quarta-feira, 16 de setembro de 2015

O ESCRITOR DIFERENCIADO CHICO XAVIER

Texto de Luiz Ferreira da Silva
 ENGENHEIRO AGRÔNOMO E ESCRITOR

Sempre ouvi de muitas pessoas referências sobre o médium Chico Xavier. Todos enaltecendo as suas qualidades, cujos depoimentos davam conta da generosidade, transmitindo paz e emoções àqueles que lhe procuravam. E em um ponto frisavam a sua obstinação em praticar a caridade. Aliás, o mote principal da sua Doutrina, o Espiritismo, que ele professava com muita dedicação.
Mesmo não sendo espírita e, tampouco religioso praticante, mas apenas seguidor dos ensinamentos de Cristo, tendo-os como filosofia de vida, passei a me interessar sobre a sua vida. Li alguns livros e assisti ao filme sobre a sua trajetória aqui na terra. Muito pouco para entender um homem dessa estirpe!
Como pretenso escritor, fiquei impressionado com a quantidade de livros publicados - 412. Fantástico em termos mundiais de produção literária.
Segundo Chico, apenas escrevia o que os seus guias espirituais lhe ordenavam e que ele não era autor de nada, mas aqueles que usavam as suas mãos. Seja o que for e não vou discutir isso e nem tenho capacidade de fazê-lo, não posso deixar de registrar a raridade.
Veja bem, prezado leitor. Um simples servidor público do Ministério da Agricultura, sem formação técnica ou intelectual, escrever com tal desenvoltura, produtividade e saber, vendendo 40 milhões de exemplares, com tradução em 33 países, além de 30 editados em braile.
Sabe o que isso significa em ganhos de capital? Por baixo - R$ 8,00 de direitos autorais por obra - um montante de 320 milhões de reais; uma fortuna, pois.
Agora, pasme! Morreu pobre em sua humilde casa no interior de Minas Gerais numa cama estreita. Só que arrodeado de amigos e admiradores, com todo o conforto espiritual, carinho e gratidão, diferentemente dos ricos avarentos que, em sua maioria, amealharam bens por vias indecorosas.
Mas o que houve? Ele estourou a dinheirama em farras, noitadas, mulheres, no jogo? Pasme outra vez! Destinou tudo às obras de caridade e, até hoje, mesmo depois da sua morte, ainda contribui através delas, que continuam vendáveis.
Ele, também sem nada cobrar, tinha uma maneira consoladora para os que perderam entes queridos, escrevendo cartas que atribuía aos desencarnados, utilizando da psicografia.
Também, como fiz anteriormente, não vou discutir esse seu dom mediúnico, mas há um registro a favor do seu mérito. Refiro-me a aceitação por um corpo de jurados de uma carta psicografada, na qual a vítima que morrera atestava a inocência do acusado, cuja assinatura fora confrontada com a sua carteira de identidade pelo Juiz, sendo absolvido o réu.
Mesmo fazendo o bem sem se importar a quem, fora contestado e perseguido, cognominado até de charlatão, sobretudo por fanáticos religiosos.
Então, pelo que o Chico Xavier representou para o seu tempo e continua vivo no coração de muitos, espíritas ou não, só tenho que lhe reverenciar (meu lado de pretenso escritor); bater palmas (lado humano); e aplaudir de pé (lado solidário), sobretudo na nossa atualidade dominada pelo culto ao individualismo, à mediocridade, ao deslumbramento desvairado, ao valor dos bens materiais e ao mercantilismo religioso.
Maceió, 27 de maio de 2014.

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