sexta-feira, 13 de março de 2015

PAPA E IMPERADOR INSPIRAM O BRASIL...

Texto de Alberto Rostand Lanverly
Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL


Adepto de exercícios físicos, busco fortalecer minha musculatura em aulas especializadas, ministradas por academias de ginástica. Dias atrás, com o rosto respingando de suor, vislumbrei à minha frente uma penca de jovens, grande maioria menores de vinte anos e, cada um a seu modo, buscando alcançar o sonho da perfeição corpórea...
Olhando-os, imaginei que eles não entenderiam a vida em um país onde a inflação chegasse aos 80% mês, e muito menos compreenderiam que o poder aquisitivo do ganho de seus pais cairia pela metade, no espaço de trinta dias, levando-os a um padrão de consumo inconsistente e pouco saudável vez que, a única opção, seria correr para o supermercado, antecipando as compras mensais, logo que seu salário fosse depositado.
Vivemos assim, até julho de 1994, quanto tudo mudou com o Plano Real. Dias economicamente turbulentos outra vez são vividos no Brasil, com o visível descontrole dos dirigentes, fazendo-nos retornar a algumas épocas negras da história, amedrontando todos, sem exceção, até os que usavam em seus peitos bottons com a frase: sem medo de ser feliz.
A era de Rodrigo Borgia quando, fazendo uso da corrupção elegeu-se Papa, com o nome de Alexandre VI, parece estar sendo copiada, de forma literalmente similar quando fomentou uma era negra ao mundo então conhecido. Nomeando cardeais despreparados, cobrava propinas para liberar o funcionamento de serviços, em Roma e corrompia a tudo e a todos, até que seus interesses fossem alcançados... Isto, sem falar nas inúmeras amantes (uma delas, Giulia Farnese, nomeada por ele ministra de finanças da Santa Sé), além de filhos bastardos que não economizava em fazer.
Os métodos de Calígula também poderiam servir de espelho para os dias atuais. Segundo o grande historiador Sêneca, ungido ao poder em substituição a seu tio Tibério, como  esperança do povo que o alcunhava nossa estrela, logo se transformou em um homem arrogante, auto-definindo-se “Um Deus”, e colocando imediatamente em prática uma série de medidas, dentre as quais se destaca o tomar dinheiro da Plebe. O Imperador considerava-se tão dono da verdade que chegou a nomear seu cavalo, Incitatus, como cônsul e sacerdote.
O Brasil vive algo parecido. Assim como Alexandre VI e Calígula, os dirigentes atuais, após ungidos aos postos de mando, não poupam esforços para se tornarem amigos dos excessos. Anos atrás, o brasileiro estava longe de imaginar como seria um milhão de reais. Hoje, as facilidades negociadas por quem possui o poder valem muitas caixas de dinheiro que, somadas, fazem os sete dígitos parecerem troco.
É assim mesmo... tal qual a tenacidade da juventude que malha nas academias, a força do povo é incomensurável. Quem sabe, o fim da história que ora se desenha com letras infernais na terra que há muito deixou de nos orgulhar, não virá     a ser igual àquelas do Papa corrupto e do Imperador louco... Enquanto isto, nunca será demais repetir o que todos já sabemos: “A bruxa mentiu, a inflação subiu, a Petrobrás faliu, e o povo que vá para debaixo da ponte que caiu...”.

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