quarta-feira, 7 de maio de 2014

HAJA O QUE HOUVER

POSTAGEM: ALOISIO GUIMARÃES

Na Romênia, um homem dizia sempre a seu filho:
- Haja o que houver, eu sempre estarei ao seu lado.
Certo dia aconteceu um terremoto de intensidade muito grande, que quase arrasou todas as construções lá existentes. Nesta hora, este homem estava em uma estrada e, ao ver o ocorrido, correu para casa e verificou que sua esposa estava bem, mas seu filho estava na escola. Foi imediatamente para lá e a encontrou totalmente destruída. Não restou uma única parede de pé...
Tomado de uma enorme tristeza, ficou ali ouvindo, a voz da sua promessa (não cumprida):
- Haja o que houver, eu estarei sempre ao seu lado.
Seu coração estava apertado e a sua vista apenas enxergava a destruição. A lembrança de seu filho e sua promessa não cumprida o dilacerava.
Mentalmente, percorreu inúmeras vezes o trajeto que fazia diariamente segurando sua mãozinha. O portão (que não mais existia); o corredor...
Com essas lembranças, resolveu fazer, em cima dos escombros, o mesmo trajeto, parando em frente daquilo que deveria ser a porta as sala do seu filho.
Nada... Apenas uma pilha de material destruído; nem ao menos um pedaço de alguma coisa que lembrasse a classe. Olhava tudo e, bastante desolado, não conseguia esquecer a sua promessa:
- Haja o que houver, eu sempre estarei com você!
E ele não estava!
Começou a cavar com as mãos... Chegaram outros pais, que embora bem intencionados e também desolados, tentavam afastá-lo de lá dizendo:
- Vá para casa. Não adianta, não sobrou ninguém...
Ao que ele retrucava:
- Você vai me ajudar?
Mas ninguém o ajudava e, pouco a pouco, todos se afastavam.
Chegaram os policiais e também tentaram retirá-lo dali, pois viam que não havia chance de ter sobrado ninguém com vida. Havia outros locais com mais esperança. Mas este homem não esquecia sua promessa ao filho. A única coisa que dizia para as pessoas que tentavam retirá-lo de lá era:
- Você vai me ajudar?
Mas eles também o abandonavam...
Chegaram os bombeiros e foi a mesma coisa...
- Saia daí, não está vendo que não pode ter sobrado ninguém vivo? Você ainda vai por em risco a vida de pessoas que queiram te ajudar, pois continuam havendo explosões e incêndios.
- Você vai me ajudar?
- Você está cego pela dor, não enxerga mais nada...
- Você vai me ajudar?
Um a um, todos se afastavam...
Solitário, ele trabalhou quase sem descanso. Já exausto, dizia a si mesmo que precisava saber se seu filho estava vivo ou morto. Trabalhou sem parar até que, ao afastar uma enorme pedra, sempre chamando pelo filho, ouviu:
- Pai, estou aqui...
Feliz, fazia mais força para abrir um vão maior e perguntou:
- Você está bem?
- Estou, mas com sede, fome e muito medo...
- Tem mais alguém com você?
- Sim, dos 36 da classe, 14 estão comigo; estamos presos em um vão entre dois pilares. Estamos todos bem.
O homem apenas conseguia ouvir os gritos de alegria das outras crianças.
- Pai, eu falei pra eles “Vocês podem ficar sossegados, pois meu pai irá nos achar”. Eles não acreditavam, mas eu dizia a toda hora “Haja o que houver, meu pai estará sempre ao meu lado”.
- Vamos, abaixe-se e tente sair por este buraco...
- Não, pai, os deixe saírem primeiro...
- Por que, filho?
- Porque eu sei que, haja o que houver, você estará me esperando!
Agora responda:
- E O SEU FILHO? ELE FICARÁ ESPERANDO POR VOCÊ?

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