terça-feira, 23 de abril de 2024

A GRANDE MURALHA

Texto de Aloisio Guimarães

José Maria Barreto Galvão Filho, o nosso estimado amigo "Zé Maria", é uma daquelas pessoas diferenciadas porque, além de ser engenheiro civil (e dos bons), profissão voltada para números, é um excelente conhecedor da língua portuguesa, coisa rara para quem milita na área das ciências exatas. O seu vasto conhecimento do nosso idioma foi adquirido durante os anos em que ele trabalhou no Diário Oficial do Estado de Alagoas, virando noites, na função de Revisor.
Uma curiosidade engraçada no Zé Maria é que ele é a única pessoa que eu conheço que é capaz de assoviar, sem abrir a boca e nem fazer “bico” com os lábios. Contam que durante as aulas de Desenho Técnico, na Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Alagoas - UFAL, assoviando assim, Zé Maria costumava infernizar a vida do saudoso professor “Ploc”.
Outro fato que pouca gente sabe é que, quando jovem, anos 70, Zé Maria foi jogador de futebol das categorias de base do CRB, apesar de ser “azulino doente”, ou seja, torcedor do CSA - clube rival do CRB. Sempre que lembramos esta contradição, ele faz questão de explicar:
- Fui bicampeão pelo CRB e nos três anos que joguei lá, com muito orgulho, fui o capitão do time, mesmo eles sabendo do meu coração azulino porque tinham certeza de que, lá dentro das quatro linhas, comigo, não tinha disso não: era pau para comer sabão e pau para saber que sabão não se come!
O Zé Maria jogava na zaga e diziam que ele “dava pro gasto”, ou seja, jogava razoavelmente, coisa que ele contesta veementemente, dizendo que ele era bom, mas tão bom que jogou pela Seleção Alagoana Juvenil, em torneios nos estados de Pernambuco e São PauloE foi graças a sua habilidade futebolística que, quando era estudante, ele foi titular da equipe de futebol de campo do curso de Engenharia durante os Jogos Universitários. Naquela época, ao contrário de hoje, os Jogos Universitários eram movimentados, concorridos e disputados, como se fossem uma Copa do Mundo. Era gostoso ver a rivalidade, sadia, entre os alunos dos cursos de Engenharia e Medicina, coisa do tipo jogo CSA x CRB - antes das torcidas organizadas (ou seriam marginais organizados?)
Além da inteligência privilegiada e o seu dom no trato com a "pelota", Zé Maria tem um atributo incomum: o cara tem uma cabeça enorme, uma cabeça "de impor respeito"; uma cabeça tão grande, daquelas que diziam, antigamente, “uma cabeça de arrombar navio”! E foi por conta “desse presentinho que Deus lhe deu” que o engenheiro Nilton Mesquita, mais conhecido como “Siri-mole”, amigo comum, já falecido, não cansava de relatar o causo a seguir:
Durante os Jogos Universitários, todas as vezes que a zaga do time de futebol de Engenharia cometia uma falta nas proximidades da área, o juiz perguntava:
- Goleiro, quer barreira?
Ao ouvir a pergunta, Carlos Alberto, o popular "Sapinho" (já falecido), goleiro do time da Engenharia, respondia que sim e estendia a mão espalmada. Ao ver o gesto do "Sapinho" o juiz perguntava:
- Cinco jogadores na barreira, é isso?
Então, o "Sapinho" respondia:
- Não, seu juiz, é somente o número 5 e mais ninguém...
- O número 5? Somente ele, tem certeza?
- Sim, é somente o número 5 mesmo! Ele é o Zé Maria, seu juiz; com a “cabecinha” que ele tem, duvido que alguém faça gol de falta em mim!
E foi assim, graças à “cabecinha” do Zé Maria, que a turma de futebol de campo da Engenharia papava os títulos.
Ah, ele que não se meta a besta e queira revisar o texto...

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