Texto
de Carlito Lima
Ao
receber a herança do pai, Nivaldo comprou três apartamentos pequenos, mobiliou-os
apostando no aluguel por temporada, afinal o turismo é uma das vocações
econômicas das Alagoas. No verão ele descola dinheiro extra. Por conta desses
aluguéis, depois da semana santa, faz uma viagem com sua amada esposa, Margarida.
Nivaldo fez amizades com turistas de todo Brasil, até estrangeiros estão em sua
agenda. Tem muito trabalho administrar roupa de cama, equipamentos domésticos,
etc... “Vale a pena”, diz Nivaldo.
Nesse
verão ele recebeu um telefonema, uma senhora solicitando detalhes do
apartamento, aluguel de 20 dias, também pediu alguns dados sobre o
proprietário. Ele estranhou esse interesse, entretanto, não de fez de rogado,
deu detalhes, 50 anos, casado, engenheiro. A senhora desejou olhar o
apartamento, marcaram às cinco da tarde, em frente à Sorveteria Bali na praia
de Pajuçara. Para reconhecê-la iria de vestido amarelo.
No
local e hora combinados, Nivaldo parou o carro, a senhora aproximou-se, ele
abriu a porta dianteira. Com classe de mulher bem vivida, a dama de amarelo
sentou-se, cumprimentou-o com um belo sorriso, Giselle seu nome. Ele encantou-se
com a beleza da mulher, idade indefinida entre 35 e 40 anos, sentiu o cheiro
suave e sensual de Fleur de Rocaille, seu perfume predileto, respirou fundo,
deu partida no carro.
Ao
dirigir-se ao edifício na praia de Jatiúca foram conversando amenidades. Ela
baiana, morava em Maceió, queria o apartamento para um parente em visita à
cidade. Nivaldo empolgado, em rápida olhada percebeu as belas pernas grossas da
madame. Ao estacionar o carro, ela desceu como uma princesa, ficou parada,
olhou o prédio, balançou a cabeça como aprovação. Tomaram o elevador, deu um
fervor nas veias do nosso amigo ao notar a generosidade do decote da madame.
Ele sugeriu ver primeiro a cobertura comum ao prédio, onde fica a piscina, o
lazer. Giselle se encantou com a vista do mar azulado da Jatiúca, percorreram o
bar, restaurante. Nessa altura o bom humor e a beleza da madame tinham conquistado
a simpatia do nosso herói.
Afinal,
foram ao 5º andar, entraram no apartamento, quarto e sala, cama de casal,
geladeira, as mobílias e utensílios foram mostrados, ela se abaixou olhando as
gavetas e mostrando mais o que tinha por baixo do decote, Nivaldo estava quase
subindo às paredes. Depois de olhar os detalhes, Giselle sentou-se na cama,
bateu no colchão, convidou Nivaldo sentar-se a seu lado. Giselle perguntou o
preço de 20 dias. R$ 3.000,00 respondeu. Fecharam o negócio por R$ 2.500,00,
avisaria seu parente para efetuar o pagamento. Olhou nos olhos do nosso amigo,
apertou sua mão, levantou-se, pediu licença para ir ao banheiro. Nivaldo
sentiu-se aliviado. De repente ouviu abrir a porta, ao olhar teve uma emoção
inesperada, seus testosteronas se agitaram, o sangue ferveu nas veias. Giselle,
simplesmente linda, estava apenas de calcinha amarela, corpo esguio, ancas
largas, falsa magra, cabelos louros escorridos. Sorriu estirando-lhes os
braços:
- Que tal?
Nivaldo
levantou-se, aproximou-se, abraçou-a devagar, beijou-lhe a testa, o nariz, a
boca carnuda, molhada, enquanto ela abria seu cinturão. Nivaldo nunca pensou na
vida que existissem tudo que fizeram naquela tarde.
A
madame, deitada, fumava um cigarrinho, olhava o teto, abriu o jogo, contou sua
história. Usava proprietários e corretores de imóveis para essa aventura
semanal, na verdade não queria alugar o apartamento. Ela tinha necessidade,
compulsão pelo sexo, ninfomaníaca. Casada, seu marido, bem mais velho, sabia de
suas traquinagens, pedia apenas que ela não repetisse a mesma pessoa, não se
apegasse. Como a dama de amarelo gostou de fazer amor com Nivaldo, sugeriu
encontrar-se com ele mais três vezes, no máximo, depois tudo acabado. Saíram
mais três vezes. Não podiam ter laços afetivos, assim foi acertado.
A
dama de amarelo continua satisfazendo sua compulsão sexual, toda semana se
veste de amarelo em busca de novas aventuras, escolhe a vítima pelos anúncios
dos classificados. A história da dama já se espalhou na cidade, tem corretor
gastando uma fortuna em anúncios, na esperança de ser a bola da vez. Nivaldo
agora é só lembrança, saudades das quatro tardes de amor com a dama de amarelo.
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