quarta-feira, 4 de julho de 2012

O POETA

Texto de Aloisio Guimarães

Desde menino, Flávio já mostrava quedas para as artes plásticas. Mas, por ironia do destino, ele tinha nascido lá nos cafundós de Coité do Nóia (cidade do interior alagoano - pertinho de Arapiraca) e seu pai era um daqueles matutões brabos e jamais admitiria que um filho seu enveredasse pelo mundo das artes.
Antigamente, desejo de pai era uma ordem. Não obedecer aos pais, nem pensar! Assim, contrariando a sua veia artística, Flávio continuou ajudando o pai nas tarefas da roça, no plantio do fumo.
O tempo passou, Flávio cresceu e se mudou para a capital, para ganhar o pão de cada dia, uma vez que o fumo não tava dando mais. Longe dos olhos paternos, a sua veia artística, até então adormecida, começou a pulsar cada vez mais forte. Tão forte que Flávio não conseguiu domar o seu destino e começou a escrever suas poesias. Depois de alguns anos, tinha um acervo considerável de textos. Tudo guardado... Apenas alguns poucos amigos conheciam seus versos.
- Flávio, cara, por que você não as publica? – perguntavam-lhe sempre.
Então, Flávio, cansado de ouvir elogios, resolveu seguir os conselhos dos amigos e publicar um livro. “Será a minha primeira grande obra...”, pensava Flávio. Acontece que tinha uma pedra no meio do caminho: como publicar um livro se não tinha recursos?
O jeito foi ir à luta e procurar ajuda nas empresas da cidade. Depois de muitas portas fechadas, surgiu uma luz no fim do túnel: A Casa do Chapéu, conceituada loja do ramo da chapelaria, resolveu ajudá-lo!
- Pode mandar imprimir o livro, que nós pagamos - teria dito-lhe o dono da Casa do Chapéu.
Após dois meses de intenso trabalho de ilustração, escolha da capa, diagramação, revisão, correção e impressão, o livro ficou pronto. Flávio, todo eufórico, convocou a imprensa, amigos e convidados e marcou o dia do lançamento da sua obra. Mas, nessas horas, sempre acontece uma desgraça: quando foi à Casa do Chapéu, pegar a grana para pagar a editora, recebeu a fatídica notícia:
- Flávio, estamos sem caixa... As vendas caíram muito.
E agora? Como pagar à editora e retirar seus livros? Como pagar o aluguel do espaço reservado para a solenidade? Como pagar o buffet? Nada mais podia voltar atrás...
Hoje, Flávio, pode ser encontrado na “Feira do Rato”, vendendo seus livros, em uma barraquinha de madeira, para tentar conseguir zerar o seu cartão de crédito...

Um comentário:

  1. Que pena dele!...
    Conheço outros que tiveram o mesmo problema (dividas por realizar um sonho.)Mas graças a Deus hoje estamos vivendo tempos modernos e já podemos contar com gráficas virtuais.
    Eu mesma só consegui editar meu primeiro livro de poesias sensuais depois de encontrar aqui o CLUBE DE AUTORES. Onde editei meu livro sem pagar nada por isso!
    É prático, fácil e ótimo!
    Fica aqui o link se vc puder dar uma olhadinha eu te agradeço muito, o site dá o direito dos visitantes ler as dez primeiras páginas.
    https://www.clubedeautores.com.br/book/130327--Petalas_de_seducao
    Um abraço.
    Ivany

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