quinta-feira, 14 de outubro de 2021

CADÊ A CRIANÇA QUE ESTAVA AQUI?

 Texto de Aloisio Guimarães

Antigamente, no meu tempo de criança, não tínhamos tecnologia e tudo era muito difícil, mas tínhamos liberdade. As crianças de hoje têm tudo na palma da mão, mas são prisioneiras. Não podem sair à rua porque o bandido pode atirar na cabeça delas para roubar um celular ou um simples par de tênis. Não permitem que elas trabalhem para ajudar os pais no sustento da casa porque elas precisam estudar, mas permitem que elas trabalhem nas novelas das televisões e a serem blogueiras, para ganharem dinheiro (trabalhar) logo cedo.

No meu tempo de criança, os pais eram pais: levavam os filhos para as missas aos domingos. Hoje, as nossas crianças estão entregues presas nas casas, grudados nos celulares e à mescê da influência dos blogueiros de todo tipo e qualidade. E o pior: os pais pouco estão se importando por quais "mares" seus filhos navegam. Depois, não se perguntem "aonde foi que errei?".

Triste, muito triste...

A seguir, uma pequena amostra do que podíamos fazer, no meio da rua, a qualquer hora, do dia ou da noite, sem medo algum:

· Jogávamos bola na chuva e na lama. Hoje, elas só jogam se for numa "escolinha".

· Brincávamos de artista e bandido.

· Brincávamos de adivinhar se a placa dos carros era par ou ímpar.

· Pegávamos vagalume nas mãos. As crianças de hoje nunca viram um vagalume

· Brincávamos de "dar uma palavra" e para os amigos cantarem uma música com ela.

· Jogávamos "pião".

· Pulávamos "garrafão". Hoje, as crianças não sabem o que é isso.

· Jogávamos e apostávamos "ximbra" - hoje chamam de "bola de gude".

· Jogávamos e apostávamos "castanha de caju" - a maior castanha era o "castelo".

· Jogávamos "bafo-bafo", com figurinhas repetidas.

· Brincávamos de "esconde-esconde".

· Jogávamos "queimado".

· Andávamos com o calção cheio de "dinheiro" feito com papel de cigarro.

· Ouvíamos histórias de trancoso.

· Pulávamos "avião" - que agora chamam de "amarelinha".

· Brincávamos para ver quem encontrava uma cidade aleatória no Atlas. Hoje, nem quem está na escola sabe o que é um Atlas.

· Andávamos de carrinho de rolimã.

· Andávamos a cidade toda, rolando um pneu velho num cabo de vassoura.

· Andávamos a cidade toda com um "carrinho", feito com lata de doce e cabo de vassoura.

· Fazíamos e empinávamos "arraia" – hoje chamam de "papagaio" ou "pipa" e que usam como instrumento de violência, passando cerol.

· Jogávamos "finca" ou "enfinca", onde ganhava que "prendesse" os desenhos dos outros meninos, formados no solo a cada enfincada. Duvido que as crianças de hoje tenham ideia do que seja isso...

No meu tempo de criança, respeitávamos pais e professores. Hoje, eles têm medo das crianças. Morríamos de medo do "Bicho-papão"; hoje, o bicho é quem morre de medo das crianças...

Agradeço a Deus por não ter deixado morrer a criança que existe dentro de mim.

Fui, vou brincar de "cabra-cega", com a minha filha!

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