Quase
todo engenheiro um dia já ensinou e eu não fugi à regra: lecionei Matemática em alguns
colégios e cursinhos pré-vestibulares de Maceió e, em Palmeira dos Índios, no
saudoso Colégio Estadual Humberto Mendes.
Apesar
de ensinar muito mais pelo prazer, fui um professor dedicado e responsável, procurando muito mais ser educador do
que professor.
Quem
foi meu aluno, sabe muito bem que falo a verdade.
Por
minha seriedade, fui considerado um "Professor
Caxias", ao ponto de, por exemplo, todos que estavam no colégio, no momento
das minhas aulas, sabiam em qual sala eu estava, pelo silêncio que
eu impunha. Nas minhas avaliações ninguém colava, pois as provas eram
individuais (artifício muito fácil de aplicar em provas de matemática).
Por
conta da minha rigorosidade, muitos alunos me odiaram (e odeiam até hoje); mas
muitos são agradecidos e, para eles, sou considerado o melhor professor que já
tiveram. Hoje, muitos dos meus ex-alunos, são conceituados professores,
agrônomos, médicos, arquitetos, engenheiros...
Alguns
episódios foram marcantes na minha carreira de professor.
Nunca
gostei de passar trabalho para casa, uma vez que alguns poucos
fazem e o restante cópia. Apenas uma única vez fui forçado a fazê-lo: quando
precisei me ausentar uma semana, devido a uma cirurgia que
fiz. Nessa
época eu ensinava no Colégio Santa Úrsula, mais precisamente no terceiro ano
científico.
- Professor, o senhor quer o trabalho
digitado e encadernado?
- Eu só exijo que seja manuscrito, pois
somente assim terei a certeza que vocês leram o trabalho que fizeram - respondi.
- Mas, professor, é em papel pautado ou é
em papel ofício?
- Façam onde e como quiserem. A única
exigência é que seja manuscrito...
No dia em que regressei, tratei logo de recolher o tal trabalho. Para
minha enorme surpresa, o melhor aluno da turma, José Neto, hoje é
médico, entregou o seu trabalho feito em papel higiênico! Isso mesmo, em
papel higiênico! E daqueles dos bons; bem macio!
O
engraçado foi a ansiedade do restante da turma, para ver a minha reação quando
ele fosse entregar o trabalho. Para espanto de todos, engoli seco, mas cumpri a
palavra e recebi o trabalho.
Na
correção, não deu outra. Era o melhor aluno da turma; a nota não poderia
ser diferente: 10! Confesso que ele foi bastante habilidoso em escrever e
desenhar as figuras geométricas em um papel higiênico tão macio, do tipo Neve!
Somente por essa proeza, ele merecia um notaço!
Dias
depois, ele veio pedir desculpa porque tinha procedido sob a influência da
"turma do fundão". Respondi-lhe que ele apenas cumpriu minhas
orientações e nenhuma mágoa havia ficado.
Não
podia ser diferente...
Lamentavelmente,
o trabalho foi dobrado e colocado no bolso da calça e se destruiu nas mãos da
lavadeira...
Tenho certeza de que, como eu e seus colegas de turma, o Dr.
José Neto nunca vai esquecer este episódio.
Prz. Prof. Aló, caro colega, essa foi muito boa!
ResponderExcluirNos meus bons tempos de mestre-escola(dedicado,
aplicado) tive alunos brilhantes, um deles o
"Ro Xi Mim"(H.Dória, hoje Eng. Químico) fez uma
presepada semelhante à do seu ex-aluno Dr. J.
Neto. O jovem, respondeu, resolveu uma prova, dessas caprichadas, num pedaço de papel de embrulho. Detalhe, o papel era velho, amarrotado, rasgado, cerca de 30% d'um A4.
Desse inusitado episódio descobri um excelente aluno e grande estudioso das matemáticas.
Realmente, você é o Cara. Se eu tive-se um professor na minha infância igual a você com certeza eu estaria na Nasa, mas por enquanto vou ficando no Bar da Nasa, que também é muito bom. Lá tenho vários amigos que se reunem para discutir o cotidiano. Atualmente comentar as filosofias que saem no blog xucurus que de passagem está cada vez melhor, tomarmos uma geladinha em de vez quando, a matemática flora no bate papo. Meu amigo, estou preparando umas 500 questões de PA, umas 200 de PG e umas 300 de Geometrica Analitica... Em breve lhe procuro. Reserve um dia para esta linda brincadeira. Seu amigo.
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