PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS
Há alguns dias a sociedade brasileira foi sacudida pelo maior
desastre ambiental de todos os tempos no Brasil. Estamos nos referindo ao
inescrupuloso rompimento de uma das barragens da mineradora Samarco que
armazenava em seu bojo rejeitos com altas concentrações de alumínio, ferro, e
manganês, dentre outros componentes químicos altamente prejudiciais à vida de
todos os seres vivos. Algumas multas foram anunciadas pelo governo, mas,
paralela a punição dos responsáveis pela mineradora, dever-se-ia penalizar,
também, as autoridades que aprovaram a instalação daquelas barragens naquele
local! Será que, isentos de quaisquer subterfúgios politiqueiros, não seria
trivial se imaginar que o rompimento futuro daquelas barragens seria uma coisa
possível? Até quando, o dinheiro continuará sendo o “senhor da razão”? Essa última
indagação deveria servir de alerta para toda sociedade brasileira, incluindo
aqueles que comandam os nossos setores mais vitais.
A “anunciada” ruptura da represa liberou uma avalanche de lama
tóxica; a palavra lama que possui diversas conotações na nossa, secundária,
língua portuguesa, e que já vinha sendo bastante pronunciada nos nossos
noticiários jornalísticos, se referindo aos roubos e canalhices dos nossos
políticos, continuou sendo explorada pela mídia mostrando-a agora na sua forma
literal – mistura de água com argila e os elementos químicos já citados acima. O
composto que se transformou na lama tóxica e foi rapidamente misturada às águas
dos rios e lagos da região, além do oceano, causou danos irreparáveis e
irreversíveis à natureza e a toda espécie de vida que alimentava as populações
circunvizinhas.
Infelizmente, a ausência de iniciativas sérias, desvinculadas de
conchavos e hipocrisias políticos, tem causado prejuízos sociais, infinitamente
superiores aos frágeis benefícios econômicos que, na verdade, só servem para
aumentar a segregação entre ricos e pobres num país já eivado de inexplicáveis
desigualdades sociais e econômicas.
O caso da mineradora Samarco que atua em conluio com a ex estatal,
vale do rio doce, gerava lucros exorbitantes para os seus proprietários, em
detrimento de parcos benefícios econômicos para a região e os seus
trabalhadores, até o trágico desenlace.
Esse fatídico acontecimento que dizimou a vida de um rio e seus
afluentes lá nos estados de Minas Gerais e Espirito Santo, deveria servir de
mote para a nossa sociedade organizada, mormente, as entidades responsáveis
pelo meio ambiente, e, assim, provocar uma luta, sem tréguas, para ainda tentar
salvar as nossas arquejantes, Lagoas Mundaú e Manguaba. No caso da nossa Lagoa
Mundaú, ao contrário do Rio doce, ela tem sido trucidada, paulatinamente, por
uma outra espécie de lama, composta, essencialmente, por coliformes fecais, ou,
uma lama de fezes e urinas, que é despejada diariamente, pela população
residente no seu entorno. Na parte da Lagoa Mundaú que banha os bairros do
Vergel do Lago e Trapiche da Barra, que deveria servir de fonte de alimento e
belo cartão postal, não é mais possível se enxergar as suas margens, pois, ela
foi, vergonhosamente, ocupada por barracos que servem de moradias para as famílias
vítimas do holocausto social, maquiavelicamente, perpetrado pelo governo.
Naquelas comunidades improvisadas, onde a vidas surgem por acaso, o índice de
criminalidade é assustador, e, seres humanos são assassinados diariamente, na
mesma proporção da vida animal, que, de forma doentia, ainda tenta sobreviver,
bravamente, nas águas fétidas e poluídas daquele complexo lagunar.
Ao contrário da lama
do rio doce, a nossa, ainda é possível de ser estancada.
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