Texto de Aloisio Guimarães
Toda cidade tem o seu cientista e minha querida Palmeira dos Índios não fugiu a esta regra. Se alguém lhe disser que mora ou que morou em Palmeira dos Índios, pergunte-lhe se conheceu ou já ouviu falar do Ciço Aluado. Se ele responder que não, é um mentiroso, nunca morou na “Terra dos Xucurus”.
- E quem foi Ciço Aluado?
Ciço Aluado foi o maior cientista que nossa cidade já teve! Era filósofo, mecânico, fogueteiro, meteorologista... E ainda por cima, ele foi um ilusionista de mão cheia. O homem era um pesquisador nato, muito embora não tivesse instrução superior.
O seu apelido “Aluado”, surgiu por conta das suas constantes experiências, nos mais diversos campos da imaginação. E, os mais exagerados, afirmavam que ele era capaz de conversar com a lua (sic)!
Sempre no seu inconfundível Jeep, com as mãos sujas de graxa, Ciço Aluado foi uma daquelas figuras marcantes, queridas e inesquecíveis de nossa terra. A todos, ele costumava dizer que era capaz de fazer chover, em plena seca, se lhe dessem os meios que precisava.
Durante as festas de Natal e Ano Novo, na velha Praça da Independência, um dos momentos mais esperados, por "hômi, mulé e mininu", era a queima dos fogos do Ciço Aluado. Todo mundo ficava encantado quando viam os fogos queimarem ao longo de um circuito cheio de peripécias e rodas de fogos, iguais aos que víamos somente nos filmes de faroeste, em cenas que retratavam as festas mexicanas em homenagem a Nossa Senhora de Guadalupe.
Eu e meu irmão Casé, fomos testemunhas de uma das experiências do nosso "herói", cujo relato é o seguinte:
Estávamos no “Senadinho”, bar do meu pai, já citado em outros causos, quando chega Ciço Aluado e pede uma lapada de cachaça. Nesse momento, a turma que lá estava (Geraldo Prata, Nilo Barros, Itamar Malta, Dirceu Souza, entre outros) desafia Ciço Aluado para fazer alguma experiência rápida, ali e agora.
O nosso “Professor Pardal” não fugiu à luta! Foi no seu velho Jeep, voltou com um pedaço de Bombril e o colocou justamente dentro do seu copo, que ainda restava um pouco de cachaça. Depois, olhando para todos os presentes, profetizou:
- Daqui a pouco, isso vai pegar fogo.
Ninguém soube até hoje o que peste o Ciço Aluado fez, mas a bobônica do Bombril pegou fogo mesmo! Todo mundo ficou de queixo caído.
Até hoje, de vez em quando, coloco um pedaço de Bombril num copo, com cachaça, e fico esperando ele incendiar e nada acontece...
Com certeza, ele deve estar conversado com o Criador, dando ideias para reinvenção do mundo.