Membro das Academias Maceioense e Alagoana de Letras e do IHGAL
Adepto de exercícios
físicos, busco fortalecer minha musculatura em aulas especializadas,
ministradas por academias de ginástica. Dias atrás, com o rosto respingando de
suor, vislumbrei à minha frente uma penca de jovens, grande maioria menores de
vinte anos e, cada um a seu modo, buscando alcançar o sonho da perfeição
corpórea...
Olhando-os, imaginei
que eles não entenderiam a vida em um país onde a inflação chegasse aos 80%
mês, e muito menos compreenderiam que o poder aquisitivo do ganho de seus pais
cairia pela metade, no espaço de trinta dias, levando-os a um padrão de consumo
inconsistente e pouco saudável vez que, a única opção, seria correr para o
supermercado, antecipando as compras mensais, logo que seu salário fosse
depositado.
Vivemos assim, até
julho de 1994, quanto tudo mudou com o Plano Real. Dias economicamente
turbulentos outra vez são vividos no Brasil, com o visível descontrole dos
dirigentes, fazendo-nos retornar a algumas épocas negras da história,
amedrontando todos, sem exceção, até os que usavam em seus peitos bottons com a
frase: sem medo de ser feliz.
A era de Rodrigo
Borgia quando, fazendo uso da corrupção elegeu-se Papa, com o nome de Alexandre
VI, parece estar sendo copiada, de forma literalmente similar quando fomentou
uma era negra ao mundo então conhecido. Nomeando cardeais despreparados,
cobrava propinas para liberar o funcionamento de serviços, em Roma e corrompia
a tudo e a todos, até que seus interesses fossem alcançados... Isto, sem falar
nas inúmeras amantes (uma delas, Giulia Farnese, nomeada por ele ministra de
finanças da Santa Sé), além de filhos bastardos que não economizava em fazer.
Os métodos de Calígula
também poderiam servir de espelho para os dias atuais. Segundo o grande
historiador Sêneca, ungido ao poder em substituição a seu tio Tibério,
como esperança do povo que o alcunhava nossa estrela, logo se transformou
em um homem arrogante, auto-definindo-se “Um Deus”, e colocando imediatamente
em prática uma série de medidas, dentre as quais se destaca o tomar dinheiro da
Plebe. O Imperador considerava-se tão dono da verdade que chegou a nomear seu
cavalo, Incitatus, como cônsul e sacerdote.
O Brasil vive algo
parecido. Assim como Alexandre VI e Calígula, os dirigentes atuais, após
ungidos aos postos de mando, não poupam esforços para se tornarem amigos dos
excessos. Anos atrás, o brasileiro estava longe de imaginar como seria um
milhão de reais. Hoje, as facilidades negociadas por quem possui o poder valem
muitas caixas de dinheiro que, somadas, fazem os sete dígitos parecerem troco.
É assim mesmo... tal
qual a tenacidade da juventude que malha nas academias, a força do povo é
incomensurável. Quem sabe, o fim da história que ora se desenha com letras
infernais na terra que há muito deixou de nos orgulhar, não
virá a ser igual àquelas do Papa corrupto e do
Imperador louco... Enquanto isto, nunca será demais repetir o que todos já
sabemos: “A bruxa mentiu, a inflação subiu, a Petrobrás faliu, e o povo que vá
para debaixo da ponte que caiu...”.
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