quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O QUE DISSE O MESSIAS?

 Texto de Aloisio Guimarães


O causo abaixo quem me contou foi o engenheiro Ederaldo Barros.
Para quem não o conhece, o Ederaldo, além de ser um excelente profissional e fazer parte do meu grupo seleto e reduzido de amigos, ele é uma das pessoas mais meticulosas e organizadas que possa existir na face da terra. Em termos de organização, ele é “O Cara”! 
Evidentemente que os nomes serão trocados, para evitar transtornos, não para mim, mas para Ederaldo, oráculo do causo.
Vamos a ele...
Durante muito tempo, em Pariconha, existia apenas uma pequena mercearia, de propriedade de um cidadão de nome Messias, considerado "o alto comerciante" da cidade e por isso mesmo era "o maior pagador de impostos" do município.
Pariconha é uma dessas pequeninas cidades, localizadas no alto sertão alagoano, entre Delmiro Gouveia e Água Branca. Ela é o que podemos chamar de "uma cidade longe demais", ou então, como diz o ditado, "só vai lá quem tem negócio"!
Como é uma cidade pequena (só recentemente foi que se emancipou de Água Branca), em Pariconha, todo mundo se conhecia e era muito fácil comprar mercadorias fiado na bodega (mercearia) do senhor Messias, tudo na base da "caderneta".
Para quem nunca ouviu falar, “A CADERNETA" era um bloco de papel, aonde o comerciante anotava as vendas fiado, para cobrança/pagamento no final do mês, quando o devedor recebesse o salário. Era tudo na base da confiança, não necessitando de fiador ou qualquer outro tipo de garantia. Era uma época completamente diferente da atual, quando lhe pedem Avalista, Caução, CPF, RG. SERASA, SPC, Atestado de Residência, Referencia Bancária, Referência Pessoal... É tanta exigência que, um dia, ainda vão terminar pedindo até o "exame da goma"!
Pois bem, entre os clientes que tinham crédito na venda do senhor Messias, estava o Padre Carlos, pároco local.
Certa manhã de domingo, estava faltando massa para a tradicional macarronada do almoço do vigário. Para não deixar de comer o seu prato predileto, o padre Carlos chamou Miguelzinho, o sacristão, e ordenou:
- Miguelzinho, vá lá, na venda do "seu" Messias, peça um pacote de macarrão e diga a ele que "anote na caderneta", que no fim do mês eu acerto. Vai e não demore muito  porque a missa já vai começar...
O sacristão, depois de ouvir a ordem do padre, foi direto à mercearia, buscar o pacote de macarrão.
Acontece que o senhor Messias, o dono da mercearia, tinha brigado com a mulher e estava puto da vida, de mal com Deus e com o diabo. Por isso, ao ouvir o pedido/recado que o padre mandou, "soltando fogo pelas narinas", disparou:
- Miguelzinho, diga ao "seu" Padre Carlos que não vou mandar macarrão nenhum, porque ele é um velhaco e não paga nada a ninguém!
Recebido o recado, o sacristão voltou, cabisbaixo, para a igreja...
Acontece que, quando ele entrou na igreja, a missa já tinha começado e estava bem na hora do sermão, no momento exato em que o padre Carlos indagava aos fiéis:
- E então, o que foi que disse O Messias? Respondam: o que disse O Messias?!
O sacristão, mais "sacristão" do que nunca, pensando que era com ele que o padre falava e que O Messias a quem o padre se referia era o dono da venda, gritou bem alto:
- Padre Carlos, o "seu" Messias mandou dizer que não ia mandar mais porra nenhuma porque o senhor é um velhaco!
Foi beata desmaiando para tudo que é lado!

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