Texto de Aloisio Guimarães
Para quem não conhece o estado de Alagoas, Igreja Nova é uma cidade do interior alagoano, localizada entre a histórica cidade de Penedo, às margens do Rio São Francisco, o nosso "velho Chico", e a cidade de São Sebastião, antigo povoado Salomé, às margens do entroncamento Porto Real do Colégio/Penedo/Maceió/Arapiraca.
Como não poderia deixar de ser, Igreja Nova é uma cidade pequena, onde todo mundo conhece todo mundo e por isso mesmo a fofoca corre solta, principalmente em época eleitoral. Além disso, claro, Igreja Nova Como tem uma característica comum a toda cidadezinha do interior do Brasil: quem quiser saber "quem é quem" na cidade, é só ficar "marcando ponto" na barbearia local porque é lá que toda a verdade aparece. Assim, durante década de 70, a barbearia "A Tesoura de Ouro", de propriedade do Robertinho, foi a fonte de informação dos fofoqueiros de Igreja Nova. Quem quisesse saber da vida dos outros, era só dar uma chegadinha por lá e perguntar:
- E aí, Robertinho, quais são as novas?
Pronto! Era um prato cheio para o Robertinho rasgar o verbo, falando mal de todo mundo, metendo o pau em Deus e no diabo. Muita gente boa da cidade detestava o barbeiro, com um medo desgraçado da língua ferina do Robertinho.
Contam que, certo dia, em virtude das economias que fez durante os muitos anos que viveu cortando cabelo e barba, Robertinho, mesmo sendo uma "munheca de pau" (como é popularmente chamado quem não sabe dirigir direito), conseguiu comprar um fusquinha 63 que, de tão velho, já estava "queimando óleo" (quase batendo o motor).
Feliz com o seu carrinho, mas metido a besta, no primeiro final de semana, Robertinho chamou a sua esposa, a Maria José, mais conhecida com o Zefinha, e avisou:
Ao ouvir o que a Zefinha perguntou, Robertinho nada comentou, deu meia volta no carro e voltaram para Igreja Nova, tudo sob o riso matreiro da fofoqueira Quitéria, que logo entendeu o medo da sua comadre Zefinha.
E assim, desse dia em diante, o barbeiro Robertinho nunca mais falou mal de ninguém, principalmente da comadre Quitéria...
Nenhum comentário:
Postar um comentário