POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES
Uma carta escrita em um
momento de desespero assinalaria o final de uma existência. Entre prantos e
lágrimas, eram narradas todas as dificuldades de uma jornada marcada por
desilusões e infelicidades.

Finalmente acabaria com
essa trajetória trágica, não mais haveria dor. Ficariam para trás todos aqueles
que foram os seus algozes. Sim, não haveria outra saída para uma existência
marcada por tanto sofrimento. Contudo havia um problema, para quem escreveria
aquela carta? Em meio a tanta dor, não se lembrava de um amigo. Aliás, se o
tivesse, não precisaria recorrer a esse último recurso. Isto fortalecia sua
decisão, não havia motivo para continuar, queria o descanso eterno. Porém, o
problema continuava: quem receberia sua carta? De repente, em meio ao seu desequilíbrio,
teve uma ideia: colocaria no correio enviando para sua própria pessoa, e quando
chegasse executaria a ação derradeira.
Saindo para o correio
percebeu que o céu estava com um lindo azul e que algumas aves voavam apesar da
poluição da cidade, não encontrando uma árvore sequer para os seus ninhos.
Algumas flores, mesmo estando em terreno árido, insistiam em apresentar as suas
cores.
Suas observações foram
interrompidas por uma colisão. Batendo em uma pessoa que vinha em direção
oposta derrubou a carta, a qual se misturou com tantas outras cartas que a
pessoa trazia. Pegou a carta e resmungando, "Nem para morrer se tem paz". Decidiu, então, não prosseguir
para o correio, voltaria para casa e deixaria a carta exposta, testemunha de
sua dor para quem a encontrasse.
Ao chegar em casa percebeu
que aquela não era a sua carta; na colisão pegou a errada. E agora, quais serão
as suas últimas palavras? Parou para ler a carta trocada e espantou-se com o
que encontrou. A carta dizia:
"Meu Deus, como posso lhe agradecer a presença amorosa em todos esses
anos de vida? É verdade que foram anos difíceis, mas nunca me abandonastes,
mesmo nos momentos de dor e solidão sempre encontrei Tua presença, aliviando o
meu fardo. Hoje me arrependo por um dia ter pensado em pôr fim a minha vida,
atentado contra Tua Lei esquecendo-me que a morte não existe. Agora compreendo
a necessidade de experiências difíceis para o meu crescimento. Por isso
gostaria de fazer algo de bom. Pensei em escrever várias cartas pela cidade
transmitindo o seu amor. Confio que me guiarás para chegar às pessoas que
necessitam. Estou feliz, não porque as dores acabaram, mas porque encontrei a
Tua companhia e com ela vencerei todos os obstáculos. Irmão que recebeste esta
carta confie, ore e prossiga. Não existem males intermináveis e nem dores
infinitas; a cada porta que se fecha novas luzes entram por outras janelas que
se abrem. Confie, Deus guiará o seu caminho, lhe retirando as estradas das
trevas para o caminho da luz. Lembre-se que nenhuma ovelha se perderá".
Ao terminar a leitura
chorou de arrependimento e conversou com o Pai de Infinita Misericórdia. Novas
energias chegaram ao seu coração, que se acalentou. Então, percebeu que há
muitos dias não abria as suas janelas, havia se fechado para a vida. Correu e
abriu as janelas, deixando a luz entrar e retomou a vida, agradecendo a Deus
por ela e por aquela carta que lhe trouxera nova direção.
Muito linda essa crônica. Parabéns por ela e por todas... Deus é infinitamente bom e há tantos meios de que se serve para nos demonstrar esse amor!
ResponderExcluir