domingo, 30 de abril de 2017

WELCOME

Texto de Aloisio Guimarães

Em 1973, morava em Igreja Nova, cidade vizinha a Penedo, um cidadão de nome Marcos Pacheco, um matuto, trabalhador, cheio da grana, "mais valente do que boi brabo" e "mais grosso do que papel de enrolar pregos", analfabeto, que muito mal sabia ler.
Como nessa época Alagoas ainda era um estado pouco desenvolvido, ele mandou o seu filho único, Marcos Pacheco Filho, o "Pachequinho", estudar agronomia em Recife, para, depois de formado, tomar conta das plantações da fazenda.
Depois de cinco longos anos Pachequinho se formou e o pai, orgulhoso, resolveu presenteá-lo com uma viagem ao exterior:
- "Pachequim", meu fio, vosmicê diga adondi qué ir qui eu pago.
- Meu pai, eu quero conhecer os Estados Unidos, mas só vou se o senhor for comigo; o senhor e a mamãe. Vocês nunca saíram daqui e está na hora de conhecer outro país...
Diante dos argumentos do filho, o "coroné" Marcos Pacheco chamou a esposa e ordenou:
- Mulé, aprepari as mala qui nois vamu cunhecê os isteites.
Depois de um mês de preparação (passaporte, vistos, compras de dólares...), eles partiram para a América.
Logo na chegada, durante o desembarque no aeroporto JFK, em Nova York, ele leu a tradicional faixa de recepção:
- Welcome to New York.
Acontece que nesse mesmo dia, estava desembarcando no mesmo aeroporto a delegação do time do New York Knicks (time de basquete da cidade), que havia se tornado a campeã da NBA - a liga americana de basquete. Por causa disso, o aeroporto estava repleto de faixas, saudando os campeões:
- Welcome Heroes! Welcome Champions!
Depois de andar mais alguns metros, o velho matuto alagoano, leu mais uma faixa:
- Welcome Home!
Pronto, lascou tudo! O nosso matuto, virou para a mulher e para o filho e disparou:
- Essi tá di "Wel" devi sê mermo um garanhão da gota serena! O cabra comi todo mundo; comi até "homi"... Ele qui num si meta a besta pra cima de mim, qui furo o bucho dele!
E foi assim, durante o tempo que esteve em Nova York, que Marcos Pacheco não conseguiu dormir direito, com medo de ser enrabado pelo o "Wel"...  

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