sexta-feira, 30 de junho de 2017

SÓ O TEMPO...

Texto de Dom Fernando Iório

Li, certa vez, que ter existido uma ilha onde moravam todos sentimentos: Alegria, a tristeza, o amor... No entanto, um dia, souberam os moradores que a ilha ia ser inundada pelas águas. Logo, todos os sentimentos apressaram-se para fugir em seus barcos. Mas o amor resolveu ficar mais um pouco para melhor contempla-la antes de desaparecer.
Quase inundada a ilha, o Amor começou a pedir ajuda. Nisso, vinha passando a Riqueza, e o amor suplicou:
- Riqueza, leve-me com você...
- Não posso há muito ouro e prata no meu barco, sem lugar para você, disse ela.
De novo pediu o Amor ajuda, agora a vaidade, que tinha passado:
- Vaidade, ajuda-me, por favor...
- Não posso ajudá-lo. Você está todo molhado e poderia estragar o meu barco novo.
Então, pediu o Amor ajuda à Tristeza:
- Tristeza, deixe-me ir com você...
- Ah, Amor, estou tão triste que prefiro ir sozinha no meu barco.
Também passou a Alegria, mas ela estava tão alegre que nem ouviu o clamor do Amor.
Desesperado, começou o Amor a chorar, quando uma voz o chamou:
- Venha, Amor, eu levo você no meu barco.
Era um velhinho, e o amor ficou tão feliz que se esqueceu de perguntar-lhe o nome.
Chegando ao outro lado da margem, perguntou o Amor à Sabedoria:
- Sabedoria, quem era aquele velhinho que me trouxe em seu barco?
Respondeu a Sabedoria:
- Era o Tempo!
- O Tempo?! Mas porque só o Tempo me trouxe?
Então disse a Sabedoria:
- Porque só o Tempo é capaz de ajudar a entender um grande amor.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

A MULHER E SEUS SABORES

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Atualmente tem se convencionado chamar algumas mulheres de frutas: Mulher Melancia, Mulher Pera, Mulher Jaca, Mulher Moranguinho... E por aí vai. Diante desta nova moda, apresentamos algumas definições machistas que ainda estão faltando:

 MULHER LAGOSTA
Só come quem tem dinheiro.
 MULHER CAMARÃO
 Só tem merda na cabeça, mas é gostosa e você come assim mesmo.
 MULHER CARANGUEJO
É feia e peluda, mas você bate nela, limpa direitinho e come numa boa.
 MULHER PÃO
Tem sempre o mesmo gosto, mas você come todo dia.
 MULHER APERITIVO
Acompanhada de uma bebida você come e ainda acha bom.
 MULHER MARACUJÁ
É toda enrugada, mas você come e depois que come sente vontade de dormir.
 MULHER CAVIAR
Você sabe que alguém está comendo, mas não é ninguém que você conheça.
 MULHER BACALHAU
Você só come uma vez por ano.
 MULHER MAIONESE DE FIM DE FESTA
Todo mundo te avisa pra não comer, mas como você está desesperado come assim mesmo; depois passa mal e se arrepende.
 MULHER RÃ
Todo mundo já comeu, menos você.
 MULHER SALADA
É bonita, mas quando você come descobre que não é tão gostosa assim.
 MULHER MARMITA
 Não é lá essas coisas, mas você come rapidinho.
 MULHER CAFEZINHO DE SUPERMERCADO
 Você nem faz questão, mas como é de graça, você aceita.
MULHER JILÓ
É horrível, mas você conhece alguém que come.
 MULHER DOCINHO DE FESTA
Você fica com vergonha de chegar junto, então vem outro e come e deixa você chupando dedo.
 MULHER COGUMELO VENENOSO
Comeu, tá fodido.
 MULHER FEIJOADA
Você come e ela fica te enchendo o dia todinho.
 MULHER COQUEIRO
Pode trepar que não tem galho.
 MULHER MIOJO
Em três minutos tá pronta pra comer.
 MULHER COCA DE 2 LITROS
Dá pra seis.
 MULHER BANDEIRA DE PIRATA
É só pano e osso, mas ta sempre pendurada na vara.
 MULHER MAVERICK
Antiga, já esteve na moda e bebe pra caralho!
E, finalmente...
 MULHER MILITANTE
Pistoleira, quadrilheira, mentirosa, faz programa com qualquer um e depois diz que não sabe de nada (mesmo que tenha gostado da farra). É a que realmente vai te foder todinho...

terça-feira, 27 de junho de 2017

PECADO CAPITAL

Texto de Aloisio Guimarães

São sete pecados, ou vícios, que podem ser tidos como graves, quer quanto à sua natureza, quer quanto às suas consequências. Estes sete pecados capitais são: a Soberba, a Avareza, a Luxúria, a Inveja, a Gula, a Ira e a Preguiça.
A Soberba, a Avareza, a Inveja, a Ira e a Preguiça são mais especialmente pecados do espírito enquanto que a Luxúria e a Gula são pecados do corpo.
1. A SOBERBA OU ORGULHO
A Soberba é a estima excessiva da própria pessoa. Manifesta-se principalmente de três maneiras, já que o soberbo:
a. Mostra-se ufano das qualidades que tem, não se lembra que deve por elas dar glória a Deus.
b. Atribui-se dotes que não possui;
c. Rebaixa as vantagens dos outros.
A Soberba produz a Ambição, a Presunção e a Vanglória. A Ambição é o desejo descomedido de glória, honras, fortuna, poder, etc. o ambicioso anda atrás das posições de destaque e das dignidades. A Presunção é a demasiada confiança em si próprio. Presunção e ambição não raro andam juntas. O presunçoso exagera seus talentos, julga-se preparadíssimo para qualquer encargo. E trata de meter-se em negócios e empregos altos, para os quais lhe falecem habilidades e competência e a Vanglória é a mania de se envaidecer por predicados, mais brilhantes e espalhafatosos, do que reais e sólidos; de colher louvores, e pasmar os circunstantes, quanto não há motivo para tanto. Justifica-se no ponto de vista hierárquico e econômico. A vanglória gera a Jactância, a Bazófia ou Gabolice e é doida pelos elogios. Baba-se por eles, suplica-os. Nas palestras, não deixa os outros falar. Só ele, só dele. Não aprecia os companheiros, nem se importa com eles, e por isso, conta, o que fez e não fez, mandou e desmandou, suas boas obras, virtudes e esmolas, para livrar-se de censura imerecida; e a Hipocrisia, felicitações que os gabolas se outorgam nos seus alardes palavrosos.
 2. A AVAREZA 
A Avareza é o amor desregrado às riquezas. Assume duas modalidades: 
1. É avarento aquele que anda aflito para ganhar mais dinheiro, sempre excogita artes de aumentar seus cabedais. A fortuna, para ele, é um fim, e não o meio de prover às necessidades da existência.
2. O avarento mais encontradiço é o Sovina, aquele que está afeiçoado a seus tesouros. Não dá nada. Para ele, não é vício; é uma virtude preciosa, estímulo do trabalho e mãe da prosperidade. A avareza tanto se aninha no coração do pobre, como no do rico. Avulta com a idade e recrudesce com a velhice.
Da avareza nascem a injustiça para com o próximo (fraudes, trapaças, roubos); a traição e o empedernimento do coração para com os indigentes (avarento não se compadece da miséria; nunca abre a mão para obsequiar, para dar esmola aos pobres).
 3. A LUXÚRIA
 A Luxúria, ou Lascívia, é o vício contrário à Pureza, proibido pelo 6º e 9º Mandamentos da Lei de Deus.
A Pureza ou Castidade consiste na abstenção dos prazeres carnais ilícitos. Nenhuma virtude tem mais valor do que a castidade, porque ela, melhor que as outras, é o domínio do espírito sobre a carne, da alma sobre o corpo, se manifestando das seguintes formas:
a. Más ações: há certas coisas indecentes que o menino não se atreveria a praticar à vista de seus pais ou de seus mestres, e que desonram e envergonham os autores, quando essas coisas vêm a ser conhecidas.
 b. Maus olhares: consistem em demorar a vista, por gosto e sem necessidade, nos objetos ou nas pessoas que podem excitar as paixões: por exemplo, estátuas, imagens ou pessoas que não têm a devida decência. 
c. Escritos e palavras desonestas: qualquer escrito (maus livros e maus jornais), qualquer palavra (cantigas ou conversas despudoradas) que ofendem o recato, ou abertamente, às escâncaras, ou disfarçadamente, por meio de equívocos, ambiguidades, reticências.  
d. Maus pensamentos: consiste em se demorar, voluntariamente, na imaginação de uma coisa ruim, sem querer mesmo chegar à prática da mesma. Tal deleitação, ou gozo, é chamada morosa, porque a razão, em lugar de repelir sem tardança, se demora nelas (immoratur), as acolhe com agrado, e nelas se compraz livremente.
e. Os maus desejos: o desejo é mais do que o pensamento, porque, com a imaginação do ato mau, está a intenção e vontade de praticá-lo. Perante Deus, é a mesmíssima coisa: querer ver, ouvir ou fazer, coisas impudicas, e ver, ouvir, ou fazer. Agora os desejos desonestos são como os pensamentos: culpados, exatamente na proporção em que são voluntários.
As causas determinantes de pecados contra a castidade podem se classificar em exteriores (más leituras, espetáculos de teatros e cinemas, dança, reuniões mundanas, más companhias e a moda) e interiores (o orgulho, a intemperança e o ócio).
4. A INVEJA
 A Inveja deriva-se da Soberba. Consiste no regozijo pela desgraça que sucede ao próximo e no pesar pela boa sorte dele, como se a felicidade alheia perturbasse a nossa. Logo, a inveja tem duas caras: expandida e risonha perante o mal dos outros; amarrada e tristonha diante da prosperidade alheia.
 O distintivo essencial da inveja é a falta de caridade. Portanto, não tem inveja:
 a. Quem se entristece porque vê que é feliz e passa bem uma pessoa que não o merece. Não é inveja, é "zelo desatinado" porque a repartição dos bens deste mundo é da conta exclusiva de Deus;
 b. Quem fica triste com a promoção de fulano, porque isto poderá causar transtornos; é "temor legítimo", se não ajuizado;
 c. Quem anda acabrunhado, porque outro ganhou o lugar que ele mesmo havia pleiteado por seus esforços; chama-se "brio, emulação".
 Ciúme é uma face da inveja. Não se alegra com os reveses e dissabores alheios, mas tem o receio exacerbado de perder o bem que possui, e cobiça, violentamente, o bem dos outros. Da inveja, nascem a calúnia, a maledicência, a delação, as rivalidades, as discórdias, o ódio e até o homicídio.
 5. A GULA
A Gula é o amor desordenado ao alimento. Quando se aplica de modo especial à bebida chama-se embriaguez, alcoolismo, se manifestando de dois modos: 
1. Pelo excesso na quantidade: o guloso multiplica as refeições; come a torto e a direito; ou então come demais, ou muito depressa, avidamente;
2. Por excessiva exigência na qualidade: peca por gula o que procura iguarias finas, e requinta nos prazeres do paladar; e até, quem repisa, a toda hora, na conversa, esses tópicos.
 A Embriaguez é a forma mais torpe e repugnante da gula. Com efeito, quem cai neste vício até ficar bêbado, perde o uso da razão e resvala abaixo dos brutos.
O Alcoolismo é a paixão dos excitantes, das bebidas fortes. O alcoólico não chega a embebedar-se; mas, em doses exageradas e múltiplas, ingurgita o temível veneno. Tornou-se hábito, necessidade fatal. O alcoolismo não é senão embriaguez no estado crônico:
6. A IRA
 A Ira é um movimento desordenado da alma que se revolta contra o que não lhe apraz. Muitas vezes, é o resultado do orgulho que se julga melindrado, mas é também uma paixão proveniente da índole, e que a vontade custa a senhorear.
Nem sempre alcança, a ira, o mesmo grau de violência. Por isso distinguem-se: a impaciência; a raiva; o arrebatamento, que se derrama em berros e desaforos; o furor, que se traduz por insânias, acessos próximos da loucura e a vingança, que é o desejo cultivado de prejudicar a quem nos desagradou.
Há certa cólera que não é pecado. Vem a ser, apenas, justa indignação, quando se manifesta dentro de limites razoáveis: na hora azada, contra quem a merece, e com intensidade prudente. Um pai de família se mostrará oportuna e eficazmente irritado com o comportamento mau do filho, e infligirá uma correção enérgica que produza frutos de emenda. Um superior de comunidade, no desempenho do seu cargo, castiga publicamente uma ofensa à regra. A cólera, então, não é vício, é virtude.
 A Ira gera as disputas, as quizílias, doestos e vitupérios, brados e invectivas, rancor, ódios, assassínios e demandas.
7. PREGUIÇA
A Preguiça é o apego desmedido ao descanso que leva a omitir nossas obrigações, ou a descuidá-las. O espírito e o corpo do homem que trabalha necessitam de repouso. Mas, este não pode vir a ser regra geral, e com que o único fruto da existência. A preguiça faz ociosa a vida, e franqueia, a todas as tentações, os caminhos da alma. "A preguiça é a mãe de todos os vícios". Distinguem-se de duas formas:
1. Preguiça espiritual: falta de ânimo, de coragem no cumprimento dos deveres religiosos. A preguiça espiritual põe em perigo a salvação eterna.
2. Preguiça corporal: desleixo das nossas obrigações de estado.
- Agora, responde: Qual é o teu, pecador?

segunda-feira, 26 de junho de 2017

A EXPERIÊNCIA É TUDO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Uma bonita moça, no ponto de ônibus, viu um homem já maduro e sem hesitar foi até ele e disse:
- Te achei muito bonito. Gostei de você.
O homem admirado colocou a mão no ombro da moça e disse:
- Minha querida, esse sentimento é temporário. Você é muito jovem para se comportar assim. Por favor, vá para casa e estude muito para que você possa ter uma vida de sucesso...
Em seguida ele colocou um papel na mão da moça e disse:
- Escrevi algumas palavras de sabedoria para você. Leia antes de dormir...
E a moça foi embora para casa chorando e se sentindo humilhada. Antes de dormir ela se lembrou de abrir o papel e estava escrito: "A minha mulher estava atrás de mim. Seja como for, este é o meu número. Me ligue a qualquer hora, sua gostosa! "

domingo, 25 de junho de 2017

A BRINCADEIRA DO "PEGA"

Texto de Carlito Lima

Depois das aulas na Faculdade de Engenharia era costume a turma reunir-se para uma cerveja e traçar planos noturnos na Pizzaria Sorriso na Praça Sinimbu. Certa noite de quinta-feira, após uma prova, tomei rumo à pizzaria, assim que entrei recebi o convite, participar de uma festinha íntima na praia da Sereia. As moças já estavam esperando para levá-las a um bar escondido em frente ao mar. Confesso, o convite me abalou, mas a namorada me esperava para assistir a última seção do Cine São Luiz. A paixão foi maior, agradeci aos amigos, fui ao cinema onde o amor puro e belo me aguardava.
Na manhã seguinte depois de tomar um café generoso daqueles que só existe na casa da nossa mãe, dirigi o carro rumo à Faculdade. Ao ligar o rádio sintonizado num programa de ronda policial, o locutor escandaloso esbravejava contando os acontecimentos:
- E atenção para essa notícia da juventude transviada! Um bando de xexelentos, rabugentos, estudantes da Faculdade de Engenharia da UFAL, promoveu um bacanal na praia da Sereia juntamente com algumas mundanas. Estavam como vieram ao mundo perturbando a moralidade pública, um escândalo na praia da Sereia. A depravação era tanta que uma moradora da redondeza chamou a Rádio Patrulha. Todos foram recolhidos à 1ª Delegacia de Polícia da Capital.
Logo percebi que os xexelentos eram meus colegas. Mentalmente agradeci à namorada por não ter ido à festa. Na Faculdade um dos colegas contou a proeza, às gargalhadas.
Os meninos saíram em dois carros e um jipe percorrendo alguns pontos da cidade pegando as convidadas para a festinha. Eram sete acadêmicos e oito mulheres na praia em noite de lua cheia. No bar discreto pediram cerveja, cachaça, rabo de galo, tira-gosto de camarão, panã, siri, cioba. Todos conversando, sorrindo e cantando. A animação prosseguiu, um dos colegas tocava divinamente flauta, deu um show tocando músicas de Chico Buarque e Caetano. A cachaça rolava. Alguns mais apressadinhos davam uma saída para deitar-se olhando a Lua, os corpos rolando, lambuzando-se de areia da praia, parecia filé à milanesa.
Em certo momento, alguém teve a ideia:
- Está tudo muito bom, festa arretada, mas vamos animar um bocadinho, é tarde da noite e não tem vizinho por aqui. Vamos brincar de pega! As meninas correndo na frente se escondem, nós partimos depois para procurá-las. Quem conseguir achar e pegar alguma, os dois vão saudar Iemanjá num banho de mar ou em qualquer lugar. A ordem é essa!
A sugestão foi aceita por unanimidade. Logo estavam os 13 festeiros correndo e gritando pela praia iluminados por um luar prateado. Viam-se os vultos correndo e ouviam-se os gritinhos nervosos das meninas escondendo-se dos caçadores, brincadeira apimentada. Dois amigos preferiram ficar sentados no bar apenas olhando a brincadeira de pega, divertindo-se. Já durava uma hora de corre-corre, quando apareceu um jipe em marcha lenta com luz alta acesa focando os alegres jovens que brincavam de pega. Quando focou um dos acadêmicos pegando uma bonita morena, o estudante virou-se gritando alto.
- Apague essa luz, seu filho....!!!
O jipe parou, saltaram três policias com cassetete na mão e revólver nos quartos, era a Rádio Patrulha. Prenderam o casal. O comandante chamou todos para reunirem-se no bar. O pessoal foi se achegando, vestindo a roupa. Um dos estudantes apresentou-se como aluno do NPOR, mas não houve acordo. O sargento comandante da patrulha informou que a denúncia foi uma ligação de um capitão do Exército que morava pela redondeza pedindo para acabar aquela imoralidade pública, contra os bons costumes. Exigiu a prisão de todos os marginais da orgia.
Convidados para comparecerem à delegacia, foram os quinze pegadores, pecadores. O delegado logo trancafiou as mulheres no xadrez. A sorte é que um dos acadêmicos era primo do delegado. Os estudantes comovidos pediram para liberar as meninas. Às quatro da manhã chegaram a um acordo, os homens estavam liberados, podiam ir para casa, as mulheres depois seriam soltas. O delegado não cumpriu o acordo, as moças dormiram na delegacia, foram soltas no dia seguinte. Jornalistas encarregaram-se de espalhar a notícia do bacanal nas rádios e jornais.
Hoje esses engenheiros da brincadeira de pega na praia da Sereia são respeitosos pais de famílias, avôs, ainda trabalhando pelo desenvolvimento do belo Estado das Alagoas. E essa turma de Engenharia 1971 ainda se reúne toda primeira quinta-feira do mês num almoço fraterno, nostálgico e alegre, lembrando-se das histórias da juventude.
Essa e outras histórias serão contadas na peça SE FOR PRA CHORAR QUE SEJA DE ALEGRIA - Dia 5 de julho no Teatro Deodoro – Maceió - 19 horas.

sábado, 24 de junho de 2017

O TAXISTA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Um cara foi ao bingo com 100 reais. Perdeu quase tudo, ficando com apenas com 5 reais e ele precisava voltar para casa de táxi, pois àquela hora da madrugada não tinha mais ônibus. Dirigiu-se a um ponto de táxi e perguntou ao taxista Rubens, o primeiro da fila:
- Só tenho 5 reais e preciso ir até Copacabana, pode me quebrar o galho?
O motorista não deu a mínima...
- Não trabalho para sustentar vagabundo!
Foi ele então gastar o resto no Bingo. Teve sorte e ganhou 5.000 reais. Voltou para o ponto de táxi e viu o motorista mal-educado, Rubens, na última posição.
Ele chegou para o primeiro da fila e disse:
- Te dou 200 reais, se você me levar para casa, e mais 200 reais, se você der a bundinha para mim...
O taxista ficou furioso e mandou ele para puta que o pariu. Então ele foi até o segundo e fez a mesma oferta. Quase levou uma porrada. O cara foi de táxi em táxi, sempre recebendo a mesma furiosa resposta, até que chegou no taxista mal-educado. Entrou direto no carro e falou:
- Seu Rubens, agora eu arranjei grana para te pagar. Aliás, eu pago dobrado se você sair buzinando e dando tchauzinho para os teus colegas de ponto...
Rubens aceitou a proposta, claro...
Às vezes, a imaginação é mais importante que o saber. - Albert Einstein

sexta-feira, 23 de junho de 2017

A FAMÍLIA PERFEITA

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Olá,
Meu nome é Felicidade. Sou casada com o Tempo. Ele é responsável pela resolução de todos os problemas, ele constrói corações, ele cura machucados, ele vence a tristeza… Juntos, eu e o Tempo, tivemos três filhos: a Amizade, a Sabedoria, e o Amor.
Amizade é a filha mais velha. Uma menina linda, sincera, alegre. A Amizade brilha como o sol. A Amizade une pessoas, pretendendo nunca ferir, sempre consolar.
A do meio é a Sabedoria.  Culta, íntegra, sempre foi mais apegada ao pai, o Tempo. A Sabedoria e o Tempo andam sempre juntos!
O caçula é o Amor. Ah! Como esse me dá trabalho! É teimoso, às vezes só quer morar em um lugar… Eu vivo dizendo “Amor, você foi feito para morar nos corações, não em apenas um só”. O Amor é complexo, mas é lindo, muito lindo. Quando ele começa a fazer estragos eu chamo logo o pai dele, o Tempo, e aí o Tempo vem fechando todas as feridas que o Amor abriu!
E tudo no final sempre dá certo, se ainda não deu, é porque não chegou ao final.
Por isso, acredite sempre na família. Acredite no Tempo, na Amizade, na Sabedoria e no Amor. Aí, quem sabe, eu, Felicidade, não bato à sua porta.
Tudo no Tempo de Deus e não no nosso!

quinta-feira, 22 de junho de 2017

METÁFORA DE MIM MESMO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Houve uma época em que eu desejava que todas as pessoas gostassem de mim: vivia com um sorriso tatuado no rosto, falava suave e pausadamente, me recusava a pronunciar qualquer tipo de palavrão e sofria copiosamente quando descobria que fulano ou beltrano não pertenciam ao grupo das pessoas que me admiravam. Definitivamente, eu não era normal.
Outro dia, alguém me disse:
- Eu não gosto de você!
Sofri? Não, apenas respondi:
- Fulano, engraçado que às vezes nem eu gosto de mim. Bom, pra sua sorte, você pode se afastar de mim e ponto. Eu não. Convivo 24 horas por dia comigo e, quando não me suporto, não tenho para onde fugir. Apesar de me amar, às vezes me odeio e nisso reconheço a minha normalidade. Sou normal porque aceito minhas imperfeições: acordo de mau humor, sou extremamente duro ao falar determinadas coisas, sou irônico quando devo e, infelizmente, quando não devo, sou "sincericida", faço julgamentos indevidos. Trocando em miúdos: normal você não gostar de mim. Acontece.
Hoje minha normalidade é traduzida em espontaneidade. Meus sorrisos são muito mais sinceros e o meu choro também. Não choro para que as pessoas se compadeçam de mim. Meu sorriso não é mais fixo: coloco-o no rosto quando quero e tiro-o sem o menor constrangimento. Minhas risadas são altas, longas e descomprometidas com o silêncio.
Embora tímido, sou bem humorado, companheiro, dedicado e brincalhão. Mas há pouco tempo descobri que as minhas melhores virtudes são também os meus piores defeitos: é só exagerar um pouquinho na dose que a coisa fica “over”. E a overdose é muito mais comum na gente do que se pode imaginar.
Enfim, quem sou?
- Sou, apenas, uma metáfora de mim mesmo.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

MESTRE DJUNAID

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

O mestre Djunaid tinha um jovem discípulo de quem gostava muito, mais até do que de todos os outros. Essa preferência acabou por despertar ciúmes entre seus seguidores mais antigos.
O mestre, como conhecia os corações dos homens, rapidamente se deu conta disso e reuniu os discípulos descontentes e disse:
- Apesar de muito jovem, sei que ele é superior a vocês, tanto em bondade como em compreensão. Confio inteiramente nele. Mas, se estiver enganado, quero que vocês apontem meu erro. Assim sendo, mudarei de opinião.
Dizendo isso, propôs um único teste para todos. Radiantes com a oportunidade, os mais antigos aceitaram prontamente o desafio.
Então, o mestre ordenou que trouxessem 20 pássaros. E disse aos discípulos:
- Cada um de vocês pegue um pássaro, leve-o a um lugar onde ninguém os veja, mate-o e traga-o imediatamente para que eu possa atestar que a ordem foi cumprida.
Todos os discípulos, ansiosos para provar que também eram dignos da confiança de seu mestre, saíram, mataram os pássaros e os trouxeram de volta. Todos, exceto o discípulo favorito. Ele regressou com seu pássaro vivo, que carinhosamente aninhava em suas mãos.
- Por que não o matou? - perguntou o mestre.
- Porque o Mestre disse que teria de fazê-lo em um lugar onde ninguém pudesse nos ver, mas em todos os lugares a que fui o olhar de Alá estava sempre presente... - respondeu.
Voltando-se para o restante dos discípulos, o mestre Djunaid exclamou:
- Essa é a medida da compreensão dele! Agora podem compará-la com a de vocês!
Os seguidores mais antigos então se ajoelharam e pediram perdão a Alá por sua ignorância. E reconheceram a grandeza do coração do jovem aprendiz.

terça-feira, 20 de junho de 2017

MACHISMO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

domingo, 18 de junho de 2017

A SENTEÇA QUE MUDOU A ROTA DE UMA VIDA

Texto de João Baptista Herkenhoff
PROFESSOR UNIVERSITÁRIO E ESCRITOR

Dentre as milhares de decisões que proferi na carreira de juiz, há uma que me traz uma lembrança especial porque mudou a rota de uma vida.
A sentença a que me reporto veio a se tornar muito conhecida porque pessoas encarregaram-se de espalhá-la: por xerox, primeiramente; depois por mimeógrafo; depois por e-mail; finalmente, veio a ser estampada em sites da internet. Primorosos trabalhos de arte foram produzidos a partir do caso, por pessoas que não conheço pessoalmente: Odair José Gallo e Mari Caruso Cunha (versões sonoras e com imagens).
A protagonista do caso judicial chamava-se Edna.
Hoje, aos 74 anos, a memória visual me socorre. Sou capaz de me lembrar do rosto de Edna e do ambiente do fórum, naquela tarde de nove de agosto de 1978, há trinta e dois anos, portanto. Uma mulher grávida e anônima entrou no fórum sob escolta policial. Essa mesma mulher grávida saiu do fórum, não mais anônima, porém Edna, não mais sob escolta, porém livre.
Após ouvir, palavra por palavra, o despacho que a colocou em liberdade, Edna disse que se seu filho fosse homem ele iria se chamar João Batista. Mas nasceu uma menina, a quem ela colocou o nome de Elke, em homenagem a Elke Maravilha.
Edna declarou no dia da sua liberdade: poderia passar fome, porém prostituta nunca mais seria.
Passados todos estes anos, perdi Edna de vista. Nenhuma notícia tenho dela ou da filha. Entretanto, Edna marcou minha vida. Primeiro, pelo resgate de sua existência. Segundo, pela promessa de que colocaria no filho por nascer o nome do juiz. Era o maior galardão que eu poderia receber, superior a qualquer prêmio, medalha, insígnia, consagração, dignidade ou comenda. Lembremo-nos de Jesus diante da viúva que lançou duas moedinhas no cesto das ofertas: Eu vos digo que esta pobre viúva lançou mais do que todos, pois todos aqueles deram do que lhes sobrava para as ofertas; esta, porém, na sua penúria, ofereceu tudo o que possuía para viver. (Lucas, 21, 1 a 4). Edna era humilde e pobre. Sua maior riqueza era aquela criança que pulsava no seu ventre. Ela não me oferecia assim alguma coisa externa a ela, mas algo que era a expressão maior do seu ser. Se a promessa não se concretizou isto não tem relevância, pois sua intenção foi declarada. O que impediu a homenagem foi o fato de lhe ter nascido um menino. Em razão do que acabo de relatar, se eu encontrasse Edna, teria de agradecer o que ela fez por mim. Edna me ensinou a ser juiz. Edna me ensinou que mais do que os códigos valem as pessoas. Isso que eu aprendi dela tenho procurado transmitir a outros, principalmente a meus alunos e a jovens juízes.
Segue-se a íntegra da decisão extraída da folha 32 do Processo número 3.775, da Primeira Vara Criminal de Vila Velha:
A acusada é multiplicadamente marginalizada: por ser mulher, numa sociedade machista; por ser pobre, cujo latifúndio são os sete palmos de terra dos versos imortais do poeta; por ser prostituta, desconsiderada pelos homens, mas amada por um Nazareno que certa vez passou por este mundo; por não ter saúde; por estar grávida, santificada pelo feto que tem dentro de si, mulher diante da qual este juiz deveria se ajoelhar, numa homenagem à Maternidade, porém que, na nossa estrutura social, em vez de estar recebendo cuidados pré-natais, espera pelo filho na cadeia.
É uma dupla liberdade a que concedo neste despacho: liberdade para Edna e liberdade para o filho de Edna que, se do ventre da mãe puder ouvir o som da palavra humana, sinta o calor e o amor da palavra que lhe dirijo, para que venha a este mundo tão injusto com forças para lutar, sofrer e sobreviver.
Quando tanta gente foge da maternidade; quando milhares de brasileiras, mesmo jovens e sem discernimento, são esterilizadas; quando se deve afirmar ao mundo que os seres têm direito à vida, que é preciso distribuir melhor os bens da Terra e não reduzir os comensais; quando, por motivo de conforto ou até mesmo por motivos fúteis, mulheres se privam de gerar, Edna engrandece hoje este Fórum, com o feto que traz dentro de si.
Este Juiz renegaria todo o seu credo, rasgaria todos os seus princípios, trairia a memória de sua Mãe, se permitisse sair Edna deste Fórum sob prisão.
Saia livre, saia abençoada por Deus, saia com seu filho, traga seu filho à luz, que cada choro de uma criança que nasce é a esperança de um mundo novo, mais fraterno, mais puro, algum dia cristão.
Expeça-se incontinenti o alvará de soltura.