sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

CARTÃO DE CRÉDITO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Uma correntista de um determinado Banco morreu em julho de 2010 e o Banco faturou, durante os meses de agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, as despesas de manutenção anual do cartão de crédito da falecida, acrescentando ainda multas por atraso e juros sobre estas faturas mensais que não tinham sido pagas e enviou um aviso de cobrança para a "devedora".
Após receber o aviso de cobrança, um membro da família fez uma ligação telefônica para o tal Banco, cujo diálogo abaixo, verdadeiro ou não, não deixa de ser interessante, muito embora ele é tido como verídico: 
- Estou ligando para dizer que ela morreu em julho de 2010.
- A conta dela não foi fechada e os juros de mora e encargos ainda se aplicam (sobre as taxas de manutenção).
- Talvez você deva colocar à fundo perdido.
- Não posso, são meses de atraso.
- Então o que farão quando descobrirem que ela está morta?
- Nós encaminharemos relatório da conta para a divisão de fraudes e denunciaremos ao SPC!
- Você acha que Deus vai ficar bravo com ela?
- Desculpe-me, não entendi!
- O que você não conseguiu entender? A parte sobre ela estar morta?
- Senhor, você terá que falar com meu supervisor.
- Estou ligando para dizer que ela morreu em julho de 2010 com um saldo ZERO.
- A conta não foi fechada e juros de mora e encargos ainda se aplicam.
- Você quer dizer que deseja tomar uma propriedade dela? Ela não tinha bens e morava de aluguel...
Silêncio...
- Você é advogado dela?
- Não, eu sou seu sobrinho-neto.
- Você pode nos enviar por fax um atestado de óbito?
- Claro.
Em seguida o fax foi enviado.
Depois de receber o fax:
- Nosso sistema não é configurado para a morte. Eu não sei o que mais posso fazer para ajudar. 
- Bem se você descobrir isso seria ótimo! Se não, você poderia simplesmente manter seu faturamento. Ela não vai se importar.
- Bem os juros de mora e encargos serão ainda aplicáveis.
- Será que você gostaria do novo endereço dela para enviar cobrança?
- Isso seria ótimo e poderia ajudar.
- Cemitério Memorial Boa Viagem, Av. Redenção 129, lote 69.
- Senhor, isso é um cemitério!
- É a nova morada dela, local para aonde vão as pessoas mortas em nosso planeta!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

“DOIZI”, ESPELHANDO OS 539 MIL ZEROS DO ENEM...

Texto de Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL


Os números são chaves de ouro. Com elas podemos abrir o baú da história e desnudar o ocorrido através dos tempos. Sem dúvida, o mundo é norteado por um somatório de algarismos que, juntos, muito significam no desenvolvimento da humanidade: Os trezentos de Esparta, por exemplo, reverencia um grupo de guerreiros gregos que, quase cinco séculos antes da vinda de Cristo, no Estreito de Termólipas, lutaram até a morte para refrear a invasão do Rei Xerxes e seus milhares de soldados persas.
Ao mencionarmos “Ali Babá”, os pensamentos são remetidos a algum lugar do oriente e se deparam com os quarenta ladrões, cujo chefe, ao pronunciar a frase mágica Abre-te-Sésamo, movia enorme pedra, desnudando passagem para uma caverna recheada de jóias, surrupiadas nas inúmeras pilhagens praticadas por eles. Ao vislumbrarmos o céu repleto de pérolas brilhantes, nossos olhos se deparam com a Constelação das três Marias, também conhecida como Cinturão de Orion, o caçador gigante que, morto por um escorpião, foi designado por Zeus para proteger a abóbada celeste.
Definitivamente, números vinculam fatos a eras, de forma tão matematicamente cirúrgica que, quando acontecem, dificilmente são esquecidos, mas, muito pelo contrário,  repetidos com um aperfeiçoamento incrível. Que o digam as centenas de larápios roubando, de forma inusitada, os cofres públicos e privados deste imenso país chamado Brasil.
Falando em números e Brasil, nos últimos dias os filhos da pátria quedaram boquiabertos ante o fantástico índice negativo alcançado por alunos deste país que parece nunca cansar de dormir em berço esplêndido: ao participarem do último ENEM, uma prova elaborada pelo Ministério da Educação para verificar o domínio de competências e habilidades dos mesmos, nos anos de estudo que antecedem o ingresso na Universidade, receberam quinhentos e trinta e nove mil zeros em Redação. Um retrato da pobreza em que vivemos, devido, principalmente, à explícita falta de respeito das autoridades às gerações teoricamente sucessoras de suas funções e postos, ou melhor, à imagem e semelhança dos que, momentaneamente, detém o poder.
Outro dia, em um ambiente público, vislumbrei uma “autoridade” exercendo a competência de seu posto. Como bom curioso, fiquei espiando o desenrolar do evento. Resolvido o imbróglio, o competente superior se dirigiu a uma vendedora de galeto e perguntou quanto custava “doizi”. A comerciante, sem entender, replicou: Hein? Ele repetiu a palavra “doizi”, espalmando um par de dedos na direção de seu rosto. Como era concursado, tenho certeza que aquele dirigente expressou “doizi”, por vício de linguagem e não por ignorância. É uma pena, mas, é este o retrato de nosso povo. Tenho esperança que aquele homem, detentor do poder, não trabalhe no “nônimo” andar de sua repartição.
Felizmente, ainda há tempo para somarmos ideias e multiplicarmos esperanças, ensejando que o saber possa iluminar a mente de milhares de jovens brasileiros, hoje vagando na falta de cultura.

domingo, 25 de janeiro de 2015

ECONOMIA NO NOSSO BOLSO

Texto de Luiz Ferreira da Silva
ENGENHEIRO-AGRÔNOMO E ESCRITOR

Amigos,

Postei no Facebook:
Estão metendo a mão no nosso bolso e nos empobrecendo. Estamos pagando a estupidez gerencial da Presidenta!
A enganadora Presidenta está nos assaltando no afã de resolver a economia do país em bancarrota por ela mesma. E como? Sacrificando a classe média. Cortar gastos nem pensar!
1. Economia é parar com os passeios dos ministros e políticos nos nossos jatinhos;
2. Economia é acabar com a imoralidade dos cartões corporativos;
3. Economia é acabar com os salários astronômicos dos Diretores das Estatais pagos a pessoas desqualificadas do PT;
4. Economia é fechar os Ministérios peito - de - homem (nāo serve para nada), reduzindo - os a apenas 10;
5. Economia é acabar com os cargos em comissão destinados aos políticos derrotados e apaniguados dos poderosos;
6. Economia é acabar com as mordomias estúpidas dos políticos e jurista, desde auxílios moradias aos empregos familiares;
7. Economia é botar para trabalhar estas duas classes privilegiadas;
8. Economia é acabar com a corrupção que sangra bilhões dos nossos bolsos;
9. Economia é reduzir o bolsa família, eliminando um bando de vagabundos, deixando apenas os mais de 65 anos e sem condições de trabalhar;
10. Economia é acabar com as viagens de inúteis servidores apadrinhados;
11. Economia é baixar os salários para um teto de 25 mil, sem cascata e sem burlas;
12. Economia é parar com a burrice das olimpíadas;
13. Economia é cobrar os burladores do INSS, do FGTS, etc;
14. Economia é acabar com as caravanas da Presidenta nos passeios internacionais;
15. Economia é acabar com subsídios do minha casa minha vida;
16. Economia é parar de jogar dinheiro fora com uma distribuição de terras inoperante;
17. Economia é fechar todos os Tribunais de Conta dos Estados;
18. Economia é reduzir os 40 bilhões enterrados no pré - sal para menos de 5bi;
19. Economia é fechar postos da Embrapa no exterior;
20. Economia é reformular muitos convênios com empresas inidôneas que sugam as tetas do governo;
21. Economia é substituir os mequetrefes gerentes por técnicos capacitados;
22. Economia é buscar no exterior o dinheiro roubado pelos políticos e empresários.
Para tal é só fazer um Pacto Nacional de soerguimento do Brasil. Mas nāo, governo chinfrim, prefere assaltar os que produzem.

sábado, 24 de janeiro de 2015

SÓ MUDARAM AS MOSCAS

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Para júbilo e gáudio dos amantes dos textos clássicos, segue uma carta do imperador Vespasiano a seu filho Tito:
22 de junho de 79 d.C.
Tito, meu filho,
Estou morrendo. Logo eu serei pó e tu, imperador. Espero que os deuses te ajudem nesta árdua tarefa, afastando as tempestades e os inimigos, acalmando os vulcões e os jornalistas.
De minha parte, só o que posso fazer é dar-te um conselho: não pare a construção do Colosseum. Em menos de um ano ele ficará pronto, dando-te muitas alegrias e infinita memória.
Alguns senadores o criticam, dizendo que deveríamos investir em esgotos e escolas. Não dê ouvidos a esses poucos e pensa: "Onde o povo prefere pousar seu clunis: numa privada, num banco de escola ou num estádio?"
- Num estádio, é claro!
Será uma imensa propaganda para ti. Ele ficará no coração de Roma "per omnia saecula saeculorum", e sempre que o olharem dirão: "Estás vendo este colosso? Foi Vespasiano quem o começou e Tito quem o inaugurou.".
Outra vantagem do Colosseum: ao erguê-lo, teremos repassado dinheiro público aos nossos amigos construtores, que tanto nos ajudam nos momentos de precisão.
Moralistas e loucos dirão que mais certo seria reformar as velhas arenas. Mas todos sabem que é melhor usar roupas novas que remendadas. "Vel caeco appareat" (Até um cego vê isso). Portanto, deves construir esse estádio em Roma.
Enfim, meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma frase: "Ad captandum vulgus, panem et circenses" (Para seduzir o povo, pão e circo).
Esperarei por ti, ao lado de Júpiter.
Vespasiano morreu no dia seguinte à carta. Tito inaugurou o Coliseu com 100 dias de festa. Tanto o pai quanto o filho foram deificados pelo senado.
 A propósito de Copas e Olimpíadas, continua válida a pergunta de Vespasiano:
- Onde o povo prefere pousar seu clunis: numa privada, num banco de escola ou num estádio? 
Assim, a gente de Brasília construirá monumentais estádios em Cuiabá, Recife e Manaus, mesmo que nem haja ludopédio por esses lugares. Só para se ter uma ideia, em Cuiabá, a Arena Pantanal terá 43.600 lugares. No último campeonato de Mato Grosso, a média foi inferior a 1.000 pessoas por partida. Em Recife, haverá um novo Estádio, embora todos os grandes clubes locais já tenham o seu. Em Manaus, pior ainda: a Arena terá 47 mil lugares. No último campeonato estadual, juntando os 80 jogos, o público total foi de 37.971 pessoas.
As gentes da Terra Papagalli não ligaram nem mesmo para o exemplo dos sul-africanos, que construíram 5 novos estádios e 4 são deficitários.  
Vespasiano estava certo: o grande negócio é construir estádios!
NB: Em latim, "clunis" são "nádegas". 

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

EPITÁFIOS

Texto de Aloisio Guimarães

O termo Epitáfio vem do grego “epi”, que significa “superior” e “tafos”, que significa “túmulo”. Assim, osEpitáfios são as frases escritas sobre os túmulos, nas quais os falecidos e/ou familiares tentam expressar, através delas, um resumo do que elas foram em vida. Algumas são criativas e engraçadas. Apresento-lhes, abaixo, uma relação de possíveis epitáfios, relacionados às profissões. Uns, foram recebidos por e-mail; alguns, de minha lavra e outros, garimpados na internet:
• O AÇOUGUEIRO
- Desencarnei.
• O ADVOGADO
- Disseram que morri, mas vou recorre!
• O AGRÔNOMO
- Favor regar o solo com Neguvon. Evita Vermes.
• O ARQUEÓLOGO
- Enfim, fóssil.
• A ASSISTENTE SOCIAL
- Alguém aí, me ajude!
• O BAILARINO
- Dancei!
• O BOMBEIRO
- Apaguei
• O BROTHER
- Fui...
• O CARTUNISTA
- Partiu sem deixar traços.
• O CHEFE
- Bata antes de entrar.
• O CLAUTROFÓBICO
- Me tirem daqui!
• O COMENTARISTA
- Sem comentário...
• O COMERCIANTE
- Fechado pra balanço.
• O CONFEITEIRO
- Acabou-se o que era doce!
• O CONSTRUTOR
- Minha última obra.
• O CONVERSADOR
- Fim de papo...
• O CORRETOR DE IMÓVEIS
- Minha última morada.
• O COSTUREIRO
- Abotoei o paletó!
• O DELEGADO
- Tá olhando o quê? Circulando, circulando...
• O DRAMATURGO
- Meu ato final.

• O ECOLOGISTA
- Entrei em extinção.
• O ELETRICISTA
- É chocante!
• O ENÓLOGO
- Envelhecido em caixão de carvalho, aroma Formol e after tasting que denota presença de Micro-organismos diversos.
• O ESPÍRITA
- Volto já.
• O ESPERMATOZOIDE
- Punheteiro safado!
• O EX-PRESIDENTE LULA
- Eu não sei de nada! O que aconteceu, cumpanhêro?
• O EX-PRESIDENTE COLLOR
- Não abandonem! Não me deixem só!
• O FUNCIONÁRIO PÚBLICO
- Dirija-se ao túmulo ao lado.
• O GAY
- Virei purpurina.
• O HERÓI
- Corri para o lado errado.
• O HIPOCONDRÍACO
- Eu não disse que estava doente?!
• O HUMORISTA
- Isto não tem a menor graça.
• O INTERNAUTA
• O JANGADEIRO DIABÉTICO
- Foi doce morrer no mar.
• O JÓQUEI
- Cruzei o disco final.
• O JOSÉ DIRCEU
- Eu sou inocente!
• O JUIZ DE DIREITO
- Caso encerrado.
• O JUIZ DE FUTEBOL
- Apito final.
• O DROGADO
- A minha última “viagem”
• O MILIONÁRIO
- Enfim, duro.
• O OBSTETRA
- Parto sem dor.
• O PESSIMISTA
- Aposto que está fazendo o maior frio no inferno.
• O PETISTA
- A morte é igual ao mensalão: não existe!
• O PROFESSOR
- Nota zero!
• O PSICANALISTA
- A eternidade não passa de um complexo de superioridade mal resolvido.
• O QUÍMICO
- A morte é uma droga!
• O SAMBISTA
- Sambei!
• O SANITARISTA
- Sujou!
• O SAPATEIRO
- Bati as botas!
• A SEX SYMBOL
- Agora, só a terra vai comer.
• O VICIADO
- Enfim, pó!
• O WEB DESIGNE
- Enfim, off-line!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

TORMENTAS

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES
 
Contam que um dia um camponês pediu a Deus permitir-lhe mandar sobre a Natureza para, segundo ele, conseguir melhores colheitas.
E Deus lhe concedeu...
Então, quando o camponês queria chuva ligeira, assim acontecia; quando pedia sol, este brilhava em seu esplendor; se necessitava mais água, chovia mais regularmente; etc.
Mas quando chegou o tempo da colheita, sua surpresa e estupor foram grandes porque o resultado foi um total fracasso.
Desconcertado e meio aborrecido perguntou a Deus por que aconteceu aquilo, se ele havia escolhido os climas que achou serem os mais adequados. Deus respondeu:
- Tu pediste o que quiseste, mas não o que de verdade convinha. Nunca pediste tormentas, e estas são muito necessárias para limpar a semente, afugentar aves e animais que a consomem, e purificá-la de pragas que a destroem...
Assim acontece conosco, queremos que nossa vida seja puro amor e doçura, nada de problemas. O otimista não é aquele que não vê as dificuldades, mas aquele que não se assusta com elas, não se deixa ultrapassar. Podemos afirmar que as dificuldades são vantagens, as dificuldades amadurecem as pessoas, as fazem crescer… Por isso faz falta uma verdadeira tormenta na vida de uma pessoa, para fazê-la compreender o quanto se tem preocupado com bobagens, por chuviscos passageiros.
O importante não é fugir das tormentas, mas ter fé e confiança em que logo passarão e nos deixarão algo de bom em nossas vidas.
Há derrotas que têm mais dignidade do que a vitória; uma retirada a tempo é em si uma vitória. O primeiro êxito não significa vitória e o primeiro fracasso não significa derrota.
Pergunta-te se o que estás fazendo hoje te aproxima do lugar aonde queres estar amanhã. Antes de pôr uma barreira em tua vida, recorda o que vais deixar dentro e o que ficará fora.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

DAR E RECEBER

Texto de Tânia Vernet

Quando eu participava de um grupo em uma casa espírita, todos os meses, doava alimentos para compor cestas básicas que eram distribuídas às famílias carentes da comunidade.
A cada mês, um grupo se encarregava de trazer arroz, outro, feijão, e assim por diante, a fim de que se compusesse a cesta.
Em determinado mês, coube ao meu grupo trazer café. Nada poderia ser mais simples: um quilo de café, não importava a marca.
No entanto, a coordenadora nos alertou:
- Combinem entre vocês para trazerem apenas café em pó ou café solúvel. Porque as pessoas reclamam que receberam de um tipo e as outras de outro. Então, melhor que seja tudo igual.
Por muito tempo, refleti sobre isso. As famílias eram carentes, recebiam cestas de alimentos que com certeza supriam suas necessidades imediatas. Então por que reclamavam?  Afinal, não pagavam nada!
Um dia, me caiu nas mãos um livro, intitulado “Trapeiros de Emaús”. Contava a história de uma comunidade iniciada por um padre, para pessoas que eram o que chamaríamos de “Sem Teto”. Um trecho me chamou a atenção: o padre contava suas experiências em caridade. Quando menino, ele costumava acompanhar seu pai que todos os meses, doava um dia de seu tempo para atender pessoas carentes. O pai era médico, mas como já havia quem atendesse às pessoas nesse setor, ele se dedicava a cortar cabelos, profissão que também exercera. O menino percebia que embora seu pai executasse seu serviço de graça e com amor, as pessoas reclamavam muito. Exigiam tal ou tal corte e às vezes quando iam embora, xingavam o pai porque não haviam gostado do corte. Mas o pai tinha uma paciência infinita, tentava atender ao que lhe pediam e jamais revidava as ofensas, chegando até mesmo a pedir desculpas, quando alguém não gostava do trabalho que ele realizara. Então, um dia, o menino perguntou ao pai por que ele agia assim. E por que as pessoas reclamavam de algo que recebiam de graça, que não teriam de outra forma. “Para essas pessoas - disse o pai - receber é muito difícil. Elas se sentem humilhadas porque recebem sem dar nada em troca. Por isso elas reclamam, é uma maneira de manterem a autoestima, de deixar claro que ainda conservam a própria dignidade. É preciso saber dar, disse o pai. Dar de maneira que a pessoa que recebe não se sinta ferida em sua dignidade.”
Depois li um livro de Brian Weiss em que ele contava que uma moça estava muito zangada com Deus. A mãe dela morrera, depois de vários anos de vida vegetativa, sendo cuidada pelos outros como um bebê indefeso. “Minha mãe sempre ajudou os outros, nunca quis receber nada, não merecia isso”, dizia ela. Então, ela recebeu uma mensagem dos Mestres: a doença de sua mãe foi uma bênção, ela passou a vida ajudando os outros, mas não sabia receber. Durante o tempo da doença, ela aprendeu. Isso era necessário para a sua evolução.
Depois de ler esses dois livros, eu comecei a entender a atitude das pessoas que reclamavam do que recebiam nas cestas básicas.
E comecei também a refletir sobre essa frágil e necessária ponte entre as pessoas que se chama “Dar e receber”.
Quando ajudamos alguém em dificuldade, quando damos alguma coisa a alguém que a necessita, seja material ou “imaterial”, estamos teoricamente em posição de superioridade. Somos nós os doadores, isso nos faz bem e às vezes tendemos a não dar importância à maneira como essa ajuda é dada. Por outro lado, quando somos nós a receber, ou nos sentimos diminuídos, ou recebemos como se aquilo nos fosse devido.
E quantas vezes fizemos dessa ponte uma via de mão única?
Quantas vezes fomos apenas aquele que dá, aparentemente com generosidade, mas guardando lá no fundo nosso sentimento de superioridade sobre o outro ou esperando sua eterna gratidão e recusamos orgulhosamente receber, porque não precisamos de nada, nem de ninguém, ou porque temos vergonha de mostrar nossa fragilidade, como se isso nos fizesse menores aos olhos dos outros?
E quantas vezes fomos apenas aquele que tudo recebe, sem nada dar em troca, egoisticamente convencidos de nosso direito a isso?
A Lei é “DAR COM LIBERALIDADE E RECEBER COM GRATIDÃO”.
Ensina São Paulo que cada um de nós consiga entender as lições de “Dar e receber” e agradeça a Deus as oportunidades de aprendê-las.

domingo, 11 de janeiro de 2015

HOMENS MADUROS

Texto de Lisiê Silva

Há uma indisfarçável e sedutora beleza na personalidade de muitos homens que hoje estão na idade madura. É claro que toda regra tem as suas exceções, e cada idade tem o seu próprio valor. Porém, com toda a consideração e respeito às demais idades, destacaremos aqui uma classe de homens que são companhias agradabilíssimas: os que hoje são quarentões, cinquentões e sessentões.
Percebe-se com uma certa facilidade, a sensibilidade de seus corações, a devoção que eles tem pelo que há de mais belo: O sentimentalismo.
Eles são mais inteligentes, vividos, charmosos, eloquentes. Sabem o que falam, e sabem falar na hora certa. São cativantes, sabem fazerem-se presentes, sem incomodar. Sabem conquistar uma boa amizade. Em termos de relacionamentos, trocam a quantidade pela qualidade, visão aguçada sobre os valores da vida, sabem tratar uma mulher com respeito e carinho. São Homens especiais, românticos, interessantes e atraentes pelo que possuem na sua forma de ser, de pensar, e de viver.
Na forma de encarar a vida, são mais poéticos, mais sentimentais, mais emocionais e mais emocionantes.
Homens mais amadurecidos têm maior desenvoltura no trato com as mulheres, sabem reconhecer as suas qualidades, são mais espirituosos, discretos, compreensivos e mais educados. A razão pela qual muitos homens maduros possuem estas qualidades maravilhosas deve-se a vários fatores: a opção de ser e de viver de cada um, suas personalidades, formação própria e familiar, suas raízes, sabedoria, gostos individuais, etc... Mas eu creio que em parte, há uma  boa parcela de influência nos modos de viver de uma época, filmes e músicas ouvidas e curtidas deixaram boas recordações da sua juventude. Um tempo não tão remoto, mas que com certeza, não volta mais. Viveram a sua mocidade (época que marca a vida de todos nós) em um dos melhores períodos do nosso tempo: Os anos 60/70, considerados as "décadas de ouro" da juventude, quando o romantismo foi vivido e cantado em verso e prosa. A saudável influência de uma época, provocada por tantos acontecimentos importantes, que hoje permanecem na memória e que mudaram a vida de muitos. Uma época em que o melhor da festa era dançar coladinho, e namorar ao ritmo suave das baladas românticas. O luar era inspirador, os domingos de sol eram só alegrias. Ouviam Beatles, Johnny Mathis, Roberto Carlos, António Marcos, The Fevers, Golden Boys, Bossa Nova, Morris Albert, Jovem guarda e muitos outros que embalaram suas "Jovens tardes de domingo, quantas alegrias! Velhos tempos, belos dias."
Foram e ainda são os Homens que mais souberam namorar: namoro no portão, aperto de mão, abraços apertadinhos, com respeito e com carinho, olhos nos olhos tinham mais valor... A moda era amar ou sofrer de amor. Muitos viveram de amor; outros morreram de amor... Estes Homens maduros de hoje nunca foram homens de “ficar”. Ou eles estavam namorando firme ou estavam na "fossa" ou estavam sozinhos. Se eles "ficassem", ficariam para sempre ao trocar alianças com suas amadas.
Junto com Benito de Paula, eles cantaram a “Mulher Brasileira, em primeiro lugar". A paixão pelo nosso país era evidente, quando cantavam: "As praias do Brasil, ensolaradas, no céu do meu Brasil, mais esplendor, a mão de Deus, abençoou, mulher que nasce aqui, tem muito mais Amor. Eu te amo, meu Brasil, Eu te amo; ninguém segura a juventude do Brasil... sil... sil... sil..."
A juventude passou, mas deixou "gravado" neles, a forma mais sublime e romântica de viver. Hoje eles possuem uma "bagagem" de conhecimentos, experiências, maturidade e inteligência que foram acumulando com o passar dos anos.
O tempo se encarregou de distingui-los dos demais, deixando os seus cabelos cor-de-prata, os movimentos mais suaves, a voz pausada, porém mais sonora.
Hoje eles são homens que marcaram uma época. Muitos deles hoje "dominam" com habilidade e destreza essas máquinas virtuais, comprovando que nem o avanço da tecnologia lhes esfriou os sentimentos, pois ainda se encantam com versos, rimas, músicas e palavras de amor e nem lhes diminuiu a grande capacidade de amar, sentir e expressar seus sentimentos.
Muitos se tornaram poetas, outros amam a poesia porque o mais importante não é a idade denunciada nos detalhes de suas fisionomias, e sim os raros valores de suas personalidades. O importante é perceber que os seus corações permanecem jovens.
São homens maduros e que nós, mulheres de hoje, temos o privilégio de poder admirá-los.