ENGENHEIRO AGRÔNOMO E ESCRITOR
Sempre
se fala se enaltece e se orgulha da excelência do brasileiro. Um povo bom,
sofrido, trabalhador, honesto e solidário. Ouço isso desde a minha infância e
fiquei um ufanista de carteirinha.
Mas,
como gosto de analisar sintomas na tentativa de, através das evidências
convergentes, obter uma opinião correta, cheguei a outro perfil do brasileiro.
Exceções
sempre existem. O que interessa é a “moda”
estatística; o comportamento geral das pessoas, independentemente da sua cor,
credo ou classificação social. Vamos aos porquês:
·
Por que o brasileiro vota nos candidatos corruptos? Não seria uma vontade
velada de que também gostaria de ser um deles?
·
Por que o brasileiro quer começar como chefe, fazer pouco esforço e reclamar
sempre do salário? Não seria uma maneira de usufruir sem mérito, passando muita
gente para trás?
·
Por que o brasileiro não respeita os seus limites, avançando os sinais, furando
filas, fumando em lugares proibidos? Não seria o abominável “eu posso mais”?
·
Por que o brasileiro desfila em carros luxuosos e não paga o condomínio, as
férias da sua empregada? Não seria o seu gene perdulário?
·
Por que joga lixo na rua, é mal-educado e não respeita os mais velhos? Não seria a sua falta de sintonia com o seu
semelhante, vivendo um mundo só seu, criado por ele?
·
Por que o brasileiro se “suja” com pequenas coisas, abrindo pacotes em
supermercados, enganando pessoas pobres (exemplo: flanelinhas) e procrastinando
as suas dívidas? Não seria a vontade de “especialização”?
·
Por que o brasileiro esnoba riqueza em viagens, banquetes, roupas de grife? Não
seria uma necessidade de se afirmar, pois não possui atributos interiores para
tal?
·
Por que o brasileiro luta para entrar na política, sabendo do mar de lama que
ela é? Seria por essa atração ambiental eivada da expectativa de se dar bem,
como já se tornou normal no nosso país?
·
Por que o brasileiro quando ascende no ranking social se torna prepotente,
vaidoso e arrogante, sobretudo com os de baixo? Não seria o gene do
deslumbramento que vivia escondido no seu DNA?
·
Por que o brasileiro se torna esquerdista quando está na pior e muda quando
melhora de vida, passando a exercer a opulência, antes combatida? Seria uma
revolta pelo que fora desprezando aos que eram iguais, considerando-os uma
classe inferior?
·
Por que o brasileiro pobre quando se torna policial persegue os da sua classe e
se apequena ante os abastados? Não seria a concepção de que agora está a
serviço da elite e os seus de antes não tem nada a lhe oferecer?
Vou
ficar por aqui. O prezado leitor pode agregar inúmeras atitudes do brasileiro
que, à luz de outros povos, envergonham o nosso país.
Não
posso esquecer a cena que assisti em um supermercado, aqui em Maceió. Uma
senhora bem vestida rasgando uma caixinha de chocolate e dando ao seu filho de
uns 5 anos, sem passar pelo caixa, cometendo dois crimes: o dela e a prática
condenável passada ao seu filho.
Sempre
nos perguntamos por que somos subdesenvolvidos, sobretudo nós aqui do Nordeste.
Saímos sempre pela tangente e esquecemos as nossas mazelas.
Estudar
firme, suar no trabalho e crescer pelo esforço próprio, não está no “vade-mécum” do brasileiro. Isso é para
oriental do olho puxado, para os alemães, para os canadenses e outros “infelizes” que não sabem gozar a vida -
assim fala muita gente, sobretudo nos bares, nas rodas de samba, nas feiras de
trambiques.
E isso não acontece só com os
abastados, mas com os pobres, também. A geleia é geral. Os ricos dedicam grande
parte de seu tempo para lutar pelas sinecuras e mamar nas tetas da viúva
(governo: nosso dinheiro suado) e os menos favorecidos no seu limite de
locupletação, a exemplo dos sem-terra e dos “bolsistas” do governo que nada
querem com o trabalho. Estes fogem da
carteira assinada, satisfazendo-se das esmolas do governo e os sem-terra vivem
de “pic-nics” nas praças, passeatas
pelas avenidas, das cestas básicas, invasão dos prédios públicos e das
fazendas, renegando o duro chão da sagrada lavoura, como o diabo corre da Cruz.
E
os exemplos dos políticos que, em sua maioria, locupletam-se do erário público,
- para uma juventude que, aliás, está mais preocupada com a balada de amanhã,
fortalecendo a descrença daqueles que são bons estudantes e lutam por uma
ascensão justa socioeconômica através do esforço?
Como
é que vamos ser um país desenvolvido? Recursos Naturais ajudam, mas o fator
primordial é a força de trabalho de seu povo, eivada de dedicação aos estudos,
muito suor, obstinação, desprendimento, conhecimentos e decência
comportamental, com respeito às leis e aos limites da convivência salutar e
pacífica. Em síntese: Recursos Humanos.
(Maceió, nov. 2010).
(Maceió, nov. 2010).
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