domingo, 3 de novembro de 2013

OS DEZ ANOS DO BOLSA FAMÍLIA

Texto de Rubens Mário
PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

O governo federal e seus aliados políticos estão comemorando o aniversário de dez anos do seu mais importante programa social - o bolsa família. O referido abono monetário pago mensalmente às famílias brasileiras que sobrevivem abaixo da linha de pobreza, surgiu de forma mais contundente, no governo do então presidente Luiz Inácio “Lula” da Silva, já que fora iniciado, efetivamente, no governo Fernando Henrique Cardoso.
As cifras gastas com o programa e o número de pessoas cadastradas são impressionantes, e denunciam o calamitoso abandono social das pessoas mais pobres que continuam sendo geradas de forma fortuita nos milhares de grotões formados nas periferias das grandes cidades, essencialmente, no nordeste brasileiro. Em detrimento à esses bilhões de reais retirados dos impostos pagos pela população e doados às pessoas mais pobres, às próprias vítimas, supostas, beneficiárias da esmola, são negados direitos inalienáveis, tais quais, educação e saúde de qualidade.
Durante as comemorações foram pronunciados curiosos e abomináveis discursos pelos políticos governistas, mesmo diante da miséria escarnada e do, consequente, caos social, vivido pela população brasileira. Eles afirmam, dando publicidade política, que houve uma redução da pobreza, com uma quebra do ciclo geracional da mesma e uma ampliação do acesso à educação.
Analisando com bastante cautela e racionalidade as declarações dos entes governistas, podemos afirmar, inicialmente, que é bastante claro e evidente que, após se deixar proliferar, criminosamente, uma população de mais de 50 milhões de pessoas sobrevivendo abaixo da linha da pobreza, que qualquer dinheiro dado como esmola, reduzirá essa pauperização! Mas, será que isso é o suficiente para erradicar a miséria? Claro e evidente que não! A miséria deve ser entendida dentro de um contexto mais social e abrangente, onde, obrigatoriamente, deveremos incluir a educação e a saúde publica como objetos prioritários. Além de tudo não é humano analisarmos a vida de pessoas carentes de tudo, através de simples injeções monetárias, fora de um sistema global, ou, dentro de um mundo isolado, abandonado, insano e cruel, que só é visitado pelos falsos tutores em períodos eleitorais, quando eles vão buscar ali o retorno das parcas esmolas.
Quando afirmam que estão quebrando o ciclo geracional da pobreza, não precisamos de muito saber para nos indignarmos, pois, temos plenas convicções imparciais e apartidárias políticas, que miséria em qualquer país do mundo é gerada com a falta de educação básica, e, sabemos in loco, e, eles também deveriam saber, que a escola na qual os abonados são obrigados a matricular seus filhos, é de péssima qualidade, muitas até, indignas para abrigar qualquer ser humano, por poucos minutos.
Quando falam em ampliação do acesso à educação, mais uma vez estão faltando com a verdade, pois, é bastante comum observarmos crianças fora das salas de aula por falta de transporte, merenda, professores, ou escolas fechadas por risco de desabamento ou, até mesmo pela violência reproduzida nesse mundo paralelo.
Será que de 2003 para cá, tivemos algum avanço social? Ou será que a violência, resposta da pobreza e da miséria, diminuiu nesse intervalo temporal? É evidente que não.
A verdade é que, infelizmente, ainda não aprendemos a entender que crescimento econômico e desenvolvimento humano, não podem caminhar separados, sobretudo, quando esse, suposto, crescimento monetário advém do assistencialismo, marca registrada dos programas sociais do governo, que, apenas alimenta a política mesquinha, destrói a dignidade humana e aniquila a sua capacidade ideológica. É importante entendermos que a gênese principal da violência é a desigualdade social e que essa só será combatida com mudanças radicais, e essa transformação tem que começar pela educação pública básica.
Sonho com o dia em que nossos governantes esqueçam a perpetuação no poder e transfiram os R$ 20.5 bilhões investidos no bolsa família, para uma escola inclusiva, em tempo integral, com um turno na sala de aula, e outro, em um ginásio poli esportivo, regida por profissionais capacitados e bem remunerados, e, a noite, com cursos profissionalizantes para os pais. Somente dessa forma combateríamos a pobreza extrema e aniquilaríamos o ciclo geracional da mesma.
 

2 comentários:

  1. RUBENS MÁRIO (PROFESSOR DO CESMAC)

    Parabéns pelo texto...É isso que os nossos políticos pensam e fazem com os seus representados.

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  2. "Seu doutor uma esmola ao homem que é são,
    ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão"
    (ZD/LG). Isso foi cantado com muita força por Gonzagão;
    ele não viveu bastante pra ver o poder de patifaria dos
    ptralhas e comparsas políticos iludindo o povo e comprando
    -lhe o voto em detrimento do progresso social desse mesmo
    povo. Disse bem o Prof. Rubens Mário:
    ". . . pessoas mais pobres, às próprias vítimas, supostas
    beneficiárias da esmola, são negados direitos inalienáveis,
    tais quais, educação e saúde de qualidade."

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