terça-feira, 20 de março de 2018

DITADOS: CORREÇÕES E EXPLICAÇÕES

Texto de Aloisio Guimarães

São tantos os ditados que falamos no nosso cotidiano sem que saibamos a origem de alguns deles. Após pesquisa em sites e blogs, apresento-lhes a origem de alguns porque é impossível (e cansativo) tentar explicar todos.
Vejam:
• BATATINHA, QUANDO NASCE, ESPARRAMA PELO CHÃO...
O correto seria: Batatinha, quando nasce, espalha a rama pelo chão...
• QUEM NÃO TEM CÃO, CAÇA COM GATO.
O correto seria: Quem não tem cão, caça como gato! (Caça sozinho)
• COR DE BURRO, QUANDO FOGE.
O correto seria: Corro de burro, quando foge!  (Burro bravo)
• QUEM TEM BOCA, VAI A ROMA.
O correto seria: Quem tem boca, vaia Roma! (Roma era o Poder)
• É A CARA DO PAI, ESCARRADO E CUSPIDO!
O correto seria: É a cara do pai, em Carrara esculpido! (Carrara é um local da Itália de onde se extrai belo mármore, que ganhou o seu nome).
• ONDE JUDAS PERDEU AS BOTAS.
Depois de trair Jesus e receber 30 dinheiros, Judas caiu em depressão de culpa, vindo a se suicidar, enforcando-se numa árvore. Acontece que ele se matou sem as botas e os 30 dinheiros não foram encontrados com ele. Logo, os soldados partiram em busca das botas de Judas, onde, provavelmente, estaria o dinheiro. A história é omissa e não sabemos se acharam ou não as botas e o dinheiro. Mas a expressão atravessou vinte séculos, tornando-se sinônimo de um lugar longe, distante, inacessível.
• LÁGRIMAS DE CROCODILOS.
O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima. Logo, “Lágrimas de crocodilos” é uma expressão usada para se referir ao choro fingido.
• NHENHENHÉM.
"Nheë", em tupi, quer dizer "falar". Quando os portugueses chegaram ao Brasil, os índios não entendiam aquela falação estranha e diziam que os portugueses ficavam a dizer "Nhen-nhen-nhem". Assim sendo, a expressão significa conversa interminável em tom de lamúria, irritante, monótona, resmungona, rezinga...
• PENSANDO NA MORTE DA BEZERRA.
Esta é bíblica. Num altar, o bezerro era adorado pelos hebreus e era sacrificado para Deus. Quando Absalão, por não ter mais bezerros, resolveu sacrificar uma bezerra, seu filho menor, que tinha grande carinho pelo animal, se opôs. Porém, foi em vão. A bezerra foi oferecida aos céus. Com isso, o garoto passou o resto da vida sentado do lado do altar pensando na morte da bezerra. Consta que meses depois veio a falecer. Portanto, “Pensar na morte da bezerra” é estar distante, pensativo e alheio a tudo.
• O CANTO DO CISNE.
Dizia-se que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. Portanto, a expressão “Canto do Cisne” representa as últimas realizações de alguém.
• O PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER.
Em 1647, em Nimes, França, o Dr. Vicent de Paul D`Argenrt fez o primeiro transplante de córnea em um aldeão de nome Angel. Foi um sucesso da medicina da época, menos para Angel, que, assim que passou a enxergar, ficou horrorizado com o mundo que via. Disse que o mundo que ele imaginava era muito melhor. Pediu ao cirurgião que arrancasse seus olhos. O caso foi acabar no tribunal de Paris e no Vaticano. Angel ganhou a causa e entrou para a história como o cego que não quis ver. Portanto, a expressão diz respeito à pessoa que não quer ver o que está bem na sua frente; que se nega a ver a verdade.
• ANDAR À TOA.
Toa” é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está à toa é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar. Portanto, “Andar à toa”, é o mesmo que andar despreocupado, sem destino, passando o tempo.
• ESTÔMAGO DE AVESTRUZ.
Define aquele que come de tudo. O estômago do avestruz é dotado de um suco gástrico capaz de dissolver até metais.
• A VER NAVIOS.
Sebastião, Rei de Portugal (sec. XVI), desapareceu na Batalha de Alcácer-Quibir, no Marrocos. Provavelmente morreu, mas seu corpo nunca foi encontrado. O povo português se recusava a acreditar na morte do seu jovem e querido monarca. Era muito comum as pessoas subirem ao Alto de Santa Catarina, em Lisboa, na esperança de ver o Rei regressando à Pátria. Como ele não regressou, o povo ficou a ver navios.
• CASA DE MÃE JOANA.
Na época Império, durante a menoridade do Dom Pedro II, os homens que realmente mandavam no país costumavam se encontrar num prostíbulo do Rio de Janeiro, cuja proprietária se chamava Joana. Como, fora dali, esses homens mandavam e desmandavam no país, a expressão “Casa da Mãe Joana” ficou conhecida como sinônimo de lugar em que ninguém manda.
• FEITO NAS COXAS...
As primeiras telhas do Brasil eram feitas de argila moldada nas coxas dos escravos. Como os escravos variavam de tamanho e porte físico, as telhas ficavam desiguais. Daí a expressão “Feito nas coxas”, ou seja, feito de qualquer jeito.
• SANTO DO PAU OCO.
Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos século XVIII e XIX os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos, ocas por dentro. O santo era "recheado" com preciosidades roubadas e enviado para Portugal.
• ESTAR DE PAQUETE.
Paquete é um das denominações de navio. A partir de 1810, chegava, mensalmente e no mesmo dia, um paquete inglês no Rio de Janeiro. No navio, a bandeira vermelha da Inglaterra tremulava. Daí logo se vulgarizou a expressão sobre o ciclo menstrual das mulheres. Então, “A mulher que está de Paquete”, está menstruada. A expressão é usada mais no sul e sudeste do Brasil
• ESTAR DE BOI.
É uma expressão típica do nordestino que também se refere à menstruação da mulher. A origem da expressão, pelo que tudo indica, é uma referência ao sangue do boi, que jorra da sua garganta, quando a cortam, no matadouro. Assim, "A mulher que está de boi”, está sangrando, menstruada.
• VOTO DE MINERVA.
Na Mitologia Grega, Orestes, filho de Clitemnestra, foi acusado de tê-la assassinato. No julgamento, ocorreu empate entre os jurados e coube a Minerva, Deusa da Sabedoria, o voto desempate. O réu foi absolvido e a expressão "Voto de Minerva" passou a significar, logo, o voto decisivo.
• TIRAR O CAVALO DA CHUVA.
Antigamente não existia carro e o cavalo era o principal meio de transporte. Quando alguém ia fazer alguma visita, amarrava o seu cavalo em frente à casa do visitado. Acontece que muitas vezes a conversa se alongava e o visitante era aconselhado a “tirar o cavalo da chuva”, para minimizar o sofrimento do animal com a demora da visita. Logo, com o passar do tempo, a expressão “Tirar o cavalo da chuva” passou a significar desistir de algo ou perder as esperanças porque o que se deseja não vai acontecer ou vai demorar demais.
• CAIR NO CONTO DO VIGÁRIO.
Duas igrejas de Ouro Preto receberam, como presente, uma única e mesma imagem de determinada santa. Para decidir qual das duas igrejas ficaria com a escultura, os vigários apelaram à decisão de um burrico. Colocaram-no entre as duas paróquias e esperaram o animalzinho caminhar até uma delas. A igreja escolhida pelo burro ficaria com a santa. O burro caminhou direto para uma delas, que ficou com a santa. Mais tarde, descobriram que o vigário da igreja ganhadora havia treinado o burrico, enganando ao outro padre. Assim, “Conto do Vigário” passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.
• BOI DE PIRANHA.
Quando havia a necessidade de uma boiada atravessar um rio cheio de piranhas, o fazendeiro escolhia o boi mais fraco ou doente e fazia-o atravessar o rio em primeiro lugar. Assim, enquanto as piranhas devoravam o pobre animal, o resto da boiada passava intacto. Assim, “Escolher alguém como boi de piranha” é escolher um pobre coitado para levar a culpa, sozinho, de algum delito cometido por um grupo.
• CALCANHAR DE AQUILES.
A mãe de Aquiles, Tétis, querendo tornar seu filho invulnerável, mergulhou-o num lago mágico, segurando o filho pelos calcanhares. Durante a Guerra de Tróia, Páris feriu Aquiles no seu calcanhar, justamente o único ponto onde não foi mergulhado no lago, provocando a sua morte. Portanto, “Calcanhar de Aquiles” passou a ser sinônimo de ponto fraco ou vulnerável de um indivíduo.
• NÃO ENTENDO PATAVINA NENHUMA.
Os portugueses tinham enorme dificuldade em entender o que falavam os frades italianos Patavinos, originários de Pádua, ou Padova. Daí que, “Não entender patavina”, significa não entender nada.
• DE MÃOS ABANANDO.
Os imigrantes, no século passado, deveriam trazer as ferramentas para o trabalho na terra. Aqueles que chegassem sem elas, ou seja, de mãos abanando, davam um indicativo de que não vinham dispostos ao trabalho árduo da terra virgem. Portanto, “De mãos abanando” é não carregar nada, não trazer nada. As pessoas que fiquem satisfeitas apenas com a presença do individuo.
• DOURAR A PÍLULA.
Antigamente as farmácias embrulhavam as pílulas amargas em papel dourado para melhorar o aspecto do remedinho. Por este motivo, a expressão “Dourar a pílula” significa melhorar a aparência de algo ruim.
• VÁ RECLAMAR AO BISPO!
No tempo do Brasil colônia, por causa da necessidade de povoar as novas terras, a fertilidade na mulher era um predicado fundamental. Em função disso, elas eram autorizadas pela igreja a transar antes do casamento, única maneira do noivo verificar se elas eram realmente férteis. Ocorre que muitos noivinhos fugiam depois do negócio feito. As mulheres iam queixar-se ao bispo, que mandava homens atrás do fujão.
• SEM EIRA NEM BEIRA.
Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. “Sem eira nem beira”, portanto, significa que a pessoa é pobre e não tem sustentáculo no raciocínio.
• TEM BOI NA LINHA.
Quando construíram as primeiras estradas de ferro, os engenheiros acharam que não era necessário cercar as propriedades ao longo da ferrovia. Resultado: os animais pastavam livremente, inclusive na vegetação entre os dormentes, fazendo com que os trens parassem a todo o momento, para os empregados retirarem os animais. Portanto, quando “Tem boi na linha”, significa dizer que existe algum empecilho naquilo que vamos ou iremos fazer.
• SERÁ O BENEDITO?
Nos anos 30, o presidente Getúlio Vargas, após meses de análises, não decidia quem seria nomeado por ele o governador do estado de Minas Gerais. A demora gerou expectativa entre os inimigos políticos de um dos candidatos ao cargo, Benedito Valadares. Não demorou muito e a pergunta mais comum entre eles era: Será o Benedito interventor de Minas Gerais?  Assim, a expressão “Será o Benedito?”, passou a ser sinônimo de algo ou de uma situação inesperados ou indesejáveis.
• A VACA FOI PRO BREJO!
No período de seca, os animais costuma sair em busca de água. Acontece que muitas vacas terminavam ficando presas em áreas no lodo de áreas pantanosas. Muitas delas morreram, causando prejuízo aos fazendeiros, porque não conseguiam sair do atoleiro em que se metiam. Assim “A vaca ir pro brejo”, significa prejuízo ou uma situação irreversível de perda.
• SALVO PELO GONGO.
Antigamente, na Inglaterra, não havia espaço para enterrar todos os mortos. Então, depois de determinado tempo, os caixões eram abertos, os ossos tirados e os túmulos eram reutilizados. Mas, algumas às vezes, ao abrir os caixões, os coveiros percebiam que havia arranhões nas tampas, do lado de dentro, o que indicava que aquele morto, na verdade, tinha sido enterrado vivo (catalepsia – muito comum na época). Assim, surgiu a ideia de, ao fechar os caixões, amarrar uma tira no pulso do defunto, tira essa que passava por um buraco no caixão e ficava amarrada num sino. Após o enterro, alguém ficava de plantão ao lado do túmulo durante uns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento do braço faria o sino tocar. Desse modo, ele seria “salvo pelo gongo”.
• PAGAR O PATO.
Num antigo jogo praticado em Portugal, amarrava-se um pato a um poste e o jogador (em um cavalo) deveria passar rapidamente e arrancá-lo de uma só vez do poste. Quem perdia era que pagava pelo animal sacrificado. Assim, “Pagar o pato” é responder por algo que não fez ou não levou.
Por hoje, chega! 

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