terça-feira, 27 de novembro de 2018

O CURANDEIRO

Texto de Aloisio Guimarães

O causo de hoje quem me contou foi o amigo Ederaldo Barros, também engenheiro e um cidadão deodorense de primeira linha.
Conta Ederaldo que, certa vez, apareceu em Taperaguá, povoado de Marechal Deodoro, um sujeito alto, mulato, natural da Bahia, vestido de branco, turbante na cabeça, vários colares no pescoço.
Logo todo povoado ficou sabendo que Pai Severino estava morando entre eles e assim, de um dia para outro, a posteação elétrica de Taperaguá ficou cheia de cartazes e faixas de propagandas de Pai Severino: "Encosto", "Erisipela braba", "Olho grande", "Espinhela caída", "Enxaqueca", "Hemorroidas", "Ferida braba", "Insônia", "Dor de corno"... Ele garantia que curava tudo!
E, como todo "vivaldino", Pai Severino sempre dizia aos seus clientes:
- Eu não curo; quem cura é Jesus. Se você tiver fé, Ele o curará... Eu sou apenas um mero instrumento da vontade Dele.
E assim ele ia ludibriando os pobres coitados, desesperados em busca de uma vida melhor...
Acontece é que, para o padrão da população local, ele cobrava muito caro pelas consultas. E quem não podia pagar em dinheiro, dava uma galinha, um bode, um porquinho... Em pouco tempo Pai Severino começou a fazer seu "pé de meia"...
Certo dia, após fazer o "trabalho" para uma mulher e dizer que curava em nome de Jesus, ela, agradecida, disse:
- Deus lhe pague! - E foi se retirando...
Pai Severino, muito rápido, como um relâmpago, disse:
- Deus lhe pague coisa nenhuma! O preço da consulta é cinquenta contos!
A mulher respondeu:
- Mas Jesus Cristo não cobrava de ninguém...
Então, ele respondeu na bucha:
- É, mas Jesus Cristo não pagava aluguel, iptu, taxa do lixo, taxa de bombeiro, água, luz, escola, telefone, imposto de renda, inss...
Meses depois, Pai Severino "se escafedeu no oco do mundo", fugindo da população, que descobriu que seus milagres eram fajutos...

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