Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL
Convivi, em vários momentos, com pessoas maravilhosas das
quais, sempre que possível, busquei captar conselhos, de certa forma
balizadores de meu comportamento diário. Carlos Machado Pontes de Miranda,
certa vez me falou, quando eu ainda engatinhava como professor, no curso de
Engenharia Civil, que um homem para ser sério, não precisava viver sério.
Sorria sempre, falou-me e as portas se lhe abrirão com mais facilidade. Já
Carlos Reinaldo Mendes Gama, meu eterno professor de Estradas e Transportes,
nos dias que precederam o concurso público que prestaria para ingressar na
docência da UFAL, ao demonstrar-lhe minha preocupação com o certame, me
aconselhou dizendo que fizesse sempre muito bem feito tudo aquilo que me
competisse, sem temer os resultados.
Contudo, uma das frases mais esclarecedoras de minha
caminhada veio de outra pessoa, igualmente muito importante: Eduardo Jorge
Silva, genitor de Ana, minha esposa. Estávamos viajando, a celebrar meus
quarenta anos de existência. Foi quando ele me alertou sobre um dos maiores
mistérios da vida, que é quando, mesmo não entendendo nada, nós continuamos
insistindo, sem saber o porquê.
Figuras inesquecíveis esses três conselheiros. Dos dois
primeiros absorvi integralmente as orientações. Porém as palavras de meu sogro,
a quem sempre considerei um pai, continuam a reverberar em minha consciência
pois, cada dia mais confirmo ser o entender tão complexo que extrapola o
próprio raciocínio.
Enquanto em alguns momentos, o ato de compreender apresenta
limites, como na matemática, em outros pode não ter fronteiras. Chego a
pensar que o bom mesmo é ser inteligente, sem precisar entender. É como ter
acessos de loucura, apesar de estar saudável. Eu mesmo sou “louco” pelas
pessoas que realmente considero minha família, sem entretanto sentir-me doido.
É quando milhares de fatos afloram à minha mente que me
vejo buscando assimilá-los: por quê o Brasil perdeu de sete a um para a
Alemanha? Por quê, em minha infância a dupla de sucesso era Tom e Jerry, na
juventude Roberto e Erasmo Carlos, e hoje, na maturidade, a moda é falar em
“Lava e Jato”, numa alusão direta à maior dilapidação que os cofres nacionais
já sofreram, incluído o roubo das pedras preciosas, nos tempos de Tiradentes e
do Império.
Por quê, em Maceió, a falta de água foi programada para as
vésperas do Natal no período do verão? Por quê, um professor da UFAL, em final
de carreira, teria que trabalhar em média nove anos para conseguir juntar um
milhão de reais, enquanto um gerente da estatal do petróleo possui depósitos
bancários com, no mínimo, oito dígitos?
Por quê? Para várias pessoas, viver é simplesmente estar
vivo, enquanto para outras ser feliz é conseguir deitar de bruços, sendo, para
uma grande maioria, respirar, trabalhar cumprir suas obrigações enquanto, para
alguns poucos, é praticar o mal, assaltando, extorquindo e corrompendo. Por
quê?
Uma coisa, porém, é certa. De quando em vez um mosquito
canta em meus ouvidos e eu gosto. É quando chego à conclusão de que apreciaria
entender um pouco, não demasiadamente, mas apenas o suficiente para saber que
não entendo.
Muito bom!
ResponderExcluirE continuamos, vida afora, com o nosso "por quê?", pois é deles que a vida é feita, não é mesmo? Mas há Aquele que nos responde (pelo menos, eu sinto assim): "Porque te amo e te aguardo".
Meu amigo uma pergunta que não me cala,: por quê roubar tanto se a vida tão curta? No máximo oito décadas, nem que tivessem sete vidas não conseguiriam gastar os trilhões roubados!
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