Texto de Luiz Ferreira da Silva
PORTO ALEGRE ALERTA
MACEIÓ, O PARAISO DAS ÁGUAS
Maceió é marcada pela
presença de diversos rios, lagoas e lagos que contribuem para a paisagem
natural da região. Neste contexto hidrográfico, sobressai o Rio Mundaú que
desagua na lagoa do mesmo nome, formando paisagens cênicas ecológicas. A foto
mostra a cidade ao fundo vendo o mar abraçar a lagoa, sentindo a necessidade de
se “enturmar” com vista à própria sobrevivência.
Trata-se, pois, de uma
Cidade privilegiada por sua hidrografia, cujos “nichos” contribuem para a sua
beleza natural, além de desempenharem um papel importante na preservação do
meio ambiente e no fornecimento de espaços de lazer para os habitantes e
visitantes da região.
Três cenários ambientas
se destacam no seu entorno:
1. A mata atlântica erguida sobre os solos de tabuleiros que distava a uns 3 km em linha reta da planície de inundação construída pelo mar;
2. O mar com seus arrecifes formando praias calmas e caracterizado pela cor de suas águas; e
3. O complexo lagunar, interagido nesse contexto ambiental, de ictiologia rica, sobressaindo o famoso sururu, molusco bivalve, alimento e provedor de rendas dos pobres da sua margem.
*. Pois bem, o que o
Homem vem fazendo nesses últimos 50 anos? A expansão urbana destruiu a mata
no primeiro patamar e, mais ao fundo, a cana-de-açúcar destruiu grande parte,
não respeitando as áreas ribeirinhas e nem a topografia declivosa. Espécies de
plantas e de animais extintos, num atentado à mãe Natureza.
*. Por outro lado, falta
de esgoto sanitário e a ação do Homem sem educação ambiental, descartando o
lixo onde bem lhe aprouver, têm maculado a natureza marinha, poluindo as
praias, antes encantadoras. E não esquecer a especulação imobiliária. Um exemplo, a bela praia da Ponta Verde. A
ganância imobiliária tomou parte da praia, reduzindo a pista de rolamento com a
edificação de prédios a uma distância mínima do mar. Essa primeira faixa urbana começaria mais
adiante, na atual segunda quadra. Assim, a planície arenosa seria alargada e o
mar continuaria seu trabalho constante de levar e trazer, de subir e descer,
num processo normal ecológico. Ao invés da atual avenida litorânea, estreita e
já com tráfego complicado, seria bem espaçosa, com duas pistas de cada lado e
um canteiro central arborizado com espécies das restingas. Uma beleza cênica
sem igual.
Como o mar resgata tudo aquilo que lhe
pertence, não por mandado judicial, mas por decisão da Mãe Natureza, de vez em
quando avança e o Homem tenta conter sua força erosiva com imensos blocos de
cimentos. Até quando e a que custo?
*. E nesta inconsequência ecossistêmica, as lagoas não escaparam. Uma das paisagens mais bonitas do Nordeste é o complexo lagunar de
Alagoas, sobretudo da Capital, Maceió, de influência marinha, não só pela
beleza cênica, como pela riqueza e diversidade biológica. Os problemas das
lagoas se resumem no assoreamento e na descarga de dejetos (urbanos e
industriais), que são efeitos, cujas causas são o desmatamento dos divisores de
água contíguos ao espelho d'água, a eliminação da vegetação ciliar e das
vertentes dos grandes rios, acarretando modificações no perfil de equilíbrio do
manancial hídrico, com diversas consequências ambientais (físicas e biológicas)
e poluição advinda do lixo, dos esgotos e dos resíduos industriais.
Então, prezado leitor, Maceió se assenta ao nível
do mar conectado com as lagoas, onde desenvolveram os bairros de elevado grau
social, econômico e cultural – Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca, Mangabeiras – em
terrenos antigos das restingas, com lençol freático a poucos metros da
superfície.
Essa configuração “eco-geográfica”, a torna vulnerável
às alterações do complexo hidrológico, discriminado anteriormente, que, à
medida que o Homem agride à Natureza, pode provocar uma catástrofe, pois ela não
perdoa àqueles que não respeitam as suas leis.
E, como sabemos, o” bicho-homem” é o único
animal capaz de destruir a sua própria espécie, mercê da ganância imediatista e
da sua insensibilidade aos apelos da Mãe Natureza.
É importante um lembrete mais, sobretudo às
grandes metrópoles, a exemplo de São Paulo. Imagine, por hipótese, ruas
contínuas asfaltadas cobrindo uma área de 10.000 km quadrados, sobre a qual cai
uma chuva de 100 mm. Ou seja, 1 bilhão de litros que deveriam alimentar os
canais hídricos subterrâneos e recarregar os rios, mas seguem um outro caminho,
o da destruição. Não haverá “bocas de lobo” e nem piscinões que deem jeito.
E esse outro, presentemente, que continua batendo
em nossa cara maceioense, que merece letras maiúsculas:
O MAU EXEMPLO DA “BRASKEM”,
UM CRIME ECOLÓGICO SEM PRECEDENTES NO MUNDO, FRUTO DA GANÂNCIA NA EXPLORAÇÃO
DESCOMEDIDA DE UM BEM DA NATUREZA, TANTAS VEZES DENUNCIADA PELO DR. ABEL
GALINDO, PROFISSIONAL DE RENOME, INCLUINDO A ANUÊNCIA DE ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS,
CUJOS DANOS IRREPARÁVEIS AINDA NÃO FORAM REGISTRADOS NA MAGNITUDE DOS PREJUÍZOS
FÍSICOS E DA ALMA HUMANA DE MILHARES DE ALAGOANOS.
Luiz Ferreira da Silva, 87
Engenheiro Agrônomo e Escritor, Pesquisador aposentado da CEPLAC
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