Texto de Aloisio Guimarães

Aqui em Maceió não foi diferente das outras cidades. A "zona" ficava no tradicional bairro do Jaraguá, área do porto da cidade, onde o dono de um dos cabarés mais frequentados daquela época era um cidadão muito conhecido, apelidado de “Mossoró”.
Com o crescimento da cidade, a "zona de Jaraguá" teve que se mudar para longe do centro da cidade: para o bairro do Canaã, vizinho ao atual Parque das Flores, o cemitério chique da cidade. Tão longe que a sua freguesia passou a ser de jovens da sociedade alagoana mais do que daqueles marinheiros de outrora.
Muitas "figuras importantes" daquela época, e que ainda hoje são vivas e continuam importantes, “pegaram a sua gonorreiazinha” no “Mossoró”. Isto é fato!
A fama do senhor "Mossoró" era tanta que a "zona de Jaraguá", após mudar para o novo local, ficou conhecida como “Mossoró”. Assim, “ir ao Mossoró” pouco importava se você ia para a “Areia Branca” (boate de propriedade do senhor "Mossoró", onde a moçada encontrava as melhores raparigas do pedaço e a presença constante de "novidades"), ao “Geraldão” (boate famosa pelo som potente), à “Ibelza” (famosa por ser o mais discreto), ou em qualquer outro cabaré da "zona".
A safadeza sempre existiu, mas não escancarada como nos dias atuais. Por este motivo, várias figuras ilustres frequentavam o “Mossoró” (a zona), tornando o “Mossoró” (o homem), um sujeito bastante conhecido de várias autoridades alagoanas da época, que também iam frequentemente “trocar o óleo" no "Mossoró”.
A cidade voltou a crescer assustadoramente e a sacanagem começou a correr solta. Resultado: o “Mossoró” (a zona) foi engolida pelo crescimento urbano da cidade e hoje já não existe mais. E, mesmo que ela ainda existisse, não teria mais nenhum sucesso porque conseguir sexo, hoje, é coisa muito fácil e de graça. Tão fácil que um sujeito arranja uma namorada pela manhã e, à noite, já tá “comendo” a garota! E, muitas vezes, na casa dela! E ainda tem pai, todo orgulhoso da filha, que diz “prefiro que o namorado coma a minha filha aqui em casa do que em qualquer outro lugar; pelo menos sei aonde ela está”!
Pois bem, voltemos ao nosso causo...
Contam que o “Mossoró”, por conta de conhecer muita gente de bem da cidade, num determinado dia de Carnaval, encheu o seu carro de "quengas" e resolveu ir brincar o carnaval no Clube Fênix Alagoano, à época, o clube da elite local e que tinha o melhor carnaval da cidade. Lá chegando, ao ser reconhecido pelo porteiro e sabendo que eram as suas acompanhantes, o “Mossoró” foi barrado, com a seguinte justificativa:
- O senhor não pode entrar com estas mulheres porque elas são “mulheres suspeitas”.
Ao ouvir a explicação do porteiro, “Mossoró”, sapecou, em alto e bom som, para todo mundo ouvir:
- “Suspeitas”, não! Elas são putas mesmo! "Suspeitas” são essas mulheres que estão aí dentro!
É claro que não entrou e teve que brincar o carnaval no seu puteiro.
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