terça-feira, 7 de maio de 2013

UM DIA NA TORCIDA ORGANIZADA

Texto de Rubens Mário
PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

No domingo passado, resolvi fazer um trabalho de pesquisa, ou, mais precisamente, uma pesquisa de campo, a cerca de torcidas organizadas. Há muitos anos, alimentado pela paixão herdada do meu pai – Mário Costa – acompanhei o meu CRB, em jogos pelas cidades do interior. Naquela época, ainda não havia explodido as “guerras” das torcidas organizadas. Lembro muito bem de festejos de títulos em Palmeira dos Índios e Arapiraca, sem quaisquer tipos de agressões dos torcedores locais.
Aproveitando que o CRB jogaria na cidade sertaneja de Olho D'água das Flores, e, também curioso de conhecer uma parte da realidade do nosso sertão, resolvi viajar junto com uma torcida organizada; escolhi a CRB Chopp, comandada pelo meu amigo, João Tigre; para o inusitado desafio, ousei convidar os meus filhos – Rubinho e Mirella – que, para a minha surpresa, aceitaram, prontamente, o convite; a Mirella, de 16 anos, nunca simpatizou com o nosso futebol e Rubinho, de 24 anos, bacharel em física, há muitos anos, também, para a minha tristeza, não queria mais saber de CRB, apesar de, à exemplo do que meu pai fazia comigo, o levar, desde pequenino, aos jogos do nosso clube. Mas, devido as violências nos jogos e as patifarias internas do clube, há muitos anos, não quis mais frequentar ou ouvir os jogos do CRB. É bem verdade que, no meu subconsciente, acredito que eles aceitaram o desafio, mais fixados, na questão do conhecimento da realidade das cidades sertanejas castigadas pela terrível seca. Mas, vamos ao objeto do trabalho: Chegamos às 9:00 horas no local marcado, e, aos poucos, foram chegando os componentes da torcida; eram pessoas de todas as idades e de diversas condições sociais. Tivemos uma pequena decepção inicial, o que atrapalharia uma parte dos nossos planos – chegar mais cedo e conhecer um pouco da cidade. Sentamos nas primeiras poltronas; os mais jovens, portando diversos isopores lotados de cervejas e refrigerantes, se posicionaram na traseira do coletivo. Imediatamente, os líderes: João Tigre, professor Mota e Jorge Leite, usaram a palavra e fizeram diversas recomendações, enfatizando a limpeza e conservação do coletivo e a manutenção do respeito, evitando a pronuncia de palavrões. Por volta das 10:30 h, o ônibus partiu. Durante a nossa viagem, entre uma conversa e outra com o meu ex-aluno do Lyceu Alagoano, “Joãozinho”, que sentou-se ao meu lado, me extasiava, junto com os meus filhos, com a surpreendente paisagem verde que nos aparecia à cada cidade percorrida. A minha filha não cansava de tirar fotos e comentar cada coisa diferente que nos aparecia! Dentro do ônibus, a turma da retaguarda, não parava de cantar músicas alusivas ao clube e proferir gozações com o pessoal da frente – a vitima preferida era o Jorge Leite, que o chamavam, não sei porque, de “poca urna”. No corredor, a “Fubá”, espécie de musa da torcida, acompanhada do seu marido, “Serginho” Andrade, sempre com um copo na mão, não paravam um só instante! Foi assim, a viagem toda, tanto na ida, quanto na volta.
Paramos em Arapiraca e, com uma disciplina impressionante, todos desceram para almoçar. Fiquei estupefato! Nem parecia que aquela multidão formava uma torcida organizada e que a maioria já tinha tomado muita cerveja! Não aconteceu qualquer incidente! Voltamos ao nosso confortável transporte e, finalmente, às 14:30 h, chegamos ao nosso destino.
Quando descemos do ônibus, começou a minha grande decepção! De pronto, lembrei-me dos meus tempos de “pelada”, quando jogava por alguns times amadores! Na verdade, alguns “campos” daquela época, tinham um aspecto até bem melhor que aquele! Mas, o pior, ainda estava por vir! As coisas mais terríveis estavam guardadas lá dentro! Um espaço sujo e acanhado! O sanitário, para os dois sexos, era uma casinha imunda, e, sem porta, pasmem! “Puleiros” frágeis, prestes a desabar, serviam como arquibancadas! O campo de jogo, pequeno e irregular, totalmente, insalubre, era indigno para profissionais que expunham as suas integridades físicas a cada lance. Graças à garra dos nossos atletas saímos com um heroico empate.
Infelizmente, não podemos conhecer a cidade, mas, essa viagem serviu para mostrar a mim e aos meus filhos que ainda podemos ser educados e cordiais, mesmo em torcidas organizadas. Parabéns ao J. Tigre, ao Prof. Mota e ao Jorge Leite.

2 comentários:

  1. Caro Aloísio !!
    Gostaria de convidar o nosso amigo para repetir as experiências, desta vez na camisa 12 do CRB e, em seguida, na Mancha Azul, do CSA.
    Na volta vou aguardar ansioso seus comentários sobre a civilidade das organizadas.
    Abraço.

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  2. Rubens Mário Moreira7 de maio de 2013 às 22:41

    Parece-nos que o caro colega não entendeu o sentido da narrativa. A torcida "camisa 12", também é uma torcida composta por pessoas civilizadas; já a "mancha azul", além de não está dentro desse contexto, faz parte de um outro clube que não é da minha simpatia. Logo, não terá nada a ver com os meus objetivos.
    Um abraço do Rubens Mário.

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