sábado, 7 de março de 2015

NEM SEMPRE ALERTA

Texto de Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL


As fases da vida deixam marcas inesquecíveis. São aprendizados importantes disponibilizando opções variadas para nortearmos nossa jornada de forma bem mais consciente. Como aluno do Colégio Marista de Maceió, frequentei o movimento dos Escoteiros, convivendo não somente com inesquecíveis artesões da alegria, da disciplina e do saber, mas, acima de tudo, com conceitos que reputo vitais, não somente à época, mas para a vida inteira.
Nunca esqueci que o lema do escotismo, “sempre alerta”, enseja que o cidadão estar mentalmente preparado para ser forte e ativo o suficiente a atuar de maneira correta, no instante exato.
Hoje, o passar dos anos me conscientiza de que os vocábulos disciplina e organização nem de longe fazem parte do cotidiano do brasileiro. Inúmeros exemplos podem ser apresentados: Os motoristas no trânsito; o funcionamento dos postos de saúde; os horários escolhidos por órgãos públicos para pavimentarem as vias mais movimentadas ou os desfalques na Petrobras, são alguns exemplo. Some-se a este elenco de exageros, o Censo Demográfico brasileiro que, por lei, deve ocorrer a cada dez anos, mas nunca termina com menos de cinco anos de atraso, quando os dados coletados já são quase obsoletos.
Nunca me esqueci de um professor de francês, chamado Wanilo Galvão, que, quando queria elogiar seus alunos dizia: “você é mais organizado que o partido nazista”. À época, não entedia o conteúdo da sentença. Contudo, leituras diversas me fizeram compreender, que o sucesso temporal da imensa maldade praticada pelos discípulos de Hitler deveu-se, principalmente, à forma disciplinar e cirurgicamente planejada com que agiram.
Em Varsóvia, capital da Polônia, cidade localizada às margens do Rio Vístula, quando da invasão alemã, ocorrida em setembro de 1939, viviam l,5 milhões de habitantes. Os germânicos, já dominando a cidade, sem alarde, em apenas quatro meses, realizaram a triagem dos 350 mil judeus que ali residiam, identificando-os e segregando-os em guetos para, posteriormente, enviá-los aos campos de concentração. Nada fugia ao planejado. Os trens transportando número pré-estabelecido de prisioneiros, deixavam as estações em horários definidos, para nos campos de extermínio, como Auschwitz-Birkenau, por exemplo, serem incinerados diariamente em números previamente definidos.
No Brasil, em pleno Século XXI, metodologia de trabalho continua não sendo considerada prioridade. Aulas são ministradas em ambientes que mais parecem pocilgas e atendimento de saúde é oferecido sem os itens básicos necessários até para a esterilização. Obras de construção civil são iniciadas com base em cronogramas de atividades fictícias, além de orçamentos superfaturados e outras desventuras mais.
Continuo vivendo, sem nunca esquecer o juramento dos escoteiros: “Prometo, por minha honra, fazer o melhor possível para, cumprindo meus deveres, ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião”. Esforço-me para, na medida do possível, praticar o prometido.

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