Um francês,
observando o tapete vermelho de Cannes, vê um ator brasileiro segurando cartaz
onde se lê "Un coup d'etat a eu lieu au Brésil". Atônito, ele
pergunta à pessoa ao lado, que por coincidência também é um artista brasileiro,
com uma camiseta do Che:
- Que absurdo, aqui ninguém ouviu falar de um golpe de estado no
Brasil! É verdade isso?
- Sim, claro. Acabaram com a democracia no Brasil.
- Mas houve presos políticos? Manifestações contra o governo
reprimidas?
- Não, na verdade, muita gente saiu às ruas para apoiar a
presidente apeada, e ninguém foi preso.
- A imprensa foi censurada? Jornalistas expulsos?
- Não, na verdade, vários blogs, revistas e jornais se posicionaram,
abertamente, a favor da ex-presidente e ninguém foi censurado.
- E a presidente, foi detida?
- Na verdade, ela agora está morando num palácio de 7.000 metros
quadrados, reformado há 10 anos ao custo de quase US$ 20 milhões, com direito a
uma equipe de 80 pessoas, segurança institucional e avião da Força Aérea à sua
disposição.
- E o judiciário? O habeas corpus foi suspenso, certo?
- Não, na verdade, quem determinou o rito do impeachment foi o
Supremo Tribunal Federal e o novo presidente foi empossado pelo Tribunal
Superior Eleitoral, cujo presidente, inclusive, foi advogado do governo antes de
ser juiz.
- Ah...
- Mas, olha, vários países estão denunciando o ataque à democracia no
Brasil, viu? Cuba, Venezuela, El Salvador...
- Você quer dizer aqueles países que mantém presos políticos,
reprimem violentamente manifestações contra o governo, censuram a imprensa e
expulsam jornalistas estrangeiros, aparelham o judiciário e ou não fazem
eleições livres há mais de meio século ou não permitem que observadores
internacionais independentes acompanhem suas eleições?
- É.
- Com licença, amigo brasileiro, acho que ouvi chamarem meu nome em
algum lugar, preciso ir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário