sábado, 15 de abril de 2023

GALO PARAIBANO

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Um fazendeiro tinha um galinheiro com 180 galinhas e estava procurando um bom galo para reproduzir. Um dia, ele vai a uma agropecuária e diz para o vendedor:

- Procuro um bom galo capaz de cobrir as minhas 180 galinhas.

O vendedor puxa uma gaiola com um galo enorme, musculoso, com a crista de pé, de topete, olhos azuis e uma tatuagem dos Rolling Stones no peito, e diz: Leva esse aqui, o Mário. Ele não falha.

O fazendeiro leva o galo e, no dia seguinte, pela manhã, solta o galo no galinheiro. O galo sai correndo, pega a primeira galinha, e dá duas sem tirar. Pega a segunda, dá a primeira, e, quando está já na segunda, cai frito.

O fazendeiro volta na loja e grita:

- Este galo puto comeu duas galinhas e capotou.

O vendedor se desculpou e puxou outro galo: Preto, de crista amarela, olhos cinzas e tênis da Nike:

- Esse aqui é o Fernando. Não falha nunca.

O fazendeiro volta com o galo e repete a história: solta o bicho no galinheiro, e o galo sai alucinado: come a primeira galinha de pé, pega a segunda e traça, na terceira ele faz o 69 e quando estava bombeando a quarta, cai morto no meio do galinheiro.

O fazendeiro, emputecido, volta na loja e diz:

- Escuta aqui, ô filho da mãe aquele galo broxa caiu morto. É melhor você me vender um galo decente ou vou tocar fogo nesta merda.

Então o vendedor puxa um galo desnutrido, sem crista nem penas, com olheiras, corcunda, com tênis Bamba de lona e uma camisa preta e vermelha, que dizia “Orgulho de ser Paraibano”, e diz ao fazendeiro:

- Olha, é só o que me resta. O nome dele é Aristides e chegou por engano num carregamento que veio da Paraíba.

O fazendeiro, puto da vida, leva o galo pensando: “O que vou fazer com este galo Paraibano, todo franzino?”.

Chegando na fazenda, solta o Aristides no galinheiro. O galo tira a camisa e sai enlouquecido traçando as 180 galinhas de uma vez só; dá uma respirada e traça as 180 galinhas de novo. Depois, sai correndo e pega o pastor alemão.... Aí o fazendeiro o pega, dá dois sopapos e para acalmá-lo, acaba trancando-o na gaiola.

- Caramba, que fenômeno! As galinhas ficaram doidonas!

No dia seguinte solta o bicho de novo: o galo sai faturando tudo que vê: o cachorro, o porco e duas vacas... O fazendeiro corre, pega ele pelo pescoço, dá uma chacoalhada para acalmá-lo e joga ele na gaiola novamente.

No terceiro dia, o fazendeiro encontra a gaiola toda arrebentada, as galinhas com as xanas para cima, o porco com o rabo pro sol, bodes passando Hipoglós na bunda, uma capivara mancando, um pônei sentado no gelo... até que, de repente, à distância, vê o Aristides caído no chão e os urubus voando em círculos sobre o pobre galo...

- Não, o Aristides morreu! O meu Aristides, o melhor galo do mundo!

No meio do lamento e da choradeira, cuidadosamente o Aristides abre um olho, olha para o fazendeiro, pisca e diz:

- Silêncio, ô fio duma égua! Aquelas crioulas estão quase descendo aqui!


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