ENGENHEIRO-AGRÔNOMO E ESCRITOR
TUTU, assim a nossa turma
de adolescentes do Baixo Pirulito, o chamava. Todos estudantes do Colégio
Estadual ou do Diocesano. Nenhum rico, porém, pessoal consciente do valor dos
estudos para ascender socioeconomicamente. Mas sem abdicar de atividades em
benefício do corpo e da alma.
O nosso encontro era no
último banco do Parque Rodolfo Lins, a denominada Praça do Pirulito, na
confluência com a Rua Santos Pacheco, em frente à venda do Senhor Luís, nosso
ponto de apoio.
Assiduamente, além de nós
dois, Robson, Ronaldo, Dirceu, Zenon, Carlinhos, Marcelo, Lucídio, Renato.
Petrúcio se destacava pelo
humor, emanando alegrias, puxando a turma para o lazer salutar, fazendo-nos seu
credor.
Sem ele, não havia graça e
nem aquela energia que só ele dispunha. Isso ia desde as peladas na praia do
Sobral; às sessões de cinema no Cine-Art; as tardes na rua do comercio; as
caminhadas pelas ruas da Ponta Grossa para tomar “chequetel”, uma bebida à base
de gengibre que era distribuída nos terreiros de candomblé. Ademais, contador
de piadas sem igual.
Nada de molecagens,
desrespeitos a quem quer que seja ou danos ao patrimônio público.
Com a conclusão do
Científico, a turma se debandou. Eu fui para o Rio prestar vestibular na UFRRJ
(Agronomia); Ele, para Viçosa, MG, também ser Engenheiro Agrônomo; Robson, para
a Academia da Aeronáutica; Dirceu, para Recife se formar em Economia.
Formado, veio trabalhar na
sua terra; depois para a SUDENE, com muitos anos no Maranhão, até que foi
contratado pela CEPLAC/Bahia, sediando-se em Belém-Pará, justamente a Empresa
que eu iniciara minha carreira no Sul da Bahia.
E o destino nos colocou
naquele banco de praça de outrora, agora com outra feição. Fui designado para a
Diretoria da CEPLAC-Amazônia, oportunizando trabalhar com o amigo de longas
datas.
Petrúcio lia muito, e
dispunha de um grande cabedal de conhecimentos, facilitando desenvolver
qualquer papo, dominando o contexto.
Mas o extraordinário era a
sua memória, cuja caixa preta continha “causos” vividos desde a sua infância,
que os contava para o deleite dos seus amigos e colegas. Eu sempre insisti para
que ele escrevesse um livro. Não o fez e levou consigo para a outra dimensão
espiritual.
Casou-se no Maranhão –
Benedita (Bené), sua escudeira de tantos anos - e juntos edificaram uma bela
família – Giselle, George e Giovanna – tornando-se imortal geneticamente,
sobretudo com a chegada da neta amazonense.
Por toda essa sua vida
profícua aqui na terra, encantou-se, ao invés de morrer. Empreendeu a sua
viagem estelar. Vá em Paz.
Três anos depois, retornei
à base baiana e, mais tarde, me aposentei e vim morar em Maceió. Ele fez o
mesmo percurso, tempos depois, oportunizando-nos reviver as lembranças felizes
da Praça do Pirulito.
Maceió, 06 de julho de
2015.
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