terça-feira, 15 de setembro de 2015

NA PRAÇA DA FACULDADE

Texto de Rubens Mário
  PROFESSOR E ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

Do dia 02 ao dia 05 de setembro aconteceu mais uma feira agropecuária na nossa querida e saudosa praça da faculdade - foi a 16ª edição. Durante o período, pelo dia, os assentados comercializaram centenas de produtos agro e animais trazidos dos municípios, nos quais, de alguma forma, se implantou a reforma agrária. Até por residir na região, e por ser um apaixonado pela maltratada praça, bem como, um matuto convicto e juramentado, mesmo tendo nascido e vivido na cidade de Maceió, compareci, assiduamente, à feira, e, às noites, assisti a todos os shows.
Nessa edição da feira, me surpreendi com um show também no sábado à noite, onde se exibiram, o grande Chau do pife e a banda de forró “Nó cego”. Nas noites anteriores já tinham se apresentado, “Guga” e Geraldo Cardoso. Foram apresentações riquíssimas. A plateia formada por pessoas de diversas classes sociais, bebeu e dançou, animadamente, a noite toda de maneira comportada até o final da festa.
Observando aquele grande número de pessoas de todas as idades e classes sociais, inclusive os sem teto que moram na praça, juntas, se divertindo, uma boa parte consumindo cervejas, sem a vigilância de qualquer policial, durante os quatro dias. Aí, fiquei meditando sobre duas coisas: primeiro, por que aquela multidão, mesmo composta por muitas pessoas sem uma formação escolar formal, consumindo bebidas alcoólicas, escutando e dançando, sambas, forrós, xotes e baiões, não entraram em conflito, como acontece em outros eventos frequentados por jovens de classe média e alta, onde se toca as chamadas “músicas” da moda? Vi, muitos universitários ligados aos movimentos populares, misturados às pessoas mais simples e aos moradores das circunvizinhanças da praça, convivendo harmoniosamente, como deveria sê-lo sempre em todos os locais; naquele lugar, naqueles dias, não havia ninguém com medo de assaltos ou qualquer outro tipo de violência tão comuns hoje em dia, principalmente, quando têm aglomerações.
Depois, já acostumados a vermos diariamente aquele logradouro abandonado, sujo, ocupado de forma subalterna, e, naqueles dias, vê-lo com vida, voltando a ser frequentado pelas famílias e transformado numa área de lazer, desenvolvimento econômico e, principalmente, social, fiquei “matutando”: “Por que, em mais uma prometida reforma da praça, não se transformaria aquele espaço, em um importante centro cultural?” Temos a certeza que, à exemplo do que acontece durante as feiras campesinas, aquele local poderia ser transformado num imenso centro de convenções ao ar livre!  Ali, como a área da antiga praça é muito grande, poderíamos dividi-la em vários espaços, cada um voltado para uma atividade cultural e esportiva - quadras de esportes, pistas de bicicross, pista de atletismo, e, um grande palco onde se efetivaria os eventos que já acontecem durante as feiras camponesas. O velho panteon, rico monumento até hoje usado para fins escusos, no centro da saudosa praça, poderia ser utilizado como um espaço para exposições de trabalhos ligados à nossa rica cultura nordestina, à exemplo de cordéis, artesanatos, lançamentos de livros e etc.
Esperamos que o nosso digníssimo prefeito, ao contrário de seus muitos antecessores, cumpra a sua promessa! Devolvendo a nossa praça restaurada, e, que os nossos intelectuais e amantes da cultura nordestina, Intervenham! Ajudando a transformá-la num grande centro cultural, afinal, a praça está cercada por valiosos monumentos históricos e por importantes figuras da nossa rica cultura.

2 comentários:

  1. Caro amigo,

    Como dizem, concordo em gênero, número e grau com o seu desejo de ver revitalizada a Praça Afrânio Jorge, a nossa "Praça da Faculdade". Para quem não sabe, ali funcionava a Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas, daí o apelido da praça.
    Foi nela que a juventude de antigamente brincava, paquerava e namorava, principalmente na época natalina. Muitos casamentos começaram ali...
    Quanto à feira, nunca fui e nunca irei, mesmo que os preços sejam convidativos e os produtos de boa qualidade. Não consigo tirar da mente que as bandeiras vermelhas, que ali são hasteadas, são patrocinadoras de invasões de terras, desrespeitando o direito de propriedade. Entendo que comprando ali, estou contribuindo financeiramente para novas invasões. A Reforma Agrária deve acontecer, mas ordeiramente.
    Assim penso.
    Abraço.

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  2. Toda a minha adolescência foi usufruindo o lúdico da Praça da Faculdade (Praça Afrânio Jorge), desde o campo (fui do juvenil do Universal, do mestre Manu) às festas fantásticas de final de ano. Lá conheci minha esposa com quem vivo há 51 anos. Anos atrás fui ver o seu estado caótico e me prometi não mais retornar. Muito bom o seu artigo. Só discordo da Reforma Agrária. Nada mais é que um engodo.

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