sexta-feira, 10 de julho de 2015

PETRÚCIO CODÁ DOS SANTOS

Texto de Luiz Ferreira da Silva
ENGENHEIRO-AGRÔNOMO E ESCRITOR

TUTU, assim a nossa turma de adolescentes do Baixo Pirulito, o chamava. Todos estudantes do Colégio Estadual ou do Diocesano. Nenhum rico, porém, pessoal consciente do valor dos estudos para ascender socioeconomicamente. Mas sem abdicar de atividades em benefício do corpo e da alma.
O nosso encontro era no último banco do Parque Rodolfo Lins, a denominada Praça do Pirulito, na confluência com a Rua Santos Pacheco, em frente à venda do Senhor Luís, nosso ponto de apoio.
Assiduamente, além de nós dois, Robson, Ronaldo, Dirceu, Zenon, Carlinhos, Marcelo, Lucídio, Renato.
Petrúcio se destacava pelo humor, emanando alegrias, puxando a turma para o lazer salutar, fazendo-nos seu credor.
Sem ele, não havia graça e nem aquela energia que só ele dispunha. Isso ia desde as peladas na praia do Sobral; às sessões de cinema no Cine-Art; as tardes na rua do comercio; as caminhadas pelas ruas da Ponta Grossa para tomar “chequetel”, uma bebida à base de gengibre que era distribuída nos terreiros de candomblé. Ademais, contador de piadas sem igual.
Nada de molecagens, desrespeitos a quem quer que seja ou danos ao patrimônio público.
Com a conclusão do Científico, a turma se debandou. Eu fui para o Rio prestar vestibular na UFRRJ (Agronomia); Ele, para Viçosa, MG, também ser Engenheiro Agrônomo; Robson, para a Academia da Aeronáutica; Dirceu, para Recife se formar em Economia.
Formado, veio trabalhar na sua terra; depois para a SUDENE, com muitos anos no Maranhão, até que foi contratado pela CEPLAC/Bahia, sediando-se em Belém-Pará, justamente a Empresa que eu iniciara minha carreira no Sul da Bahia.
E o destino nos colocou naquele banco de praça de outrora, agora com outra feição. Fui designado para a Diretoria da CEPLAC-Amazônia, oportunizando trabalhar com o amigo de longas datas.
Petrúcio lia muito, e dispunha de um grande cabedal de conhecimentos, facilitando desenvolver qualquer papo, dominando o contexto.
Mas o extraordinário era a sua memória, cuja caixa preta continha “causos” vividos desde a sua infância, que os contava para o deleite dos seus amigos e colegas. Eu sempre insisti para que ele escrevesse um livro. Não o fez e levou consigo para a outra dimensão espiritual.
Casou-se no Maranhão – Benedita (Bené), sua escudeira de tantos anos - e juntos edificaram uma bela família – Giselle, George e Giovanna – tornando-se imortal geneticamente, sobretudo com a chegada da neta amazonense.
Por toda essa sua vida profícua aqui na terra, encantou-se, ao invés de morrer. Empreendeu a sua viagem estelar. Vá em Paz.
Três anos depois, retornei à base baiana e, mais tarde, me aposentei e vim morar em Maceió. Ele fez o mesmo percurso, tempos depois, oportunizando-nos reviver as lembranças felizes da Praça do Pirulito.
Maceió, 06 de julho de 2015.

Nenhum comentário:

Postar um comentário