- Meu irmão, ha algum
tempo precisava falar com você, pode me dar alguns minutos? Vamos pegar essa
mesa.
Disse Marília abraçando Hugo ao encontrá-lo no shopping.
Feliz em encontrar a irmã querida, Hugo Sanchez puxou uma cadeira, sentou-se,
pediu dois chopes no início daquela tarde de sexta-feira.
Marília olhou-o, sorriu-lhe, deu-lhe um beijo na face, foi direto ao
assunto.
- Hugo querido, só nós
dois é que sabemos o quanto nos amamos, sou louca pelo meu irmãozinho desde
criança, nossas afinidades são escancaradas. Você casou-se, separou-se, agora
está solteiro novamente aos 40 anos, nunca dei palpite em sua vida amorosa,
boêmia e escandalosa. Desculpe eu estar me intrometendo em seu novo namoro,
você falou levemente em casamento. Nada de pessoal contra Kalu, até gosto da moça,
10 anos mais nova, parece equilibrada e sensata. Acontece que, informaram-me um
pequeno detalhe de sua vida pessoal, tenho obrigação de lhe passar, não quero
que seja enganado. Fonte fiel confidenciou-me, ela é sapatona, ou melhor
bissexual, tem um caso com aquela morena, andam muito juntas, se diz sobrinha.
Desculpe eu tocar em sua vida particular. Sabendo do fato, seria uma traição
por omissão não contar-lhe esse pequeno detalhe.
Hugo respirou fundo, tomou dois goles de chope, pensou, pensou, pensou,
respondeu à irmã ainda no impacto emocional da notícia:
- Obrigado, Marília,
você agiu bem, não poderia ser de outra forma, francamente, nunca desconfiei da
bissexualidade de Kalu. Eu até gosto muito de sua sobrinha Geísa, nada me fez
perceber essa opção sexual de Kalu, ela gosta de homem, tenho certeza, na cama
é um arraso. Vou pensar no que fazer, é caso grave, não sei se dá para conviver
sabendo que a sua mulher gosta também de mulher. Obrigado, minha irmã.
Hugo pediu mais chope, passaram a tarde conversando.
Eram nove horas da noite quando Hugo encontrou-se com Kalu na Barraca
Pedra Virada, orla da Ponta Verde, acompanhada de Geísa, tomaram chope, uísque,
tira-gosto, jantaram quase meia noite. Duas horas da manhã deixaram Geísa em
casa, dormiram no apartamento, amaram-se feito animais, Hugo nunca mais havia
passado uma noite de amor com tanta intensidade. Pela manhã do sábado
resolveram dar um mergulho na praia do Francês, bebericar até o final da tarde.
Kalu perguntou se podia convidar Geísa.
Tudo bem disse Hugo, mas, quero uma conversa antes. Foi claro e taxativo
com a namorada.
- Kalu, temos mais de
dois anos juntos, somos adultos, lhe amo, tenho de ser sincero. Sua amizade com
Geísa vem atiçando a maldade alheia, vieram me fuxicar de um relacionamento
íntimo com Geísa, que vocês são um caso, é o boato corrente nas rodas de nossa
convivência.
Kalu ouviu olhando nos olhos do namorado, baixou a cabeça, respirou fundo,
encarou-o novamente, abriu seu coração com franqueza.
- Hugo, querido, é verdade,
eu tenho essa opção sexual a mais, sou bissexual, a Geísa não é minha prima. Eu
estava esperando um momento apropriado para abrir o jogo, lhe confessar.
Conversei muito com Geísa, temos uma proposta, você pode se chocar, francamente
não sei sua reação. Minha única certeza é que lhe amo, quero você, quero ficar
com você, não importa se casados ou juntados. Minha proposta é meia louca,
entretanto, foi bem pensada, amadurecida: continuar nosso relacionamento como
está, cada qual em seu lugar, peço-lhe apenas você conversar com Geísa, sinta
como é uma pessoa boa, também é bi, entre em suas intimidades, depois me diga
se aceita a situação, sem compromissos.
Hugo Sanchez teve um impacto com aquela inusitada proposta, pediu um tempo
para pensar. Conversou, passou algumas noites com Geísa. Não precisou muito
tempo para definir-se. Estão em período
de adaptação, tiraram férias juntos, passeando na bela Cartagena das Índias,
Colômbia, o mais caro foram as três passagens de avião.
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