O causo de hoje faz parte do Folclore Político da minha querida Palmeira dos Índios.
Em qualquer cidade
brasileira, seja uma capital ou interior, encontramos muito dos seus
povoados, bairro, praças ou ruas, com nomes muitas vezes cômicos ou inusitados.
Em Palmeira dos Índios, não era diferente: Gavião, Cafurna, Caldeirão, Rua do
Pinga Fogo, Rua do Esconde Homem, Boca de Maceió, Alto dos
Bodes... Lamentavelmente, já mudaram os nomes de quase todos eles.
Dentre todos os seus
povoados, um dos mais desenvolvidos - tanto que hoje já está emancipado,
transformado na cidade Estrela de Alagoas - era o Povoado Bola,
situado distante cerca de 10 km do centro da cidade. O Bola, antigamente, não
era muita coisa: apenas uma praça, para onde se dirigiam duas ou três
ruas. Hoje, já se desenvolveu bastante, em comparação ao que era
no meu tempo de criança. Na década de 70, como ainda não existia nada
(televisão, dvd, computador, internet...), qualquer acontecimento, por mais
bobo ou importante que fosse, era motivo de diversão e aglomeração da
população na praça do Bola.
Isto explicado, vamos
ao causo:
Estávamos
no período eleitoral...
Gervásio Raimundo, um
cidadão prestativo e um dos homens mais ricos da cidade, se candidatou a
prefeito de Palmeira dos Índios. Talvez para lhe diminuir
politicamente, seus adversários conseguiram lhe atribuir a fama de ser
analfabeto.
Chegou o dia
do comício de Gervásio, no Povoado Bola. A praça estava lotada. Todo mundo
querendo ouvir as promessas do candidato. Pois bem, na hora marcada do comício,
ele começa o seu discurso:
- Povo boliviano!
Ao ouvir isso, o seu
puxa-saco de plantão imediatamente cochicha no seu ouvido:
- "Seu"
Gervásio, "boliviano" é quem nasce na Bolívia...
Dizem que o candidato
assim retrucou;
- Ôxente, mininu, apôis
tudo né Brasi?
Perdeu a eleição.
De analfabeto não tinha
nada. Anos depois, foi destacado deputado estadual, por várias legislaturas, e
prestou dezenas de serviços ao povo de Palmeira dos Índios.
Obrigado, Gervásio.
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