Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL
As fases da vida deixam marcas
inesquecíveis. São aprendizados importantes disponibilizando opções variadas
para nortearmos nossa jornada de forma bem mais consciente. Como aluno do
Colégio Marista de Maceió, frequentei o movimento dos Escoteiros, convivendo
não somente com inesquecíveis artesões da alegria, da disciplina e do saber,
mas, acima de tudo, com conceitos que reputo vitais, não somente à época, mas
para a vida inteira.
Nunca esqueci que o lema do escotismo,
“sempre alerta”, enseja que o cidadão estar mentalmente preparado para ser
forte e ativo o suficiente a atuar de maneira correta, no instante exato.
Hoje, o passar dos anos me
conscientiza de que os vocábulos disciplina e organização nem de
longe fazem parte do cotidiano do brasileiro. Inúmeros exemplos podem ser
apresentados: Os motoristas no trânsito; o funcionamento dos postos de saúde;
os horários escolhidos por órgãos públicos para pavimentarem as vias mais
movimentadas ou os desfalques na Petrobras, são alguns exemplo. Some-se a este
elenco de exageros, o Censo Demográfico brasileiro que, por lei, deve ocorrer a
cada dez anos, mas nunca termina com menos de cinco anos de atraso, quando os
dados coletados já são quase obsoletos.
Nunca me esqueci de um professor de
francês, chamado Wanilo Galvão, que, quando queria elogiar seus alunos dizia:
“você é mais organizado que o partido nazista”. À época, não entedia o conteúdo
da sentença. Contudo, leituras diversas me fizeram compreender, que o sucesso
temporal da imensa maldade praticada pelos discípulos de Hitler deveu-se,
principalmente, à forma disciplinar e cirurgicamente planejada com que agiram.
Em Varsóvia, capital da Polônia,
cidade localizada às margens do Rio Vístula, quando da invasão alemã, ocorrida
em setembro de 1939, viviam l,5 milhões de habitantes. Os germânicos, já
dominando a cidade, sem alarde, em apenas quatro meses, realizaram a triagem
dos 350 mil judeus que ali residiam, identificando-os e segregando-os em guetos
para, posteriormente, enviá-los aos campos de concentração. Nada fugia ao
planejado. Os trens transportando número pré-estabelecido de prisioneiros,
deixavam as estações em horários definidos, para nos campos de extermínio, como
Auschwitz-Birkenau, por exemplo, serem incinerados diariamente em números
previamente definidos.
No Brasil, em pleno Século XXI,
metodologia de trabalho continua não sendo considerada prioridade. Aulas são
ministradas em ambientes que mais parecem pocilgas e atendimento de saúde é oferecido
sem os itens básicos necessários até para a esterilização. Obras de construção
civil são iniciadas com base em cronogramas de atividades fictícias, além de
orçamentos superfaturados e outras desventuras mais.
Continuo vivendo, sem nunca esquecer o
juramento dos escoteiros: “Prometo, por minha honra, fazer o melhor possível
para, cumprindo meus deveres, ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião”.
Esforço-me para, na medida do possível, praticar o prometido.
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