terça-feira, 3 de maio de 2016

TRANSFORMAÇÃO SOCIAL E DEMOCRACIA

Texto de Rubens Mário
PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

Tenho ouvido com muita preocupação as ilações intempestivas de defensores do atual governo federal com relação aos programas sociais postos em prática desde os governos do sr. FHC, e a suposta quebra da democracia com o impedimento da presidente. Essas referências enaltecem os tais programas que, segundo os partidários de Lula e Dilma, transformaram socialmente o país. Quando analisamos os principais programas, isolando-os da verdadeira situação social do país, é evidente que iremos afirmar que estão contribuindo para um suposto benefício social! Porém, quando os atrelamos à nossa realidade, enxergamos um caos social perpetrado pelas diversas formas de violência praticadas pelos nossos delinquentes de colarinho amarelo e pelos derivados, jovens marginais sem colarinho, chegamos à conclusão que não vão além de programas populistas que visam tão somente a perpetuação no poder. O bolsa família, principal fonte de renda, dos miseráveis e dos políticos, salvo raríssimas exceções, quando transfere o dinheiro para pessoas desprovidas de informação, sobreviventes em comunidades governadas pelo tráfico, sem a presença efetiva do Estado, está apenas alimentando um torpe crescimento econômico, em detrimento de um sadio desenvolvimento econômico e social que só se concretizaria com educação e trabalho dignos. O desenvolvimento social e econômico de uma sociedade necessita da presença firme do Estado com a educação básica, e assistência à saúde, não com esmolas jogadas à esmo!  Pobre não precisa de esmolas! Pobre necessita de educação, saúde e trabalho dignos! Então, por que não, transformar bolsa família em bolsas de estudos? Outro dia ouvi de um governista que a educação básica não era atribuição do governo federal. Respondi que até os anos 70, funcionavam em todo o país, as Escolas Industriais Federais, hoje transformadas em Institutos Federais; essas escolas funcionavam em tempo integral e os alunos, num turno cursavam o antigo ginásio, e, em outro, aprendiam um ofício – marcenaria, carpintaria, mecânica, música e etc. - os alunos, praticamente, viviam na escola, e, tinham direito também à assistência médica, dentária, e a prática de esportes. Será que os bilhões investidos no bolsa família não trariam um benefício social bem mais genuíno para toda a sociedade se fosse investido em educação básica? Aposto que sim. Ademais, o governo federal sabe que as prefeituras, a maioria, falidas, ou envoltas em casos de corrupção, não têm quaisquer condições de gerir a educação básica.
Um outro programa bastante lembrado nos discursos do governo, são as quotas raciais. Também olhando-a de forma isolada, aprovamo-la, pois, resgata uma dívida histórica remanescente do tempo da escravidão, mas, além de uma discutível secção social, alija do benefício, a maioria dos nossos negros, “despejados”, impiedosamente, das nossas escolas públicas básicas. Ademais, filhos de negros pobres “expulsos” da classe média, que renunciaram à um conforto merecido para pagar escolas particulares para os seus filhos, também não têm direito às quotas.
Num país com um índice absurdo de violência urbana, com carceragens superlotadas de jovens, muitos menores de idade, com níveis impressionantes de analfabetismo, com centenas de políticos processados por corrupção exercendo mandatos, com professores amordaçados e mal remunerados, com milhares de “parasitas” nas câmaras, assembleias e congresso nacional, com milhões de pessoas sem assistência médica e sem emprego, com uma classe média empobrecida, com banqueiros comandando e explorando a economia, com planos de saúde e clínicas particulares praticando agiotagem disfarçada e consentida, como  ousamos falar em transformação social e democracia?

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