quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

A DIETA DO ENGENHEIRO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES 

- Você está cansado de não seguir aquelas dietas muito rigorosas dos nutricionistas e com isso não conseguir emagrecer nada? Os seus problemas acabaram: Você vai conhecer A DIETA DO ENGENHEIRO!
Todo mundo está cansado de saber que nós, engenheiros, somos práticos, inteligentes, brilhantes e objetivos... Portanto, veja que dieta eficaz nós elaboramos para você:
Como você já deve ter estudado Física, então, deve se lembrar muito bem que, pelas Leis da Termodinâmica, uma caloria (1 cal) é a energia necessária para aumentar em 1C° a temperatura de 1g de água.
Diante da definição acima, não é necessário ser nenhum gênio para concluir que, se você beber um copo de água gelada (200ml = 200g), na temperatura de 0°C, necessitará de 200 calorias para aquecer, em 1°C, toda esta água.
Também não é necessário ser inteligente para saber que o nosso corpo deve estar sempre em equilíbrio térmico, porque, caso contrário, estaríamos doentes...
Assim, para ocorrer o equilíbrio térmico, ao ingerir um copo de 200 ml de água gelada, serão necessárias 7.400 calorias (200g X 37°C) para que as 200g de água alcancem os 37°C, temperatura normal do corpo.
E, para manter esta temperatura, você será obrigado a usar a única fonte de energia disponível: a gordura do seu corpo! E o que é que isso significa? Significa que, bebendo água gelada, você queima gorduras, para manter a temperatura do corpo estável. E, queimando gordura, você emagrece!
- Agora, que tal unir o útil ao agradável?
Se você beber um copo de cerveja (aproximadamente 400 ml), na temperatura de 0° C, você perderá 14.800 calorias (400g x 37°C).
Vamos ser honestos e não vamos esquecer de descontar as calorias da cerveja, aproximadamente 800 calorias para 400g. Assim, bebendo apenas um copo de cerveja, você perde nada menos do que 14.000 calorias! Quer coisa melhor?
Obviamente, quanto mais gelada for a cerveja, maior será a perda de gordura! E se for na companhia de uma "loira estupidamente quente", nem se fala!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

O CANDIDATO

Texto de Aloisio Guimarães

O causo de hoje faz parte do Folclore Político da minha querida Palmeira dos Índios.
Em qualquer cidade brasileira, seja uma capital ou interior, encontramos muito dos seus povoados, bairro, praças ou ruas, com nomes muitas vezes cômicos ou inusitados. Em Palmeira dos Índios, não era diferente: Gavião, Cafurna, Caldeirão, Rua do Pinga Fogo, Rua do Esconde Homem, Boca de Maceió, Alto dos Bodes... Lamentavelmente, já mudaram os nomes de quase todos eles. 
Dentre todos os seus povoados, um dos mais desenvolvidos - tanto que hoje já está emancipado, transformado na cidade Estrela de Alagoas - era o Povoado Bola, situado distante cerca de 10 km do centro da cidade. O Bola, antigamente, não era muita coisa: apenas uma praça, para onde se dirigiam duas ou três ruas. Hoje, já se desenvolveu bastante, em comparação ao que era no meu tempo de criança. Na década de 70, como ainda não existia nada (televisão, dvd, computador, internet...), qualquer acontecimento, por mais bobo ou importante que fosse, era motivo de diversão e aglomeração da população na praça do Bola.
Isto explicado, vamos ao causo:
Estávamos no período eleitoral...
Gervásio Raimundo, um cidadão prestativo e um dos homens mais ricos da cidade, se candidatou a prefeito de Palmeira dos Índios. Talvez para lhe diminuir politicamente, seus adversários conseguiram lhe atribuir a fama de ser analfabeto.
Chegou o dia do comício de Gervásio, no Povoado Bola. A praça estava lotada. Todo mundo querendo ouvir as promessas do candidato. Pois bem, na hora marcada do comício, ele começa o seu discurso:
- Povo boliviano!
Ao ouvir isso, o seu puxa-saco de plantão imediatamente cochicha no seu ouvido:
- "Seu" Gervásio, "boliviano" é quem nasce na Bolívia...
Dizem que o candidato assim retrucou;
- Ôxente, mininu, apôis tudo né Brasi?
Perdeu a eleição.
De analfabeto não tinha nada. Anos depois, foi destacado deputado estadual, por várias legislaturas, e prestou dezenas de serviços ao povo de Palmeira dos Índios.
Obrigado, Gervásio.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

PRIMEIRA EXIBIÇÃO

Texto de Luiz Antonio M de Albuquerque

Se até pouco tempo atrás um aparelho de televisão era grande, imagina antigamente! Era um verdadeiro elefante, gigantesco, pesado demais e ainda por cima funcionava à válvula, um dispositivo elétrico que necessitava de um bom tempo para esquentar e só depois aparecer a imagem. E, quando uma válvula dessas cismava de queimar, o que acontecia com frequência, era um Deus nos acuda! As eletrônicas não tinham peça de reposição e muitas vezes era preciso mandar buscá-la no Recife. Aí, meu filho, no mínimo, quinze dias sem televisão. O que nos restava nessas ocasiões era se valer da “televizinho”!
Sem mais demora, vamos ao causo:
No início da década de 70, minha mãe ganhou como presente do Dia das Mães uma televisão colorida, dado por uma das minhas irmãs, que nesse tempo trabalhava no IPASEAL, em Maceió.
Como televisão colorida ainda era “coisa de rico” e por isso muito mais cara aqui no nordeste, fui o encarregado de comprá-la em Vitória do Espírito Santo, onde morava na época, pois trabalhava na TV Gazeta de Vitória, capital daquele estado.
A companhia aérea Sadia, que depois se transformou em Transbrasil, foi a empresa utilizada para o envio da televisão, como carga, para Maceió. E tinha que ser Maceió porque o maior avião que até então já tinha pousado no “Campo de Aviação de Palmeira dos Índios”, pilotado pelo saudoso Geraldo Prata, era um daqueles monomotores, conhecidos como “Teco-teco”.
De Maceió para Palmeira dos Índios, a televisão seria transportada no trem de cargas, despachada diretamente para meu pai, Chefe da Estação Ferroviária.
Todo o sacrifício valia a pena porque, além de ser o presente da mamãe, a televisão que ela ia ganhar não era uma televisão qualquer: era uma Colorado RQ, a melhor marca da época e uma das melhores já produzidas no país até hoje! E ainda por cima colorida!
Vale lembrar que televisão colorida era uma raridade e privilégio de alguns ricos! Aos pobres, restava o "procedimento ridículo" de colocar papel transparente, com três faixas coloridas (azul, vermelho e amarelo), na frente do tubo de imagem!  Parece mentira, mas muita gente boa fez isso...
Para piorar o que já era difícil, ainda não existia nenhuma emissora de TV em Alagoas. O sinal "que pegava" era o da TV Rádio Clube de Pernambuco, por meio de uma antena colocada em um cano de ferro, o mais alto possível, porque, quanto maior fosse o cano, “melhor” seria a imagem, se é que podemos chamar  “chuviscos” de imagens!
Diante destas dificuldades iniciais, todas as providências para o grande momento foram meticulosamente estudadas e tomadas:
• Um “carro de praça” (como eram chamados os taxis antigamente) foi alugado para ir apanhar a televisão na estação, assim que o trem chegasse;
• A contratação de Zezinho, o melhor “antenista” de Palmeira dos Índios, para instalação do equipamento;
• E, como não podiam faltar, os convidados especiais, nossos amigos da Rua Graciliano Ramos, colegas de adolescência: Tânia, filha de Dr. Osvaldo; Vanderlino, filho do seu Manoel da Rodoviária; Vera, filha de seu Luiz Medeiros; Marcelo Barros, filho de seu Luiz de Barros do Cartório; Jarbas, parente de seu Sebastião Florêncio e o casal Vânia e José Arnaldo, filhos do nosso vizinho José Herculano.
E é chegado o grande dia...
Por volta das nove da noite, o carro de praça, trazendo o presente, estaciona porta lá de casa... Imagine a festa e a pressa para retirar o “trambolho” do carro e depois a ânsia em retirar a televisão da caixa!
Estávamos no céu! Desse momento em diante, o divertimento da família estava garantido: assistir televisão colorida (na verdade, “chuviscos coloridos”), com muita pipoca, feitas numa caçarola e com óleo comum. Micro-ondas e saco de pipocas de supermercados eram coisas ninguém imaginava que um dia pudessem existir!
Começa a instalação da televisão... Excitação total!
Nessa hora, Zezinho, o antenista, nos seus 15 minutos de fama, todo faceiro e cheio de mistérios, demorava maios do que podia para instalar a TV, querendo mostrar um alto grau de dificuldades e valorizar suas habilidades profissionais.
Após uns 40 minutos de grande ansiedade e expectativa, a instalação ficou pronta e a ordem de D. Maria Luiza (nossa mãe) foi dada:
- Atenção pessoal, todo mundo sentado e muito silêncio, porque televisão já vai funcionar!
Ligada na tomada e aquecendo suas válvulas, aos poucos o brilho da imagem começou a tomar conta da sala, sob os aplausos de todos, como se estivessem assistindo a mais uma vitória do Zorro sobre o Sargento Garcia, nos velhos seriados do Cine Palácio, de Itamar Malta.
Como ainda estávamos na chamada ditadura militares, a primeira imagem captada pela televisão da mamãe, foi um Slide da Censura Federal, obrigatório na época, liberando a exibição do filme, seguida da voz do locutor Rossini Moura:
- ESTE FILME FOI PRODUZIDO ORIGINARIAMENTE EM PRETO E BRANCO!
E assim, teve início uma sessão que não foi colorida, mas de boas gargalhadas...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

MARIA TOPADA E O APRESSADINHO

Texto de Aloisio Guimarães

A figura conhecida da nossa Maria Topada já foi descrita no causo anterior “MARIA TOPADA E O DELEGADO” - que pode ser lido aqui mesmo no blog.
Então, vamos aos fatos:
Antigamente, a Rede Ferroviária Federal S.A. (REFFESA) mantinha, regularmente, trens de passageiros e de cargas entre as cidades de Maceió e Porto Real do Colégio, às margens do Rio São Francisco, na divisa com o estado de Sergipe. Assistir a movimentação de passageiros, quando o trem chegava, e saber quem estava chegando ou ia viajar, era um dos programas favoritos em todas as cidades por onde ele passava.
Como o meu pai era o Chefe da Estação Ferroviária em Palmeira dos Índios, eu vivenciei, durante muitos anos, momentos assim.
Certa feita, Maria Topada estava na estação, esperando o "cavalo de ferro" chegar, para tentar ganhar alguns trocados para a sua sobrevivência. Como sempre, era intensa a movimentação de pessoas, viajantes e curiosos, na plataforma da estação. Tão logo o trem parou, um dos passageiros que acabara de desembarcar, muito apressadinho, deu uma trombada na Maria Topada. O tal viajante, vendo aquela figura simples e baixinha, não titubeou e a xingou pelo encontrão que tiveram.
Pronto! Como diz o ditado: “Mexeu com o cão com vara curta”...
Após ouvir o xingamento que ele lhe dirigiu, Maria Topada colocou as duas mãos na cintura, balançou o pé direito e exclamou:
- Ôxente, deixe de pressa! Já trouxe até a mala e num sabe nem se vai ficar!
Pronto, estava criado mais um bordão na cidade! Desse dia em diante, durante muito tempo, quando alguém se comportava de modo apressado ou impaciente, era logo advertido:
- Ôxente, deixe de pressa! Já trouxe até a mala e num sabe nem se vai ficar!

domingo, 17 de fevereiro de 2019

LENDA CHINESA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Era uma vez uma jovem chamada Lin, que se casou e foi viver com o marido na casa da sogra. Depois de algum tempo, começou a ver que não se adaptava à sogra, pois elas tinham temperamentos muito diferentes e Lin se irritava com os hábitos e costumes da sogra, que a criticava cada vez mais com insistência.
Com o passar dos meses, as coisas foram piorando, tornando a convivência entre elas insuportável. No entanto, segundo as tradições antigas da China, a nora tem que estar sempre a serviço da sogra e obedecer-lhe em tudo.
Mas Lin, não suportando por mais tempo a ideia de viver com a sogra, tomou a decisão de ir consultar um Mestre, velho amigo do seu pai.
Depois de ouvir a jovem, o Mestre Huang pegou num ramalhete de ervas medicinal e disse-lhe:
- Isto é para te livrares da tua sogra. Entretanto, não as deves usar de uma só vez, pois isso poderia causar suspeitas. Misture com a comida, pouco a pouco, dia após dia, e assim ela vai-se envenenando lentamente. Mas, para teres a certeza de que, quando ela morrer, ninguém suspeitará de ti, deverás ter muito cuidado em tratá-la sempre com muita amizade. Não discutas e ajuda-a a resolver os seus problemas
Lin respondeu:
- Obrigado, Mestre Huang, farei tudo o que me recomendas.
Lin ficou muito contente e voltou para casa entusiasmada com o projeto de assassinar a sogra.
Durante várias semanas Lin serviu, dia sim, dia não, uma refeição preparada especialmente para a sogra e tinha sempre presente o conselho recebido do Mestre Huang para evitar suspeitas: controlava o temperamento, obedecia à sogra em tudo e tratava-a como se fosse a sua própria mãe.
As atitudes da sogra também mudaram e ambas passaram a tratar-se como mãe e filha.
Lin controlava bem o seu temperamento e quase nunca se aborrecia.
Durante estes meses não teve uma única discussão com a sogra, que também se mostrava muito mais amável e mais fácil de tratar com ela.
Passados seis meses, toda a família estava mudada.
Certo dia, Lin foi procurar o Mestre Huang, para lhe pedir ajuda:
- Mestre, por favor, ajude-me a evitar que o veneno venha a matar a minha sogra. É que ela transformou-se numa mulher agradável e gosto dela como se fosse a minha mãe! Não quero que ela morra por causa do veneno que lhe dou!
Mestre Huang sorriu e abanou a cabeça e disse:
- Não te preocupes. A tua sogra não mudou. Quem mudou foste tu. As ervas que te dei são vitaminas para melhorar a saúde. O veneno estava nas tuas atitudes, mas foi sendo substituído pelo amor e carinho que lhe começastes a dedicar.
Na China, há um provérbio que diz: "A pessoa que ama também será amada".
As pessoas que mais nos dão dor de cabeça hoje poderão vir a ser as que mais nos darão alegrias no futuro. Invista nelas. Cative-as, ouça-as, cruze seu mundo com o mundo delas. Plante sementes... Não espere o resultado imediato; colha com paciência. Esse é o único investimento que jamais se perde. Se elas não ganharem, você, pelo menos, ganhará paz interior, experiência e consciência de que fez o melhor.
Os árabes têm outro provérbio:
- O nosso inimigo não é aquele que nos odeia, mas aquele que nós odiamos!

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

REMÉDIO PARA PRESSÃO

Texto de Luiz F Veríssimo

Cada dia que vou comprar o dito cujo, o preço aumenta. Controlar a pressão é mole. Quero ver é controlar o "preção". Tô sofrendo de "preção alto".
O médico mandou cortar o sal. Comecei cortando o médico, já que a consulta era salgada demais. Para piorar, acho que tô ficando meio esquizofrênico. Sério! Não sei mais o que é real. Principalmente, quando abro a carteira ou pego extrato no banco.
Não tem mais um Real. Sem falar na minha esclerose precoce. Comecei a esquecer as coisas: Sabe aquele carro? Esquece! Aquela viagem? Esquece! Tudo o que o presidente prometeu? Esquece!
Podem dizer que sou hipocondríaco, mas acho que tô igual ao meu time: nas últimas.
Bem, e o que dizer do carioca? Já nem liga mais pra bala perdida... Entra por um ouvido e sai pelo outro.
Faz diferença...
A diferença entre o Brasil e a República Checa é que a República Checa tem o governo em Praga e o Brasil tem essa praga no governo.
Não tem nada pior do que ser hipocondríaco num país que não tem remédio.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

ARROBA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Todo mundo usa este símbolo na correspondência eletrônica (e-mail), mas são poucos aqueles que sabem o seu significado e origem. De agora em diante, você vai usar o "@ "sabendo tudo sobre ele:
Durante a Idade Média os livros eram escritos pelos copistas, à mão. Precursores dos taquígrafos, os copistas simplificavam o seu trabalho substituindo letras, palavras e nomes próprios por símbolos, sinais e abreviaturas. Não era por economia de esforço nem para o trabalho ser mais rápido (tempo era o que não faltava, naquela época!). O motivo era de ordem econômica: tinta e papel eram valiosíssimos.
Assim, surgiu o "til" (~), para substituir o "m" ou "n" que nasalizava a vogal anterior. Se você reparar bem, verá que o til é um "enezinho" sobre a letra, da mesma forma. por exemplo, o nome espanhol "Francisco", também grafado "Phrancisco", foi abreviado para "Phco" e "Pco", o que explica, em espanhol, o apelido "Paco".
Ao citarem os santos, os copistas identificavam-nos por algum detalhe significativo das suas vidas. O nome de "São José", por exemplo, aparecia seguido de "Jesus Christi Pater Putativus", ou seja, o pai putativo (suposto) de Jesus Cristo. Mais tarde, os copistas passaram a adotar a abreviatura "JHS PP" e depois, simplesmente, "PP". A pronúncia dessas letras em sequência explica por que "José", em espanhol, tem o apelido de "Pepe".
Já para substituir a palavra latina "et" ("e"), eles criaram o símbolo "&" (popularmente conhecido como "e comercial", em português), resultado do entrelaçamento dessas duas letras, em inglês e em latim. E foi com esse mesmo recurso de entrelaçamento de letras que os copistas criaram o símbolo "@", para substituir a preposição latina "ad", que tinha, entre outros, o sentido de "casa de".
Foram-se os copistas, veio a imprensa, mas os símbolos "@" e "&" continuaram firmes nos livros de contabilidade. O "@" aparecia entre o número de unidades da mercadoria e o preço. Por exemplo: o registro de contabilidade 10@£3 significava 10 unidades, ao preço de 3 libras, cada uma. Nessa época, o símbolo "@ "significava, em inglês, "at" ("a" ou "em").
No século XIX, na Catalunha (nordeste da Espanha), o comércio e a indústria procuravam imitar as práticas comerciais e contabilísticas dos ingleses. E como os espanhóis desconheciam o sentido que os ingleses davam ao símbolo "@" ("a" ou "em"), acharam que o símbolo devia ser uma unidade de peso. Para isso, contribuíram duas coincidências:
1. a unidade de peso comum para os espanhóis, na época, era a "arroba", cujo inicial lembra a forma do símbolo;
2. os carregamentos desembarcados vinham frequentemente em fardos de 1 arroba. Por isso, os espanhóis interpretavam aquele mesmo registro de 10@£3 assim: dez arrobas custando 3 libras cada uma. Então, o símbolo "@" passou a ser usado por eles para designar  a "arroba" (medida de peso).
A etimologia do termo "arroba" vem da palavra árabe "arruba", que significa a quarta parte: 1 arroba (15 kg, em números redondos) correspondia a 1/4 de outra medida de origem árabe, o "quintar", que originou o vocábulo português "quintal", medida de peso que equivale a 58,75 kg.

domingo, 10 de fevereiro de 2019

NÚMERO CAPICUA

Texto de Aloisio Guimarães

A Matemática é muito fascinante porque, através dela, podemos descobrir curiosidades interessantes que fazem parte do nosso cotidiano e que nem tomamos conhecimento.
De antemão devo esclarecer dois conceitos existentes, para não gerar confusão naqueles menos afeitos à matéria:
1. Palíndromos são palavras ou frases que possuem a mesma leitura nos dois sentidos, ou seja, de frente para trás ou de trás para frente. Por exemplo: ROMA É AMOR.
2. Anagramas são palavras, as que possuem as mesmas letras de uma palavra original. Por exemplo: são anagramas as palavras AMOR, OMAR, MORA, MARO, ROMA e RAMO.
Sabendo disto, agora você já pode aprender sobre NÚMERO CAPICUA, sem fazer nenhuma confusão:
- Chama-se Número Capicua ao número cujos algarismos lidos da esquerda para a direita ou da direita para esquerda, apresenta o mesmo resultado. Por exemplo: 123321.
Considerando os mesmos algarismos, na marcação do tempo terrestre, exatamente às 20 horas e 02 minutos do dia 20 de fevereiro de 2002 (uma quarta-feira) foi uma data histórica porque, durante um minuto, ocorreu a presença de um número capicua, fato que ocorre somente uma vez em cada milênio: 20:02 20/02 2002.
Antes desta data, apenas duas vezes isto aconteceu:
• A primeira delas aconteceu às 10 horas e 01 minuto do dia 10 de janeiro do ano 1001, ou seja: 10:01 10/01 1001.
• A segunda aconteceu às 11 horas e 11 minutos do dia 11 de novembro do ano 1111, ou seja: 11:11 11/11 1111.
Infelizmente não viveremos a próxima data capicua que ocorrerá às 21 horas e 12 minutos do dia 21 de dezembro de 2112, ou seja: 21:12 21/12 2112Depois dela, nunca mais haverá outra data capicua uma vez que, é impossível a ocorrência do número 30:03 30/03 3003, uma vez que o dia só tem 24 horas.

sábado, 9 de fevereiro de 2019

O NÚMERO φ

Adaptação de Aloisio Guimarães 
Todos nós, que estudamos o ensino médio, conhecemos o número π (pi), o mais  conhecido e famoso número irracional da Matemática, com o qual se representa a razão constante entre o perímetro e o diâmetro de qualquer circunferência.
Mesmo com toda tecnologia atual, com o uso de computadores potentes ainda não foi determinado (e nem será) o seu valor exato. Por questão de praticidade, as suas milhares casas decimais ficam reduzidas a quatro algarismos, de modo que o seu valor é comumente arredondado para 3,1416.
Hoje, se você ainda não conhecia, vai conhecer outro número fantástico: o número φ (letra grega "fi"), que, mesmo não sendo tão conhecido, ele tem um significado muito mais interessante do que o nosso velho conhecido número π.
Vejamos...
Durante séculos o homem tem procurado, incansavelmente, a beleza perfeita dos números ou a razão ideal entre eles. Nessa busca, os gregos definiram o que chamaram de “Retângulo de Ouro”. 
- E o que vem a ser o tal  “Retângulo de Ouro”?
- É todo retângulo onde a divisão da medida do lado maior pela medida do lado menor é igual a 1,618. 
Após este conceito, todas as construções feitas pelos gregos procuraram adotar esta razão como princípio construtivo. A prova mais evidente é que, no famoso Parthenon, a proporção entre os retângulos que formam a face central e os retângulos que formam a face lateral é igual a 1,618. Da mesma forma, a profundidade do templo dividida pelo comprimento (ou altura) também é igual a 1,618.
Na construção das pirâmides, os egípcios seguiram a mesma linha de raciocínio, onde a pedra de cada fileira é 1,618 menor do que a pedra da fileira de baixo!
Durante milênios, a arquitetura clássica grega prevaleceu e o “Retângulo de Ouro” era o padrão quase que obrigatório até que, depois de muito tempo, surgiu a arquitetura gótica, com suas formas arredondadas.
Por volta do ano 1200, o grande matemático Leonardo Fibonacci, estudando o crescimento das populações de coelhos, descobriu aquela que é a mais famosa sequência matemática da história: A Série DE Fibonacci: 1 - 1 - 2 - 3 - 5 - 8 - 13 - 21 - 34 - 55 - 89 - 144... Onde cada número é igual a soma dos dois números anteriores, ou seja:         
                                        1 + 1 = 2
                                        1 + 2 = 3
                                        2 + 3 = 5
                                        3 + 5 = 8
                                        5 + 8 = 13
                                        8 + 13 = 21
                                        13 + 21 = 34
                                        21 + 34 = 55
                                        34 + 55 = 89
                                        55 + 89 = 144
                                        89 + 144 = 233
                                        144 + 233 = 377
                                        ... E assim por diante.
Vamos agora, dividir cada número da sequência pelo seu antecedente, a partir do quinto número, apenas para maior evidência do resultado:
                                        5 : 3 = 1,666
                                        8 : 5 = 1,600
                                        13 : 8 = 1,625
                                        21 : 13 = 1,615
                                        34 : 21 = 1,619
                                        55 : 34 = 1,618
                                        89 : 55 = 1,618
                                        144 : 89 = 1,618
                                        233: 144 = 1,618
                                        377 : 233 = 1,618
                                         ... E assim por diante.
O resultado varia um pouco, para mais ou para menos, mas, na média, ele é igual a 1,618, que nada mais é do que o valor do número φ.  Em outras palavras, o resultado é exatamente igual à proporção do “Retângulo de Ouro”, dos gregos, e das pirâmides do Egito!
Essa descoberta de Fibonacci levou os cientistas a começarem a estudar a natureza em termos matemáticos, levando-os a descobrirem coisas interessantes, como, por exemplo:
• A proporção de abelhas fêmeas em comparação com abelhas machos numa colmeia é de 1,618;
• A proporção que aumenta o tamanho das espirais de um caracol é de 1,618;
• A proporção em que aumenta o diâmetro das espirais sementes de um girassol é de 1,618;
• A proporção em que se diminuem as folhas de uma árvore à medida que subimos de altura é de 1,618;
• Nas galáxias, as estrelas se distribuem em torno de um astro principal numa espiral obedecendo à proporção de 1,618.
Por isso, o número φ ficou conhecido como A DIVINA PROPORÇÃO!
O número φ também é encontrado, entre outras obras, na famosa Nona Sinfonia de Beethoven!
Por volta de 1500, com o Renascimento, a cultura clássica voltou à moda. Michelangelo e, principalmente Leonardo da Vinci, grandes amantes da cultura pagã, colocaram esta proporção natural em suas obras.
Da Vinci foi ainda mais longe: ele, como cientista, usava cadáveres para medir as proporções do corpo humano e descobriu que nenhuma outra coisa obedece tanto a famosa Divina Proporção do que o corpo humano, obra prima de Deus.
Veja e comprove você mesmo, considerando sempre os erros de medidas de régua ou fita métrica, que não são instrumentos precisos:
• Meça sua altura e depois divida pela altura do seu umbigo até o chão;
• Meça seu braço inteiro e depois divida pelo tamanho do seu cotovelo até o dedo;
• Meça seus dedos, inteiro, e divida pela distância da dobra central até a ponta ou da dobra central até a ponta, dividido pela segunda dobra;
• Meça sua perna inteira e divida pelo tamanho do seu joelho até o chão;
• Meça a altura do seu crânio e divida pela distância da sua mandíbula até o alto da cabeça;
• Meça da sua cintura até a cabeça e depois divida pelo comprimento do tórax...
Veja que impressionante: TODOS OS RESULTADOS SÃO IGUAIS A 1,618!
Coelhos, abelhas, caramujos, constelações, girassóis, árvores, arte e o homem, coisas teoricamente diferentes, mas ligadas nesta mesma proporção, considerada a mais perfeita das proporções.
Não por acaso que usamos essa proporção no nosso dia-a-dia:
• Divida o comprimento do seu cartão de crédito pela altura dele.
• Divida a altura de um livro pela sua largura.
• Experimente fazer o mesmo com as medidas do seu jornal, na sua foto revelada, na tela do computador, no seu televisor... Mas lembre-se de considerar sempre possíveis erros de medida da régua ou fita métrica.
O número φ também é encontrado, entre outras obras, na famosa Nona Sinfonia de Beethoven!
Para saber mais sobre o assunto, leia os livros: A Razão Áurea e/ou Deus é Matemático?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

MENDIGOS DE AFETO

Texto de Paulo Roberto Gaefke

Os mendigos de afeto estão pelas ruas e andam tão carentes do pão do amor que se entregam a paixões duvidosas, entregam o coração e a alma na mão de quem souber oferecer palavras doces, sejam mentiras, mas que sejam mentiras adocicadas.
Como quem tem sede no deserto, aceitam beber de qualquer água e veem coisas que só eles mesmos veem, verdadeiras miragens que enganam os olhos e o coração.
Os mendigos de afeto não conseguem enxergar além da emoção, e vão aceitando relacionamentos cada vez mais estranhos, aceitando migalhas do banquete, restos de amor que caem pelo chão; aceitam desculpas esfarrapadas, violência gratuita, humilhações, trapaças, enganos e desenganos, e sofrem, mas se confortam com o pouco, até que a dor se torna tão forte, que acordam, saem do relacionamento de esmola e se trancam.
Juram nunca mais entregarem-se ao amor, que pensam ter vivido, quando na verdade, nem o conheceram. Recolheram apenas as sobras de afeto que aceitaram pela "fome" de atenção.
Mesmo o mais miserável dos mendigos merece respeito e muitas pessoas não se andam respeitando, aceitando qualquer moeda, qualquer palavra falsa, desde que preencha o buraco enorme que alimentam na alma, autoestima, falta de crenças verdadeiras, de objetivos na vida.
Preencha-se primeiro, busque um encontro verdadeiro com o seu "eu", descubra o que realmente lhe faz feliz para que alguém possa se aproximar e ao invés de migalhas, possa lhe oferecer um jantar com luz de velas e música, um banquete completo, com tudo o que você sempre sonhou, do tamanho exagerado da felicidade que você merece, apenas completando o que você já tem de sobra: amor!