sábado, 20 de agosto de 2016

UM ENCONTRO COM REFLEXÃO

Texto de Rubens Mário
PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

Na semana passada fui mais uma vez surpreendido com um telefonema de um ex aluno do curso de administração do Cesmac - Benedito Soares - me comunicando que eu seria um dos professores homenageados na colação de grau que seria realizada na sexta-feira, dia 12 de agosto. A princípio, refuguei, justificando que na formatura anterior a coordenação do curso havia impedido a minha homenagem alegando que eu já não mais fazia parte do corpo docente daquela instituição, e a solenidade se realizaria no auditório do prédio onde funciona o curso de administração. Após a insistência do aluno, aceitei o convite e prometi que estaria presente ao importante evento.
Chegando lá, após quase dois anos da minha saída, fui muito bem recebido por todos e tive a felicidade de reencontrar os outros colegas também homenageados, funcionários administrativos, e, principalmente, os ex-alunos.
Semelhante às outras solenidades das quais participei naquela instituição, fiquei, em meio à alegria daqueles formandos juntos às suas famílias e amigos, fazendo uma introspecção, “viajando”, desde a minha chegada à aquela faculdade no ano de 2002, até aquele momento. Na minha silenciosa auto conversa, me questionava o porquê de todo esse reconhecimento - a quinta vez desde a minha saída - qual o verdadeiro valor e respeito dos abnegados profissionais ligados à educação, e, por conseguinte, qual o futuro daqueles formandos que investiram tanto, muitos até arriscando um duvidoso retorno para quitar as dívidas assumidas com aquela formação superior. Nas duas vertentes do pensamento fica subentendida a insanidade do mercado. De todos aos quais eu abraçava e parabenizava, ouvia as mesmas palavras ansiosas: “agora vou fazer uma pós”! Eles se referiam ao primeiro dos cursos dispostos após a graduação - a especialização - hoje, fartamente oferecidos pelo cruel mercado educacional. Infelizmente ainda não se buscou um entrosamento entre esse mercado educacional e o mercado de trabalho. Acredito que essa comunicação deveria ser coordenada pelo governo, através, prioritariamente, do Ministério da Educação, em comunhão com o Ministério do Trabalho e a Polícia Federal, envolvendo depois, todas as entidades de classe.
O que observamos atualmente, com bastantes preocupações, excetuando-se, salvo algum equívoco, a OAB, o CREA, o CRO e o CRM, são entidades meramente arrecadatórias, ou promotoras de eventos totalmente inacessíveis aos milhares de jovens que concluem a maioria dos outros cursos, mormente, aqueles divorciados do mercado de trabalho. Os intrusos que ousam exercer as profissões representadas pelas siglas mencionadas acima, quando identificados, são presos e processados pela Polícia Federal.
No caso dos administradores, a profissão ainda é exercida, impunemente, por qualquer pessoa, habilitada ou não.
Urge que o Ministério da Educação se liberte, urgentemente, das perversas amarras político partidárias e devolva à educação, mormente, a superior, o seu sentido e missão, estritamente educacionais e informativas, relacionando-a com o mercado de forma humana e racional, tratando-o como uma atividade fim.
Parabéns, novos Administradores!

2 comentários:


  1. Caro Professor Rubens,

    Não poderia de deixar de publicar a sua crônica, pela maneira lúcida como você aborda a falta de fiscalização na atuação de charlatões nas diversas áreas que exigem um profissional legalmente habilitado. Com raríssimas exceções, apontada no texto, não existe a mínima fiscalização, tanto por parte do governo como pelas entidades de classe (Conselhos, Sindicatos e/ou Associações), de quem atua no ramo. Por exemplo, será que toda Academia de Ginástica/Pilates tem a supervisão de profissional habilitado? Com a palavra o Conselho Estadual de Educação Física...
    Um abraço.

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  2. Prezado Aloisio, infelizmente, além dessa falta de fiscalização de quem de direito, para o exercício dessas profissões, algumas até, que podem causar lesões sérias, à exemplo da educação física, ainda existem as péssimas formações acadêmicas na maioria dessas faculdades.
    Muito obrigado e um grande abraço.

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