domingo, 28 de junho de 2015

sábado, 27 de junho de 2015

CARRO DE BOI: A HISTÓRIA DE UM PASSADO

Texto de Antonio Vendramini Neto

Antonio Vendramini (era o meu avô de apelido Tonella) nasceu na cidade de Treviso, na Itália em 1882.
Sua família embarcou na oportunidade aberta aos europeus pelo governo imperial, na pessoa da princesa Isabel, com a finalidade de, em um futuro bem próximo, substituir a mão-de-obra negra e também branquear a raça, na ocasião composta por maioria de escravos.
A família e alguns outros imigrantes foram parar em uma fazenda de café na cidade de Jaú, Estado de São Paulo, mais precisamente no Distrito de Banharão, onde trabalharam arduamente na colheita dos grãos que se transformavam na magnífica bebida de fama internacional: o café.
Naquele solo, considerado por meu avô como sagrado, tiraram o sustento sob um trabalho duro e muito sofrido, até que, em um tempo razoável, conseguiram comprar pedaços de terra do fazendeiro e ter o seu próprio plantio.
O menino Tonella, naquela ocasião, teve sua atenção despertada para a montagem de um carro de boi que se fazia em um depósito cujas sacas de café seriam levadas para o embarque nas ferrovias, puxada pela saudosa “Maria-Fumaça”. Ali ficava horas e horas observando o trabalho dos carpinteiros. Quando chegava em casa, recebia as reprimendas dos irmãos porque não ia para a lavoura, mas, como era o mais novo, eles entendiam e faziam a sua parte.
Ele ficou compenetrado naquela construção, aprendendo os mecanismos do funcionamento e também a lida com as parelhas de bois que iam sendo atreladas para o transporte de sacas de café da colheita. Não demorou muito, foi promovido a “carreiro” que é nome que se dá para o condutor do conjunto.
Sob muita emoção, ele contava essas histórias que o menino Toninho (neto) ouvia com muita atenção e fazia inúmeras perguntas. Dizia que para o carro “cantar” tinha que apertar o eixo e engraxar, com um pincel, com banha de porco ou azeite que ficava no azeiteiro, dentro de um chifre de boi, carregado pelo irmão mais velho de apelido “Anduim”, que Tonella considerava como se fosse um pai.
O “canto” do carro era uma grande atração; quando entrava na cidade, aglomerava muita gente pela curiosidade de ver quem estava chegando e ouvir as “novidades”. Mais para a periferia, no Distrito, o chamado Banharão - terra que me viu nascer - a cantiga ia atraindo especialmente as moças que corriam para a porta das casas, e os condutores, Tonella e Anduim, sorriam e acenavam com o chapéu.
E assim, com gritos de “comandos”, os bois iam à marcha rápida para o destino. Segundo ele, gostava de trabalhar com boi “malhado”; era mais manso e de fácil aprendizado.
O trabalho de amansar era feito aos poucos, com uma “canga” no pescoço, para o peso ser puxado por igual, e assim podia trabalhar por muitos anos, se fosse bem cuidado.
Ele ficava com muita tristeza quando falava sobre a aposentadoria de um boi.
Quando o animal já estava velho e não aguentava mais puxar o carro e outros serviços, tinha que levar para o curral do matadouro... Dizia também que o velho boi pressentia a proximidade da morte e até lágrimas corriam dos olhos”.
Outra história que o Velho Tonella contava muito animado era sobre o namoro com Dona Santa (minha avó).
Quando a gente passava de proposito com o carro de boi na rua que ele morava, já estava na janela da casa sorrindo e acenando, era o sinal de que a gente ia se encontrar”.
O carro de boi foi, para a família Vendramini daquela época, um marco produtivo de crescimento. Foi o principal meio de transporte utilizado para movimentar a produção das fazendas e das cidades. Entretanto, o aparecimento das tropas de burros - do qual meu avô foi um dos pioneiros em Jaú e, tornou-se muito conhecido por dotá-los de destreza no trabalho de tração - substituiu com mais velocidade o transporte das sacas de café, levando-as à estação de trem e de lá, através da Maria-Fumaça, para os navios no porto de Santos.
Mais adiante, na vida dele, vieram os cavalos, fazendo a alegria de muitas pessoas com o treinamento que lhes dava para que se apresentassem em espetáculos rurais, corridas, terreiros e shows circenses.
Com muita emoção, concluo que o carro de boi acompanhou as mudanças, o crescimento e o progresso das cidades e das famílias. Hoje, ele é apenas uma lembrança do passado de uma geração, que vai se acumulando em nossas memórias e na desse nosso país.
Felizmente, pelo seu valor cultural, o carro de boi ainda é homenageado em diversos festivais e encontros, onde bravos remanescentes daquela época se reúnem para contar “causos” desse meio de transporte rústico e, agora, simbólico do meio rural brasileiro.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

PRESENTE DE CASAMENTO

Texto de Aloisio Guimarães

Outro dia assisti na televisão, uma reportagem sobre festas de casamento. Uma das noivas afirmou que já tinha desconvidado algumas amigas para a festa de casamento porque não tinha gostado do valor dos presentes que elas lhe tinham dado durante o  seu “chá de panela”.
Como diz o matuto, "fiquei bege". Foi isso mesmo que vi e ouvi: a noiva disse, na maior cara de pau, que tinha desconvidado "amigas".
- Amigas?!
Que lindo conceito de amizade ela tem.
Depois que terminou a reportagem, fiquei procurando respostas para minhas várias indagações:
- Quer dizer que tem gente esperando “recuperar”, com os presentes, aquilo que gastou na preparação e execução da festa do seu casamento? É isso mesmo, ou estou entendendo errado?!
- E onde fica o prazer da companhia dos amigos, nessas datas significativas?
- Será que a intenção de recuperação do “prejuízo” também acontece com as festas de aniversário?
Depois de ver e ouvir tais declarações, foi que comecei a compreender o porquê de me considerarem doido e/ou besta, porque, nas poucas festas que eu fiz, quando alguém me perguntava que presente levaria, sempre respondi, com sinceridade e seriedade:
- O único presente que quero é a sua presença. Se você me aparecer com algum pacote, não vai entrar na festa.
Para mim, os presentes da minha lista são os meus amigos!
Vou logo avisando:
- Se um dia alguém quiser me convidar, com a intenção de compensar o gasto da festa com presentes, por favor, não me convide; pegue o seu convite e enfie "naquele lugar".

segunda-feira, 22 de junho de 2015

VIVER NOVAMENTE

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Erma Bombeck foi uma humorista norte-americana muito popular por sua coluna no jornal, onde descrevia a vida doméstica no subúrbio da metade das décadas de 1960 até o final de 1990. Este texto foi escrito após ela saber que estava com câncer:
Se eu pudesse viver minha vida novamente, eu iria falar menos e ouvir mais. Iria convidar os amigos para jantar apesar do carpete sujo e do sofá desbotado. Eu iria comer mais pipoca na sala de estar e me preocuparia muito menos com a sujeira. Eu dedicaria tempo para ouvir meu avô contar suas histórias e nunca mais insistiria em fechar os vidros do carro para não bagunçar o meu penteado. Eu acenderia aquela vela em formato de rosa antes que ela derretesse guardada na despensa. Eu sentaria na grama com os meus filhos, sem me preocupar em manchar a roupa. Eu choraria e riria menos ao ver TV, e mais ao observar minha própria vida. Eu compartilharia mais das responsabilidades do meu marido e me deitaria quando não me sentisse bem, desistindo de achar que o mundo iria parar de girar se eu não fosse trabalhar. Eu não compraria nada apenas pelo preço ou por ser prático. Ao invés de desejar que os nove meses passassem rápido, eu iria curti-los em cada momento, sabendo que alguém maravilhoso estava crescendo dentro de mim e que esta era minha única chance de auxiliar a Deus em um milagre. Quando meus filhos me beijassem impetuosamente, eu jamais diria “agora não”… Haveria mais “eu te amo”, e mais “me perdoe…” Mas, mais do que tudo, se eu pudesse viver minha vida novamente, eu aproveitaria cada minuto… Olharia para ela e realmente a veria. A viveria e nunca a abandonaria.

domingo, 21 de junho de 2015

CADÊ A TRADIÇÃO QUE TINHA AQUI?

Texto de Rubens Mário
  PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

Se aproxima mais uma festa de São João. Acredito que esse é o período, culturalmente, mais rico e o mais bonito do ano. Outrora, na véspera de São João - o santo mais festejado - a cidade se transformava, com a maioria das suas ruas, ainda de terra, toda enfeitada com os motivos juninos e ficando parecida com uma gostosa província interiorana. Toda a cidade ficava decorada com bandeirolas coloridas, independente de ser ano de copa do mundo. Naquele dia especial, quase todas as famílias tinham um ritual a cumprir. Na nossa casa, por exemplo, na Rua da União, em frente à saudosa praça da faculdade, como tínhamos um estoque bastante grande de madeira no nosso imenso quintal - o nosso pai tinha mandado derrubar a casa de taipa e a substituído por outra de alvenaria - logo cedo já separávamos os paus para a imponente fogueira. Nesse momento já começávamos a pensar nos fogos que o nosso pai, com certeza, iria trazer quando saísse da alfaiataria no beco de São José. À tarde, por volta das 16:00h., os moradores varriam o terreiro onde iam ser edificadas as fogueiras; de todas as casas  saiam madeiras velhas  e cada família se esforçava para fazer a maior e mais bonita fogueira; ao lado delas,  muitos fincavam, pés de bananeiras ou qualquer outra planta às quais  chamávamos de mastro. No cair da tarde todo o trabalho estava concluído e as ruas se transformavam em lindos arraiás. À noite, para nossa alegria maior, nosso pai chegava com pacotes de fogos, e nós eu e meu irmão Robson - abríamos curiosos para saber o que tinha ali dentro; encontrávamos estalos bebés, traques, chuvinhas, diabinhos, estrelinhas, espanta coiós, e etc. Para a nossa mãe ele trazia, rodinhas, foguetes e vulcões. À essas alturas, a minha mãe já tinha preparado  a deliciosa canjica de milho verde. No meio da noite as fogueiras eram acesas e aí atingíamos o ponto culminante da grande festa. Os balões, naquela época, inofensivos, eram soltos sem maldade pelos adultos e enfeitavam o céu já iluminado pelas milhares de fogueiras. Nós, na nossa inocência infantil, corríamos pelas ruas do Prado com espelhinhos redondos acompanhando as trajetórias dos balões no céu, até observarmos as suas quedas, geralmente, na lagoa mundaú. Quando conseguíamos resgatar as sobras de um balão apagado, levávamos aquilo como um troféu para mostrar aos mais velhos. Quando, para a tristeza geral, as fogueiras começavam a virar brasas, era chegada a hora de assar o milho verde ou a batata doce. Toda essa festa esfuziante era animada pelas lindas músicas do Luiz Gonzaga, da Marinês e sua gente, do Jackson do pandeiro, da Cremilda, da Carmélia Alves e tantos outros.
Hoje, com o advento da perversa globalização, e a abrupta e cruel transformação da nossa pequenina cidade em uma desengonçada metrópole, perdemos a nossa sensibilidade e permitimos que invasores ignorantes e insanos destruíssem a nossa rica cultura. Para que se tenha uma ideia desse crime hediondo, vou citar um absurdo que fui obrigado a presenciar na véspera de Santo Antônio na minha saudosa praça da faculdade onde funcionava mais uma feira camponesa. Naquele dia foi anunciado o último show com a realização de um bingo cujo prêmio seria um carneiro. Pedi que os meus vizinhos da Rua São Domingos atrasassem a queima da única fogueira daquela região, e fui, todo entusiasmado, assistir, junto com nossos irmãos campesinos, a, suposta, apresentação de um trio de forró pé de serra. Para a minha tristeza e decepção, encontrei lá um sujeito tocando um órgão e cantando de forma atabalhoada, coisas, naquele momento, naquele dia e naquele evento, totalmente desrespeitosas e agressivas à nossa desrespeitada cultura. Imediatamente, me retirei do local a tempo de acender a nossa fogueira solitária, vê-la queimar, ouvir as músicas da época, comer nossa canjica, nosso milho assado na brasa, tomar nossa cerveja gelada e, silenciosamente, perguntar: cadê a nossa tradição que tinha aqui?

quinta-feira, 18 de junho de 2015

PEÇA À MÃE, QUE O FILHO ATENDE...

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Uma senhora foi ao médico e, depois de realizar alguns exames, o médico lhe perguntou:
- A senhora é evangélica?
 Ela respondeu:
- Sim!
Ao ouvir a resposta da mulher, médico comentou:
- Eu gosto muito dos cristãos, mas só tem um problema: eles falam muito de Jesus e não falam de Maria...
Depois de um curto silêncio, a mulher falou:
- Doutor, posso lhe fazer uma pergunta?
- Pois não, senhora.
- Se quando eu chegasse aqui, a secretária me dissesse que você não estava, mas a sua mãe sim; o senhor achar acha que eu ia querer ser atendida por ela?
- Claro que não! Quem se formou em Medicina fui eu, não ela.
- Pois é, doutor. Quem morreu na cruz por mim foi Ele, não ela.
Ao ouvir a resposta da mulher, o médico fechou o assunto, com “chave de ouro”:
- Mas, se a senhora chegasse à recepção e encontrasse a minha preciosa mãe e não tivesse mais vaga ou dinheiro para pagar a consulta e ela me pedisse, eu lhe atenderia e ainda lhe daria todos os remédios.

OFÍCIO DE INTERESSE DOS ENGENHEIROS

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

segunda-feira, 15 de junho de 2015

WHATSAPP

Texto de Izabel Nascimento 

Esse tal de "Zap Zap"
É negócio interessante
Eu que antes criticava
Hoje treclo à todo instante
Quase nem durmo ou almoço
E quem criou esse troço
Tem uma mente brilhante.
Quem diria que um dia
Eu pudesse utilizar
Calculadora e relógio
Câmera de fotografar
Tudo no mesmo aparelho
Mapa, calendário, espelho
E telefone celular.
E agora a moda pegou
Pelas "Redes Sociais"
É no "Face" ou pelo "Zap"
Que o povo conversa mais
Talvez não saiba o motivo
Que esse tal de aplicativo
É mais lido que os jornais
Eu acho muito engraçado
Porque muita gente tem
Um Grupo só pra Família
Um do Trabalho também
E até aquele contato
Que só muda de retrato
Mas não fala com ninguém!
Tem o Grupo da Escola
O Grupo da Academia
Grupo da Universidade
O Grupo da Poesia
Tem o Grupo das Baladas
Das Amigas Mais Chegadas
E o da Diretoria.
Tem quem mande Oração
"Bom dia!", de vez em quando
Que só mande figurinhas
Quem só fique reclamando
No Grupos é que é parada
Dia, noite, madrugada
Sempre tem alguém teclando.
Cada um que analise
Se é bom ou se é ruim
Ou se a Tecnologia
É o começo do fim
Talvez um voto vencido
Porém o Zap tem sido
Até útil para mim.
Eu acho que a Internet
É uma coisa muito boa
Tem coisas muito importantes
Porém muita coisa à toa
Usar de forma acertada
Ou, por ela, ser usada
Vai depender da pessoa.
Comunicação é bom
Vantagens que hoje se tem
Feliz é quem tem amigos
Fora das Redes também
A vida só tem sentido
Quando o que é permitido
É aquilo que convém.
Pra quem meu verso rimado
Acabou de receber
Compartilhe esta mensagem
Que finaliza a dizer:
"Viva a vida intensamente
Porque é pessoalmente
Que se faz acontecer!"

domingo, 14 de junho de 2015

CARTA DE MINEIRO, UAI!

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

O texto abaixo é uma carta fictícia de um mineiro ao seu amigo e primo. A criatividade do autor é espantosa, pois as palavras em letras maiúsculas são nomes de cidades do estado de Minas Gerais.
Prezado amigo
TEÓFILO OTONI,
Nesta VIÇOSA manhã de primavera,  de onde se contempla um BELO HORIZONTE, um CAMPO BELO e MONTES CLAROS, e, ainda,  neste ambiente FORMOSO de nossa terra, quando se pode contemplar também, pela madrugada, a ESTRELA DALVA, escrevo-lhe para colocá-lo a par dos últimos acontecimentos.
No âmbito familiar, a nossa prima LEOPOLDINA, ESPERA FELIZ dar a LUZ a seu primeiro filho que, se for homem, se chamará ASTOLFO DUTRA e JANUÁRIA, se mulher. Para cuidar do rebento, ela contará com abnegação da sua governanta MOEMA. Mas, enquanto ela aguarda seu bebê, lava roupa tranquilamente nas BICAS existentes em um RIO NOVO, afluente do RIO ACIMA, que passa pelas terras de DONA EUZÉBIA, naquele LARANJAL, perto da CAPELA NOVA, onde, na hora do RECREIO, a meninada sobe na PONTE NOVA, para pescar LAMBARI e PIAU e soltar PAPAGAIOS.
A prima NATÉRCIA comprou uma casa na rua ANTONIO DIAS, perto da casa do ANTÔNIO CARLOS. Você já sabia? Orou a Jesus de NAZARENO em agradecimento, ajoelhada aos pés da SANTA CRUZ DO ESCALVADO no alto do MONTE SIÃO, que fica lá para as bandas da GALILEIA, às margens do MAR DE ESPANHA.
Lembra-se daquelas pedras da tia MARIA DA CRUZ que você queria comprar? Ela resolveu vendê-las, menos a PEDRA AZUL, porque ela diz ser a mais bonita e valiosa.
Quanto aos aspectos sociais e religiosos, temos novidades.
Na próxima semana, o CÔNEGO MARINHO, da diocese de VOLTA GRANDE, vai fazer a Festa de SÃO TOMAS DE AQUINO. Se você quiser aparecer será um grande prazer. A nossa prima VIRGINIA é quem será a responsável pelo evento.  Vai ter missa celebrada pelo reverendo local, CÔNEGO JOÃO PIO, em honra ao Santíssimo SACRAMENTO. De manhã, o bispo DOM SILVÉRIO irá crismar as crianças. Depois haverá um show com o Agnaldo TIMÓTEO e também com as TRÊS MARIAS. Em seguida, a Banda Musical SANTA BÁRBARA, sob a regência do maestro BUENO BRANDÃO, executará o GUARANI, de Carlos Gomes. Depois o Barão de COROMANDEL fará a saudação ao aniversariante. A festa era  para ser no mês que vem, mas todas as datas do cantor estavam preenchidas. As primas SERICITA e AZURITA vão fazer a comida. Como prato principal teremos PERDIGÃO e PERDIZES à milanesa e PATOS DE MINAS ao molho pardo. De sobremesa teremos compota de MANGA, tendo sido escolhida a UBÁ, por ser mais saborosa, pêssego em CALDAS e, ainda,  licor de PEQUI.
À noite, haverá um baile no OLIVEIRA Country Clube, ao som da orquestra do maestro MATIPÓ, tendo como principais solistas os renomados músicos IBIRACI ao saxofone e NEPOMUCENO ao trompete. Será uma boa ocasião para os convidados exercitarem os seus PASSOS ao ritmo de boleros e rumbas.
Mudando de assunto, na fazenda, fizemos algumas reformas.
O CURRAL DE DENTRO estava com o telhado estragado, com problemas no madeirame e tivemos que trocar as vigas. Desta vez colocamos CANDEIAS, por ser madeira de muita durabilidade, todas compradas do CORONEL XAVIER CHAVES. Com a sobra da madeira ainda reformei a PORTEIRINHA que dá entrada para o quintal. Estou também reformando a CAPELINHA de SENHORA DE OLIVEIRA, para comemorar o aniversário de LIMA DUARTE. Na festa estarão presentes o CORONEL MURTA, o PRESIDENTE WENCESLAU, o JOÃO MONLEVADE, o CORONEL FABRICIANO, o CAPITÃO ENÉAS, o BARÃO DE COCAIS, o Barão de BARBACENA, e várias outras personalidades. Dizem que até o TIRADENTES pretende comparecer. Mas ele ficou meio aborrecido, porque queria que a festa fosse em SÃO JOÃO DEL REI. Só não poderá comparecer o VISCONDE DO RIO BRANCO porque ele está em CAMPANHA política. Iremos cobrar um valor simbólico como entrada, para reverter em benefício dos desabrigados da chuva, mas apenas uma MOEDA de PRATA.
Vou lhe dar outra grande notícia.
Perto do ENGENHO NOVO, naqueles barrancos cheios de FORMIGA, um empregado nosso descobriu MINAS NOVAS de OURO BRANCO, OURO PRETO, ESMERALDAS e TOPÁZIO, portanto será uma NOVA ERA e uma BOA ESPERANÇA para todos nós. Infelizmente, por causa dessa riqueza, a violência já começou a aparecer na região. Um homem de TRÊS CORAÇÕES foi morto por um garimpeiro, usando uma faca de TRÊS PONTAS, porque ele havia descoberto uma enorme TURMALINA e também uma pedra de RUBIM, de menor tamanho, mas muito valiosa.
Na área do desenvolvimento, a dona CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO, proprietária da usina açucareira de URUCÂNIA, quer aumentar a fábrica e incrementar a produção de açúcar, mas para isso precisará de mais energia elétrica. Assim, tem um projeto de construir uma usina hidroelétrica aproveitando as quedas d’água da CACHOEIRA DO CAMPO, formada pelo rio PIRANGA, mas o senhor RESENDE COSTA, que é o chefe do IBAMA na região, quer embargar a obra, alegando impacto ambiental.
Falarei agora da nossa justiça.
Chegou um JUIZ DE FORA, chamado EWBANK DA CÂMARA, para ocupar o lugar de BIAS FORTES, que terminou o seu mandato. Mas o CONSELHEIRO LAFAYETE, acompanhado de RAUL SOARES, pediu ao GOVERNADOR VALADARES para interceder junto ao PRESIDENTE BERNARDES para efetivar naquele cargo o SENADOR FIRMINO, que muito fez por nós. Ele foi DESCOBERTO ainda novo, tanto que sequer usava sapatos, usava ALPERCATAS, quando estava na companhia do CORONEL PACHECO, na famosa LAGOA DA PRATA, depois daquela GOIABEIRA e daquela árvore de JANAÚBA da fazenda POUSO ALEGRE, onde tem aquela VARGINHA, às margens do RIBEIRÃO VERMELHO.
Ele se tornou um homem sério e honesto, sendo de muito valor para a nossa causa.
Quanto à lagoa a que me referi, dizem que ela contém  ÁGUA BOA, tanto que o Aleijadinho teria se curado dos seus males tomando banho nela, por isso passou a ser chamada de LAGOA SANTA. Dizem que um cego também lavou os olhos naquelas águas e voltou a enxergar, mas ele atribuiu esse milagre a SANTA LUZIA.
Outro dia encontrei o BETIM, a MARIA DA FÉ e a ALMENARA nadando nas ÁGUAS FORMOSAS da LAGOA DOURADA, e lhe mandaram lembranças. A lagoa fica nas terras de PEDRO LEOPOLDO, onde ainda tem mais SETE LAGOAS.
Avisam que estarão viajando para ALÉM PARAÍBA no próximo feriado de SANTOS DUMONT.
Também lhe mandam um grande abraço o DIOGO VASCONCELOS e o JACINTO.
Agora, vou lhe contar as fofocas.
O FRANCISCO SÁ teve um desentendimento com o JOÃO PINHEIRO por causa daquela LAJINHA que faz o SALTO DA DIVISA das terras dos dois fazendeiros com as terras da MARIANA, às margens do Rio PARACATU, porque dizem que ali tem muita MALACACHETA.
A coisa andou quente. Um deles, não sei qual, queria agredir o outro com um MACHADO. Ainda bem que o coronel MATEUS LEME chegou na hora e evitou o PATROCÍNIO de uma morte desnecessária, e, ainda, promoveu uma NOVA UNIÃO dos dois.
Os índios AIMORÉS tentaram invadir a reserva dos índios MAXACALIS, armados de ARCOS e flechas, por causa daquela reserva de JEQUITIBÁ existente no PÂNTANO DE SANTA CRUZ, mas, felizmente, foram contidos pelas tropas da Polícia FLORESTAL comandadas pelo MAJOR EZEQUIEL, evitando um massacre  sem precedentes. Os presos foram levados para o QUARTEL GERAL.
E tem mais.
O ELÓI MENDES me contou, confidencialmente, que o Dr. CARLOS CHAGAS está de caso com a CONCEIÇÃO DAS ALAGOAS. A CÁSSIA, que é muito linguaruda, contou para a mulher dele, dona CRISTINA, que, imediatamente queria a separação e iria mudar-se para DIAMANTINA. Mas a dona MERCÊS, que é muito benquista por todos, conseguiu convencê-la a não tomar essa medida EXTREMA, e lhe propôs que aguardasse a chegada do seu primo, MARTINHO CAMPOS, que é um homem de mãos de FERROS, para ouvir o seu conselho. Ele achou que seria uma missão muito ESPINOSA, mas, ainda assim, aceitou o desafio. Sendo ele também um homem ponderado, sugeriu ao marido que pedisse PERDÕES à sua esposa, na presença do PADRE PARAÍSO, e assim foi feito e tudo teve um BONFIM.
Depois desta CONTAGEM dos fatos, damos graças a SENHORA DOS REMÉDIOS, SANTO ANTÔNIO DO AMPARO, SÃO JOÃO NEPOMUCENO, SANTO ANTÔNIO DO GRAMA e SÃO TIAGO, que têm sempre protegido a nossa família, para que nossas lutas tenham sempre um BOM SUCESSO. UM PASSA TEMPO onde NASCEU  DORPN.
Terminando, receba um forte abraço do seu primo,
MATIAS BARBOSA,
de ITAJUBÁ.