 9,00 e eu
só R$ 1,00?!”, “Isso não é justo, os ricos sempre se dão melhor!”, “Ele tá
ganhando mais que a gente com esse desconto!” ...
Tomados pela indignação, os nove amigos se revoltaram contra o
amigo mais rico. Chamaram-no de aproveitador. Disseram que o sistema favorecia
os ricos. Reclamaram tanto que, no dia seguinte, ele não apareceu mais.
E foi só nesse momento que entenderam que:
· Sem ele, os outros não
conseguiam juntar nem metade da conta.
· Sem ele, o sistema não se
sustentava.
· Sem ele, não havia mais
cerveja para ninguém.
Essa história mostra, de forma simples, como funcionam os
impostos progressivos:
Quem ganha mais, paga mais, mas se você pune quem sustenta a
estrutura, o sistema inteiro desmorona.
MORAL DA HISTÓRIA
- O socialismo fracassa quando acaba o dinheiro dos outros.